‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii Gaudium’ (nº 275 a 288) – Capítulo V
A ação misteriosa do Ressuscitado e do seu Espírito
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A terminar este quinto e último capítulo da Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, o Papa Francisco recorda que há algumas pessoas que não se dedicam à missão porque “creem que nada pode mudar e assim, segundo elas, é inútil esforçar-se. Pensam: ‘Para quê privar-me das minhas comodidades e prazeres se não vejo algum resultado importante?’ Com esta mentalidade - sublinha Francisco -  torna-se impossível ser missionário”. Diante desta atitude pessimista o Papa jesuíta exorta: “No caso de pensarmos que as coisas não vão mudar, recordemos que Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente”.

A ressurreição de Jesus “é fonte profunda da nossa esperança” e “não é algo do passado”, lembra Francisco observando que “contém uma força de vida que penetrou o mundo”. “É uma força sem igual”, acentua o Papa reconhecendo, no entanto, que “muitas vezes parece que Deus não existe”. “Vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não cedem. Mas também é certo que, no meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo, que mais cedo ou mais tarde, produz fruto”, garante. “Haverá muitas coisas más, mas o bem tende sempre a reaparecer e espalhar-se”, reforça. “Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo”.

Segundo o Papa Francisco, há outras dificuldades que aparecem, resultado de experiência do “fracasso, de mesquinhices humanas que tanto ferem”. Por vezes, também, “vem-nos a tentação de se dar por cansado”, quando “uma tarefa não dá as satisfações que desejaríamos, os frutos são escassos e as mudanças são lentas”. Todavia, destaca o Papa argentino, “não é a mesma coisa quando alguém, por cansaço, baixa momentaneamente os braços em relação a quem os baixa definitivamente, dominado por um descontentamento crónico, por uma acédia que lhe mirra a alma”. Porém, alerta o Papa, a fé significa também “acreditar nele, acreditar que nos ama verdadeiramente, que está vivo, que é capaz de intervir misteriosamente, que não nos abandona, que tira o bem do mal com o seu poder e a sua criatividade infinita”.

Segundo o Papa Francisco, a ressurreição de Cristo produz por toda a parte rebentos deste mundo novo. “Rebentos que nem sempre vemos”, observa, salientando que “precisamos de uma certeza interior”, ou seja, “de uma convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos”. No que diz respeito ao sentido da missão e ao que podem ser os esforços realizados, o Papa Francisco alerta para o facto de, por vezes, invadir-nos a sensação de não termos obtido resultado algum com os nossos esforços, mas a missão, adverte, “não é um negócio nem um projeto empresarial, nem mesmo uma organização humanitária, não é um espetáculo para que se possa contar quantas pessoas assistiram devido à nossa propaganda. É algo de muito mais profundo, que escapa a toda a qualquer medida”. Neste sentido Francisco explica: “O Espírito Santo trabalha como quer, quando quer e onde quer; e nós gastamo-nos com grande dedicação mas sem pretender ver resultados espetaculares. Sabemos apenas que o dom de nós mesmos é necessário”. Assim, continua o Papa, “para manter vivo o ardor missionário, é necessária uma decidida confiança no Espírito Santo”. “Não há maior liberdade do que a de deixar-se conduzir pelo Espírito, renunciando a calcular e controlar tudo, e permitindo que Ele nos ilumine, guie, dirija e impulsione para onde Ele quiser”.

 

A força missionária da intercessão

Para que se concretize esta evangelização a que Francisco alude é necessário incentivo e motivação e, segundo o Papa jesuíta, a oração de intercessão “é uma forma de oração que nos incentiva particularmente a gastarmo-nos na evangelização e nos motiva a procurar o bem dos outros”. “Interceder não nos afasta da verdadeira contemplação, porque a contemplação que deixa de fora os outros é um engano”, garante. “Quando um evangelizador sai da oração, o seu coração tornou-se mais generoso, libertou-se da consciência isolada e está ansioso por fazer o bem e partilhar a vida com os outros”, testemunha.

 

Maria, Mãe da evangelização

Os últimos artigos da Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ são dedicados à Mãe de Jesus, “Mãe da Evangelização”. Recordando que “juntamente com o Espírito Santo, Maria está sempre no meio do povo”, o Papa Francisco frisa que sem Ela, como Mãe da Igreja evangelizadora, “não podemos compreender cabalmente o espírito da nova evangelização”. Quando na Cruz, estando Maria e João a seus pés, Jesus diz a Maria: ‘Mulher, eis o teu filho’, e a João, ‘Eis a tua mãe’, estas palavras são “uma fórmula de revelação que manifesta o mistério de uma missão salvífica especial”, refere o Papa argentino. “Jesus deixava-nos a sua Mãe como nossa Mãe”. “Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe”, sublinha.

Caracterizando Maria como aquela que “sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura”, Francisco destaca Maria como a “Mãe de todos”, “sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça”. A Maria, a “Mãe do Evangelho”, o Papa Francisco pede a intercessão para que o convite “para uma nova etapa da evangelização seja acolhido por toda a comunidade eclesial”. Que Maria nos ajude “a anunciar a todos a mensagem de salvação” e que os novos discípulos se tornem comprometidos evangelizadores”, roga o Papa.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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