Doutrina social |
Dia Internacional da Paz
O direito dos Povos à paz
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Sob este lema nos foi proposto pelas Nações Unidas celebrar o Dia Internacional da Paz a 21 de Setembro. Quando constantemente entram em nossas casas, quase em tempo real, imagens da guerra que destrói vidas, elimina inocentes, reduz a pó o fruto de anos de sonhos e de trabalho, quando imagens do intolerável nos levam a pensar no regresso a um tempo que considerávamos passado, mais cruamente constatamos a negação desse direito à paz que a todos assiste.

 

Cada um coloca a sua pedra

É urgente e necessário tomar consciência de que a guerra não se pode varrer para debaixo do tapete e daí o imperativo de assumir que todos têm algo a dar por um mundo mais pacificado.

Um amigo que trabalha num movimento pela paz – Instruments of Peace – convidou-me a aderir a essa celebração, propondo que algo fosse feito, a começar pela oração. Estranho convite, porque à primeira vista posso ou podemos fazê-lo sem nos envolvermos minimamente na questão, como que se de um rito mágico se tratasse. Mas ele o justificava, dizendo que “a paz começa comigo; a paz começa dentro de mim”. Assim eles passaram os primeiros anos trabalhando “para dentro” (tomando consciência, refletindo, rezando); só depois se viraram “para fora”, organizando sinais de que a paz é necessária e possível. Dizia que no primeiro ano se limitaram a um evento de algumas horas; no ano seguinte já ocuparam um dia inteiro; a seguir um fim-de-semana; e neste ano já organizaram toda uma semana.

 

O coração do mal

Diante de uma guerra apoiada em meios poderosos e sofisticados o papel do indivíduo parece irrelevante. Trata-se, no entanto, de ir ao coração da questão, à raiz das guerras e da paz: o coração, ou se quisermos, a nossa cabeça. Escreve S. Tiago: “De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões?” (Tg 4,1). Coincide com o enunciado na Carta das Nações Unidas, que começa por confessar “a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana”. É doutrina constante dos últimos Papas afirmar a necessidade da paz e a inutilidade e perversidade da guerra. João Paulo II, no meio das razões em catadupa apresentadas para a justificação da guerra contra o Iraque, afirmava: “Toda a guerra é uma derrota para a humanidade”. O Papa Francisco não se tem cansado de o repetir. Há dias, na visita a um cemitério militar afirmou: “Por todos os mortos, por todas as vítimas da loucura da guerra de todos os tempos, a humanidade precisa de chorar”. No regresso da visita à Coreia afirmou, sem rodeios, que “é preciso travar” o que está a acontecer, explicitando que, com isso, de modo algum estava a sugerir qualquer tipo de intervenção bélica. Aliás o Mestre ensinara num momento sensível da sua missão – a prisão no Getsémani - que “quantos se servirem da espada morrerão à espada”(Mt.26,52).

 

Religião e Guerra

Na reflexão sobre a guerra presente, muito relacionada com a religião, há que ter bom senso e inteligência para não chegar a conclusões erróneas. A religião também entra no debate, mas não pode meter-se em atalhos e esquecer o caminho largo, nomeadamente os interesses económicos e estratégicos que estão em presença. Se os radicais utilizam armas tão poderosas e sofisticadas é porque alguém os ensinou a manuseá-las e, mais ainda, porque alguém fez negócio com a venda das mesmas. O espanto provocado pelos efeitos da guerra como que muda quando se vão descobrindo os meandros gananciosos dos bastidores: há sempre quem deseje a guerra, quem a fomente, para dela tirar proveito. O que seria do nosso mundo se os maiores da industria bélica reconvertessem a sua atividade em serviço ao bem-estar da humanidade? Só os Estados Unidos e a Rússia detêm mais de metade do mercado. E que dizer da China cujo crescimento no setor atingiu os 200 %? Meter o nome de Deus no meio dos negócios é inaceitável. Nestes dias, na Albânia, o Papa o referiu ao dizer: “Que ninguém pense tomar Deus por escudo, enquanto projeta e comete atos de violência e opressão!” E lamentou que alguns grupos façam das diferenças religiosas um “perigoso fator de conflito e violência” quando elas se podem transformar em “ocasião de diálogo aberto e respeitoso”.

texto por P. Valentim Gonçalves, CJP-CIRP
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