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A uma janela de Roma
“Humildemente, peço perdão”
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O Papa Francisco encontrou-se com vítimas de abusos cometidos por clérigos. Na semana em que o Banco do Vaticano foi notícia, o Papa falou de pobreza, visitou o sul de Itália e recordou Lampedusa, um ano depois.

 

1. Angústia e dor do Papa Francisco pela traição de sacerdotes e bispos que abusaram de crianças inocentes – um sofrimento incompreensível, ainda por cima escondido com a cumplicidade sem explicação. O Papa pediu perdão pelos abusos cometidos por membros da Igreja e pela forma como esses crimes foram encobertos por membros da hierarquia, durante o seu encontro com seis vítimas, no Vaticano, na passada segunda-feira, dia 7. Atos condenáveis e sacrílegos que profanam a imagem de Deus. É preciso que a Igreja chore e repare estes atos execráveis cometidos contra meninos e meninas inocentes – atos que deixam marcas para toda a vida e cujas feridas já levaram ao suicídio, ao recurso a estupefacientes e tantos danos de ordem psicológica. “Perante Deus e o seu povo, exprimo a minha dor pelos pecados e graves crimes de abuso sexual cometidos pelo clero contra vós e, humildemente, peço perdão”.

Francisco agradeceu a coragem que estas e outras vítimas tiveram em revelar a verdade, permitindo assim trazer à luz uma escuridão tão terrível na vida da Igreja e reafirmou a tolerância zero para crimes deste tipo. O Papa pediu também ajuda às vítimas presentes para delinearem medidas que ajudem a Igreja a proteger os menores e à formação de responsáveis para as implementar nas dioceses.

O Papa celebrou uma Missa privada em Santa Marta para os três homens e três mulheres e, depois, encontrou-se durante 30 minutos com cada um em privado. Por respeito à privacidade das pessoas envolvidas, o Vaticano não revelou detalhes do encontro, nem a identidade das vítimas, mas o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé disse que as seis pessoas estavam visivelmente comovidas com o encontro. O padre Federico Lombardi considerou ainda que a homilia do Santo Padre na Missa foi “muito forte”. De resto, sabe-se apenas que as vítimas são dois alemães, dois britânicos e dois irlandeses.

Após este primeiro encontro, Francisco manifestou o desejo de prosseguir novos encontros deste tipo, ficando agendada uma nova reunião para o próximo mês de outubro.

 

2. A operação de ‘limpeza’ do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido oficialmente como o Banco do Vaticano, custou à instituição praticamente todo o lucro previsto para o ano de 2013. No documento de relatório e contas, apresentado esta terça-feira, o presidente da IOR, que cessa agora funções, explica que “este processo doloroso mas necessário abre as portas para um novo futuro, mais descomprometido”. Na quarta-feira, o Banco do Vaticano tem um novo presidente, o francês Jean-Baptiste de Franssu, e foi anunciado a criação do cargo de auditor-geral da instituição, para garantir a transparência das suas operações financeiras.

Neste mesmo dia, a Santa Sé anunciou a nomeação de Chris Patten, ex-director da BBC e actual reitor da Universidade de Oxford, para supervisionar a reforma das comunicações sociais da Santa Sé.

 

3. O Papa Francisco criticou no passado Domingo a indiferença a que são votados os mais pobres e abandonados. Durante a habitual oração do Angelus, o Papa condenou uma economia que “explora o homem”. “Nos países mais pobres, mas também nas periferias dos países mais ricos, encontram-se muitas pessoas cansadas e desanimadas, sob o peso insuportável do abandono e da indiferença. Nas margens da sociedade, são muitos os homens e as mulheres provados pela indigência, mas também pela insatisfação da vida e pela frustração”, disse Francisco.

 

4. O Papa Francisco encontrou-se na manhã de sábado, 5 de julho, com residentes da região de Campobasso, uma zona pobre de Itália. Numa região onde há muito desemprego, Francisco voltou à questão pela qual já revelou uma grande preocupação, realçando não o aspeto económico da questão, mas o da dignidade: “Não ter trabalho não é tanto o não ter o necessário para viver, o não ter comida todos os dias. Aí vamos pedir à Cáritas, a outras instituições, porque precisamos de comer. Mas esse não é o problema. O problema é não levar pão para casa! É esse o problema, e isso tira a nossa dignidade”. Em conversa com trabalhadores, o Papa questionou também a “liberdade” de se poder trabalhar ao Domingo, deixando claro que o mais importante não deve ser o critério da produtividade. “A questão do trabalho ao domingo não interessa só aos crentes, mas interessa a todos como opção ética. A pergunta é: a que coisa queremos dar prioridade? O Domingo livre do trabalho, com exceção dos serviços necessários, existe para afirmar que a prioridade não está no económico mas o humano, no gratuito, nas relações não comerciais mas familiares, de amizade, para os crentes na relação com Deus e com a comunidade. Chegou talvez o momento de nos perguntarmos se trabalhar ao Domingo é uma verdadeira liberdade”, afirmou.

A visita do Papa prosseguiu durante este dia, com visita à Diocese de Abruzzo e Molise, no sul de Itália, onde desafiou os jovens a deixarem uma marca no mundo.

 

5. O Papa lamenta os inúmeros dramas da imigração e as "tragédias que se sucedem a um ritmo rápido", numa mensagem enviada ao Bispo da ilha de Lampedusa, no Sul de Itália. "Um ano depois, o problema da imigração está a agravar-se e outras tragédias têm sucedido a um ritmo rápido", escreveu Francisco numa mensagem enviada um ano após a visita que realizou àquela ilha. "O nosso coração tem dificuldade em suportar a morte dos nossos irmãos e irmãs que enfrentam viagens extenuantes para fugir de dramas, da pobreza, das guerras, dos conflitos, muitas vezes ligados a políticas internacionais", referiu.

Francisco esteve na ilha de Lampedusa no dia 8 julho de 2013, onde prestou homenagem às centenas de migrantes oriundos de África mortos quando tentavam atravessar o Mediterrânico em busca de uma vida melhor. As autoridades italianas resgataram e identificaram mais de 70 mil imigrantes ilegais nos últimos oito meses, que tentavam entrar na Europa vindos da região do Magrebe e da África subsariana.

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