DOMINGO XXVII COMUM Ano A
"Ser-vos-á tirado o reino de Deus
e dado a um povo que produza os seus frutos."
Mt 21, 43
E ao terceiro domingo voltamos à vinha! É encantador como os evangelhos deste ano, em que somos guiados pelo evangelista Mateus, parecem seguir o ritmo das vindimas, pelo menos para o nosso país vinícola! Esta dura parábola dos vinhateiros que não retribuem ao senhor os frutos, e desatam a maltratar e a matar os enviados, culminando com a morte do filho, talvez tenha justificado alguma superioridade cristã sobre os judeus. Quem sabe se não ajudou a manter, na oração de sexta-feira santa, o título de “pérfidos judeus” que só S. João XXIII aboliu. O certo é que, nela, a tentação de nos julgarmos o tal “povo que produza os seus frutos”, pode originar algum equívoco. E dei-me a pensar se estaría(mos) a produzir os frutos que Deus quer, nesta vinha que é a vida nova com Cristo, nesta Igreja povo de Deus de que sou membro?
O mais fácil para não haver mudanças é encontrar algumas “muletas” que nos autojustifiquem: “bem, a crise também afecta a Igreja… há uma descristianização generalizada… os maus testemunhos afastam muitos… nós até vamos à missa e temos os meninos em colégios católicos… A maçonaria e os ateus é que dão cabo da religião…Isto agora com o Papa Francisco é que vai ser!” Sim, aqueles que não produziam os frutos eram os malvados judeus! Richard Branson, numa pequena conversa no Expresso de sábado passado, a propósito de “dizer mal dos outros”, conta: “Se dissesse um mexerico ou comentasse negativamente alguém, os meus pais mandavam-me para o espelho. Isso ensinou-me que olhar para nós no espelho durante cinco minutos não é muito agradável e ensinou-me a procurar o melhor nos outros, a elogiar as pessoas em vez de as criticar.” Pois é, este evangelho foi espelho para mim, e pergunto-me: diante de um cristianismo que dá poucos frutos, Deus não continuará a fazer o mesmo, a entregar a vinha/vida abundante a quem produza frutos de bondade e justiça? Quantas vezes não vislumbramos esses frutos onde e em quem menos esperamos? E como nos alegramos com isso? O senhor da vinha não manda matar os vinhateiros que amealharam para si ou não trabalharam o suficiente; pelo contrário, mostra que, com Ele, é possível produzir frutos abundantes, e isso traz alegria em vez de morte!
Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egídio, ao abrir as XI Jornadas de Teologia de Comillas alerta para o perigo da “religião do conformismo”, em particular no compromisso pela paz: “uma igreja que não se confronta com o problema da guerra e da paz é uma igreja introvertida”, pois a impotência para acabar com as guerras torna os cristãos “pessimistas, sem sonhos, resignados”. E conclui: “Estamos numa época democrática intimidada por essa nova religião do conformismo, do ‘não se pode fazer nada’, do ‘sempre foi assim’, e do medo.” Mas isso não tem nada a ver com os vinhateiros da parábola, pois não? E desde que haja missa ao domingo, e nos deixem fazer a festa do padroeiro cá vamos andando, não é?
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