Missão |
Padre Manuel Augusto, Comboniano
Uma vida dedicada à Missão e às surpresas de Deus
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O Pe Manuel Augusto Lopes Ferreira, missionário comboniano, nasce a 20 de Janeiro de 1950, em Arcozelo das Maias, concelho de Oliveira de Frades, diocese de Viseu.

 

A primeira missão

A sua primeira «missão» foi o trabalho nas revistas missionárias, editadas em Portugal pelos Missionários Combonianos. "Fui destinado às revistas Além-Mar e Audácia ainda não tinha acabado os estudos teológicos. Em Portugal viviam-se anos de mudança, com a revolução de 25 de abril de 1975, e havia urgência no trabalho das revistas. Vim de bom ânimo e contente com esta primeira missão. Em Roma, em plena juventude e naqueles tempos de intenso espírito renovador do pós-concílio, também sentíamos muito a urgência de arregaçarmos as mangas e nos atirarmos ao trabalho apostólico." Esteve nas revistas durante oito anos, até 1983. Os tempos eram difíceis, o trabalho intenso, mas não faltaram as satisfações. Primeira, a de poder dar a conhecer o trabalho dos missionários combonianos portugueses em África e nas Américas: nesses anos houve um grande número de combonianos portugueses que partiram para a África (Moçambique, RD Congo, Uganda, Quénia…) e o Pe. Manuel Augusto propôs-se a visitá-los e trazer para as páginas das revistas o seu trabalho e o seu testemunho missionários. "Depois, tive a satisfação também de poder escrever sobre o caminho da Igreja em Portugal e no Mundo, tanto nas páginas da Além-Mar como nas páginas do semanário Expresso, de quem entretanto me vim a tornar colaborador habitual. Por último, tive também a satisfação de acompanhar de perto a trajetória do pontificado do Papa João Paulo II, acompanhando-o como jornalista nalgumas das suas primeiras viagens (México, Brasil, Portugal…).

 

Batismo de África

Os Combonianos estão muito ligados a África. "Ainda estudante, eu tinha feito um estágio, no verão de 1975, na República Centro Africana, que foi o meu «batismo africano». E a hora da minha destinação à África, da minha segunda missão, veio em 1984, ao Quénia. " O Pe. Manuel foi colocado, inicialmente, numa missão no bairro de lata de Kariobangui, nos arredores de Nairobi. Mas logo depois teve que repartir o tempo entre uma comunidade de Irmãos Missionários Combonianos em formação e a ajuda pastoral na paróquia. Esta descoberta da África urbana e suburbana impactou-o muito e fez dissipar todas as ideias idílicas sobre o continente e confrontar um mundo de injustiças e desigualdades: a pobreza e as condições de vida das crianças, dos jovens, das mulheres no bairro de lata tornavam urgente uma transformação social inspirada pelo Evangelho. "A formação dos Irmãos Missionários procurava responder às exigências dessa transformação social, já que eles se preparavam para serem missionários em África, atentos às necessidades das pessoas e da sociedade, inspirados na visão de Daniel Comboni”.

 

A surpresa da Ásia

"Pensava eu que, sendo comboniano, os horizontes da minha missão coincidiriam com os da realidade africana. Mas, em 1988, houve nova surpresa. De Roma, os Superiores pediam-me para fazer parte do primeiro grupo de Missionários Combonianos que rumavam para a Ásia, em obediência à decisão do Capítulo que tinha decidido uma abertura missionária neste continente. A mim pedia-se que começasse uma revista missionária, em Manila, nas Filipinas. A ida para Manila e o lançamento da revista Missionária World Mission (Missão Universal) abriu-me à vida da Igreja na Ásia, no continente das grandes religiões e da missão cristã entendida e vivida mais como presença, testemunho, diálogo de vida e de fé. Foi uma graça para mim conhecer as Igrejas da China, da Coreia, do Japão, da Tailândia e da Indonésia, para além da igreja Filipina, conhecimento feito de viagens e reportagens, com que cada mês a World Mission procurava levar uma visão missionária aos seus leitores. Estive em Manila, nesta missão «jornalística» até 1995, e, em 1996, regressei a Portugal como superior provincial.

 

Tapar buracos

Pensava o Pe. Manuel Augusto que ficaria em Portugal pelo menos por três anos, o tempo que duram os mandatos provinciais. Mas, entretanto, em 1997 houve Capítulo Geral em Roma, onde acabou por ficar para tapar o buraco que o Capítulo abriu ao não reeleger o Superior Geral. "Como superior geral, o desafio foi acompanhar a caminhada dos missionários combonianos no mundo, coordenar o serviço missionário que eles prestam a Deus e às igrejas locais onde estão presentes. Foram seis anos de intenso serviço, que me levaram a conhecer pessoalmente todos os missionários combonianos, no terreno da sua missão e das suas canseiras, em países diversos, muitos deles com condições de vida difíceis, na África, nas Américas, na Europa, na Ásia. Foi este acompanhamento dos missionários no terreno, o aspeto do trabalho de superior geral que mais me enriqueceu. Não sei avaliar se dei muito ao instituto como superior geral, mas sei que recebi muito dos meus colegas, da sua paixão e coragem missionárias.

 

Soldado raso

"O mandato do Superior Geral dura seis anos e, no capítulo de 2003, não procurei reeleição. Voltei soldado-raso à Ásia, a Manila, até 2006, ano em que me ofereci para apoiar o grupo dos Missionários Combonianos que, desde Macau, trabalham em favor da Igreja na China. A minha oferta acabou por não ser aceite e o Superior Geral pediu-me para regressar à Além-Mar, em Agosto de 2006." O Pe. Manuel Augusto voltou, assim, algo inesperadamente, à sua primeira missão. A paixão de servir a missão, do seu instituto e da Igreja em Portugal. "Fazer a Além-Mar alimentou-me durante estes oito anos, durante este período da minha vida missionária que está para terminar agora em julho. Depois de algum tempo de paragem, estarei de novo aberto às surpresas de Deus, que os superiores me farão conhecer, continuando a pensar na Igreja na China, a quem dedico o último número da Além-Mar (Julho/Agosto 2014) que coordeno como diretor."

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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