Isabel Lacerda nasceu no Porto, mas cedo se mudou para Lisboa com a família. Aqui cresceu, estudou e conheceu a espiritualidade inaciana, que hoje vive em cada dia.
“Quero escrever a minha história só na mente de Deus”
Quando propusemos à Isabel Lacerda publicar o seu perfil, houve um primeiro momento de hesitação. Rapidamente lhe veio à memória a frase de Santa Rafaela Maria, fundadora da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, e que é para Isabel modelo de seguimento de Jesus Cristo, que diz: “Quero escrever a minha história só na mente de Deus”. É deste desejo que Isabel Lacerda parte, mas também consciente que a comunidade cristã cresce com os testemunhos e partilhas de todos. Foi com esta abertura que, “pedindo a graça da simplicidade, conto os principais traços do meu percurso de vida cristã e, agradecendo, recordo todas as pessoas que me ajudam a seguir Jesus, porque não é possível ser cristão sozinho”.
Servir Jesus no cuidar
Com 16 anos, Isabel Lacerda deu início aos seus estudos no ensino secundário, optando pela área de Humanidades. Pensava vir a ser psicóloga ou professora. Terminado este seu percurso e aproximando-se a hora de entrar no ensino superior, muda de área académica e candidata-se ao curso de enfermagem, que integra em 2006. Durante o período em que frequentou o curso “vivi um tempo marcado por uma constante inquietação, pela tensão vivida entre a procura do que seria a minha missão e o encontro no dia-a-dia de oportunidades concretas de amar e servir Jesus vivo nos doentes, nas famílias, nos meus colegas e professores. Fui aprendendo com todos eles a ser enfermeira, promovendo, através do cuidar, a dignidade e autonomia de outros”, conta-nos.
Partir em missão?
Ao mesmo tempo que frequentava o curso de enfermagem, participou em diversas iniciativas de voluntariado. Trabalhou no Bairro da Fonte da Prata, na Assistência de Santos, em campos de férias da Associação Gambozinos e em explicações no Pragal. “Mais do que as experiências vividas, guardo a memória de todas as pessoas, de idades variadas e origens diferentes que foram entrando na minha vida”, recorda. Em 2009, inscreveu-se na formação de voluntários, promovida pelos Leigos para o Desenvolvimento, ONGD católica que promove o desenvolvimento integral e integrado de pessoas e comunidades de países em desenvolvimento e de Portugal. Durante um ano letivo, Isabel Lacerda foi discernindo a sua vocação e a sua opção por partir numa missão ad gentes. “Durante a formação aprendi a valorizar, respeitar e crescer com a diferença entre as pessoas.” Acabou por decidir “não partir, mas ficar em missão”, afirma.
Ser enfermeira
Desde muito cedo, que Isabel Lacerda mantém uma grande proximidade com as Irmãs Escravas do Sagrado Coração de Jesus, identificando-se profundamente com esta espiritualidade, que procura viver diariamente como leiga. E é tendo a espiritualidade inaciana como forma de integração de Deus na vida de todos os dias que Isabel começa, em 2013, a trabalhar como enfermeira, numa unidade de psicogeriatria. Aqui, desperta para a importância dos cuidados competentes e de qualidade às pessoas com deficiência intelectual e doença mental. “Durante seis meses recordei a importância de nos sabermos frágeis e sair constantemente de nós mesmos ao encontro dos outros”, diz-nos.
Missão em Portugal
Em fevereiro deste ano, Isabel foi convidada a integrar o projeto aTerra, como dinamizadora de atividades de sensibilização e mobilização de jovens no concelho de Ourém. “Este convite veio ao encontro de um desejo profundo de missão num estilo de vida simples e em Portugal”, afirma com entusiasmo. O projeto aTerra – Políticas Globais e Estratégias Locais para o Desenvolvimento Sustentável nasce da iniciativa da FEC – Fundação Fé e Cooperação, em parceria com a Associação Casa Velha (Associação sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento humano integral através do encontro com Deus, consigo próprio e com a natureza), Ouremviva (Empresa da Câmara Municipal de Ourém) e a Organização Não Governamental ACTUAR. É financiado pelo Programa Cidadania Ativa, do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Sobre esta iniciativa, Isabel revela que se sente “enviada em missão cada dia e empenhada em trabalhar pelo Bem Comum. ‘Estou neste mundo como num grande templo’, é uma outra frase de Santa Rafaela Maria que me tem acompanhado durante este trabalho na Associação Casa Velha, porque me sinto a colaborar num Projeto maior que os meus, num concelho que não é o meu, num mundo que aprendo a contemplar e a amar.”
A finalizar, Isabel Lacerda afirma com convicção: “Não sei o que se segue, nem consigo dizer com clareza por onde estou a ir. Sei com Quem vou e isso basta-me, por isso sei que não estou perdida, mas em contínua busca e encontro da vontade de Deus. Estou assente no Senhor e isso é o que preciso para poder avançar e seguir a missão que Ele me vai confiando cada dia”.
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|