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A. Pereira Caldas
Esperança

Nestes tempos conturbados que assolam grande parte do mundo e regem, por isso, a vida de milhões de pessoas, a esperança ganha foros de essencial. É a arma mais poderosa, senão mesmo a única, capaz de fazer frente à violência física e psicológica, à destruição ou, o que é pior, à inversão de valores fundamentais da existência humana, à terrível incapacidade de amar, geradora de todos os conflitos, de todas as injustiças e desigualdades.

Ou, por outras palavras, uma arma capaz de impedir que o horizonte do amanhã se transforme num imenso crepúsculo a diluir-se, irremediavelmente, em longas noites que não encontram as madrugadas.

Mas a esperança não nasce de geração espontânea nem cresce por obra do acaso. Procura-se e constrói-se, momento a momento, degrau a degrau, pela força da vontade – da vontade ancorada na convicção individual e colectiva de que sem esperança a vida se esvai, oca de sentido e de rumo, perdida no turbilhão da realidade quotidiana.

Haja, então, quem tenha a força e a capacidade de transmitir a esperança. Por palavras ou por actos. E haja também quem saiba tirar o máximo partido do crescente poder das novas tecnologias da comunicação e dos seus meios quase ilimitados para levar o mais longe possível e ao maior número de pessoas a certeza de que a esperança não é uma utopia e continua bem viva, ao alcance de quem a tenha perdido. Ou esquecido, por entre os pedaços de desespero em que aquela vida se terá desfeito.

Papel de fundamental importância na construção e difusão da esperança, tem, neste quadro cada vez mais complexo, a Igreja Católica. Desde a Hierarquia a cada um de nós, os seus membros. Ou não fosse cada página do Evangelho, cada palavra e cada passo de Cristo na terra, cada acto dos seus Apóstolos um verdadeiro hino à esperança. Talvez mesmo a uma esperança sempre renovada, mais funda e mais forte, porque radicada na Fé.

Certamente haverá, por diferentes motivos, quem desista de ter esperança. Dia após dia, ela torna-se para esses homens e mulheres algo que passa – ou passou – pelas suas vidas sem deixar rasto. Algo em que já não acreditam, em que já nem vale a pena pensar.

É um erro. É sempre um erro alguém deixar-se afundar nesse cepticismo puro e duro. A esperança é, afinal e em todas as circunstâncias, um pilar da vida. Não deve, não pode, ser destruída.

E se o for, se a esperança for destruída, então isso significa que estará a fechar-se ao mundo a última porta aberta para o futuro.