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A uma janela de Roma
Reforma da Cúria e assuntos económicos em reflexão
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O Papa reuniu-se com o Conselho de Cardeais. Na semana em que recebeu os novos reis de Espanha, Francisco dirigiu-se aos bispos e convidou católicos e ortodoxos a olharem-se com “olhos da fé”. Foi publicado o documento que antecipa o Sínodo sobre a Família.

 

1. Reiniciaram-se esta terça-feira, dia 1 de julho, as reuniões do Papa Francisco com o Conselho de Cardeais. Os quatro dias de trabalho, que vão durar até esta sexta-feira dia 4, podem vir a ser decisivos para a reforma do governo central da Igreja. Os oito cardeais conselheiros – mais o nono membro, que é o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé – têm vindo a debater os principais temas da organização e da missão da Igreja e estão a preparar uma síntese. É a quinta vez que se reúne o chamado ‘C8’ – o conselho dos 8 cardeais – agora C8 + 1. A agenda dos trabalhos inclui a reforma da Cúria e assuntos económicos. Apesar de estas reformas terem sido pedidas pelo Colégio dos Cardeais ainda antes do Conclave que elegeu Francisco, o emagrecimento da Cúria não tem sido fácil, considerando a sua pesada e lenta estrutura. O mais provável é que nestes dias se estudem soluções para reorganizar departamentos, comissões e conselhos pontifícios, com vista à maior racionalização dos serviços e agilidade entre o Vaticano e os episcopados locais – no fundo, entre o centro da Igreja e as suas periferias. O dia de sexta-feira será dedicado inteiramente a assuntos económicos e financeiros do Vaticano.

No dia em que se iniciaram as reuniões do ‘C8’, o Vaticano condenou o assassinato de três jovens israelitas sequestrados a 12 de junho, no sul da Cisjordânia, e apresentou as condolências do Papa às famílias das vítimas. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, publicou uma declaração escrita em que condena uma “notícia terrível e dramática, um crime execrável e inaceitável”.

 

2. Na primeira viagem como novos reis de Espanha, Felipe VI e Letizia foram recebidos esta segunda-feira, dia 1 de julho, pelo Papa, no Vaticano. O encontro com Francisco durou cerca de 40 minutos e serviu para renovar o convite ao Papa para que visite Espanha no próximo ano, por ocasião dos 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Ávila. Letizia ia vestida de branco, um privilégio concedido às rainhas dos países católicos, uma vez que a regra é vestir de negro nas audiências com o Papa. No encontro, na biblioteca do Vaticano, falou-se em espanhol, com sotaque castelhano e argentino, em clima de grande cordialidade. A Santa Sé considera que a visita reforça os laços existentes entre o Vaticano e a Espanha. A visita de Felipe VI, a primeira ao estrangeiro desde que sucedeu a Juan Carlos, não foi consensual entre a opinião pública espanhola. Os críticos consideram que o facto de visitar o Vaticano em primeiro lugar pode ser entendido como um gesto político para compensar a total ausência de símbolos religiosos na sua proclamação.

 

3. O Papa Francisco perguntou, na manhã de Domingo, aos bispos do que é que têm medo e, mais especificamente, onde é que procuram refúgio dos medos que sentem. Na Missa da Solenidade de São Pedro e de São Paulo, durante a qual o Papa impõe o pálio aos novos arcebispos, Francisco deixou a questão aos presentes: “Nós, amados Irmãos Bispos, temos medo? De que é que temos medo? E, se o temos, que refúgios procuramos, na nossa vida pastoral, para nos pormos a seguro? Procuramos porventura o apoio daqueles que têm poder neste mundo? Ou deixamo-nos enganar pelo orgulho que procura compensações e agradecimentos, parecendo-nos estar seguros com isso? Onde pomos a nossa segurança?”, questionou o Papa. Para responder à questão, Francisco recorreu precisamente ao exemplo do apóstolo São Pedro, o primeiro Papa a quem Jesus confiou a missão de sustentar a Igreja. “O testemunho do apóstolo Pedro lembra-nos que o nosso verdadeiro refúgio é a confiança em Deus: esta afasta todo o medo e torna-nos livres de toda a escravidão e de qualquer tentação mundana”.

Já depois de concluída a Missa, o Papa rezou a oração do Angelus, findo o qual recordou de forma especial o sofrimento do povo iraquiano: “As notícias que chegam do Iraque são infelizmente muito dolorosas. Uno-me aos bispos do país que apelam aos governantes, para que através do diálogo se possa manter a unidade nacional e evitar a guerra. Estou próximo dos milhares de famílias, especialmente cristãs, que tiveram de deixar as suas casas e que correm grave perigo. A violência gera outra violência; o diálogo é a única via para a Paz”.

 

4. O Papa Francisco convidou, no passado dia 28 de junho, católicos e ortodoxos a olharem-se com “olhos da fé” para poderem continuar na rota do diálogo ecuménico, rumo à unidade plena. As palavras do Papa foram proferidas diante uma delegação da Igreja Ortodoxa, enviada pelo Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla. Tradicionalmente Constantinopla e Roma enviam delegações uma à outra para assinalar as festividades dos respetivos santos padroeiros. O dia de Santo André, padroeiro de Constantinopla, é 30 de novembro, e no passado sábado, 28 de junho, festejou-se o dia de São Pedro e de São Paulo. “Sabemos que a unidade é um dom de Deus, um dom que mesmo agora o Altíssimo nos concede a graça de obter quando, pelo poder do Espírito Santo, optarmos por olhar-nos com os olhos da fé para nos vermos como somos verdadeiramente no plano de Deus, de acordo com os desígnios da sua eterna vontade, e não como aquilo em que nos transformámos em resultado das consequências históricas dos nossos pecados”, explicou o Papa.

 

5. Foi publicado pelo Vaticano o documento de trabalho que antecipa o Sínodo sobre a Família (disponível em http://goo.gl/So7q9F). O ‘Intrumentum Laboris’ recolhe dados, testemunhos e sugestões enviados pelas dioceses, paróquias, movimentos e comunidades de todo o mundo católico, em resposta ao questionário enviado pela Santa Sé, no passado mês de novembro, com perguntas relativas ao matrimónio, família e educação cristã. O resultado desta consulta é um texto de 44 páginas, estruturado em três partes que vão ser amplamente desenvolvidas nos trabalhos do próximo Sínodo de Outubro, em Roma: ‘O Evangelho da família nas circunstâncias atuais’; ‘A Pastoral Familiar face aos novos desafios’; e ‘A responsabilidade dos pais e abertura à vida’.

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