Lisboa |
Igreja paroquial da Brandoa foi reaberta
Uma igreja renovada que projeta a evangelização
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É uma paróquia com quase 40 anos, que tem no padre Sidónio Peixe o pároco único até aos dias de hoje. A paróquia da Brandoa, na Amadora, viu a sua igreja paroquial com 25 anos ser totalmente remodelada, com o Patriarca de Lisboa a benzer o novo altar.

 

Um ano. Foi este o tempo que a igreja paroquial da Brandoa esteve fechada para obras. Agostinho Botelho, leigo da paróquia que foi o coordenador destes trabalhos de remodelação, sublinha ao Jornal VOZ DA VERDADE que desde a construção inicial, nos anos 80, a igreja “tinha algumas limitações”, que “não foi possível voltar atrás”. “Vivemos com essas limitações, mas sempre com o desejo de um dia podermos ter algo que se identificasse mais connosco. Como a igreja estava a necessitar de obras, interiores e exteriores, foi ponderada a alteração de todo o interior da igreja paroquial”, conta este leigo, destacando “o trabalho realizado com a equipa projetista”, bem como “o longo processo de reflexão que durou cinco anos”. “Os paroquianos estão muito satisfeitos com esta renovação da igreja paroquial. Aliás, a nossa preocupação com esta renovação foi a preocupação de sempre do pároco: a pessoa, o bem-estar de cada pessoa. Porque isso faz parte da evangelização”, garante Agostinho Botelho.

A história conta que a primeira pedra da igreja paroquial da Brandoa foi benzida por D. José Policarpo, então Bispo Auxiliar de Lisboa, no dia 12 de outubro de 1986. Menos de três anos depois desta cerimónia, a 1 de outubro de 1989, a nova igreja foi benzida e dedicada pelo Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro. Depois de todo este tempo, no ano em que a igreja celebra os 25 anos da dedicação, o pároco salienta que os atuais melhoramentos na igreja paroquial foram não só no interior como também nas fachadas e coberturas e nos espaços envolventes. “Foi um árduo e longo trabalho que contou com o empenho de muita gente que contribuiu para o bom êxito deste empreendimento”, refere ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Sidónio Peixe. “Peço a Deus e à padroeira desta paróquia, Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, a graça de fazerem deste templo material um instrumento eficaz na edificação da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, feita de pedras vivas, templo do Espírito Santo”.

A ‘nova’ igreja paroquial está situada na zona central da Brandoa e recebeu o Patriarca de Lisboa no passado Domingo, 28 de setembro, para a celebração de dedicação do altar, com D. Manuel Clemente a sublinhar “a remodelação importante do espaço litúrgico”. Da nova igreja paroquial da Brandoa, que agora tem uma capacidade de 600 lugares sentados, o Patriarca destacou o altar. “Em toda a liturgia do Concílio Vaticano II, o altar é um lugar altíssimo, de primeiríssima ordem, que nos toca profundamente”, frisou.

 

A evangelização, sempre

A Brandoa é uma terra da nova Freguesia da Encosta do Sol, no concelho da Amadora, à qual pertence também Alfornelos. Segundo os Censos de 2011, tem pouco menos de 18 mil habitantes, mas o pároco garante que este número é superior. “Acredito que tenhamos uma população superior a esse dado, porque há muita gente, sobretudo estrangeira, que não está recenseada, e há também pessoas que estão recenseadas noutros lados mas que entretanto se mudaram para cá”, observa o pároco, padre Sidónio Peixe, que chegou à Brandoa “no Verão quente de 1975” e foi – “até agora”, ressalva – o único pároco que esta terra conheceu.

Antes da chegada deste sacerdote, em 1968 a paróquia da Amadora à qual pertencia esta zona abriu um espaço de culto no rés-do-chão de um prédio na parte central da Brandoa. Anteriormente já era utilizado um pequeno anexo no alto da Brandoa, onde era celebrada uma Missa ao Domingo. Por decreto do Patriarcado de Lisboa de 12 de dezembro de 1975 foi criado o vicariato paroquial da Brandoa, ao qual foi dado como padroeira Santa Teresa do Menino Jesus. Esta zona foi, então, desanexada da paróquia da Amadora. Cerca de 11 anos mais tarde, em 17 de julho de 1986, a Brandoa foi elevada a paróquia, tendo mantido, ao longo destas quase quatro décadas, o mesmo pároco. “A minha principal aposta nestes 39 anos foi sempre a evangelização! Seguindo diversos caminhos, como a pastoral social, a pastoral litúrgica, a pastoral da evangelização”, frisa o padre Peixe.

 

‘Lançar’ os leigos

A (co)responsabilização dos leigos tem sido, segundo este sacerdote de 77 anos, um dos ‘segredos’ da sua vida como pároco. “As pessoas ficam muito admiradas com a quantidade de casais e jovens casais, famílias inteiras, que temos na paróquia a colaborar connosco, a ‘trabalhar’ nos CPM – Centros de Preparação para o Matrimónio, nos CPB – Centros de Preparação para o Batismo, na catequese, no acompanhamento de grupos de jovens…”, destaca o pároco, sublinhando: “Em tudo, temos de ser sinal e instrumento de evangelização”.

Na pastoral da evangelização, a catequese tem um peso grande, com mais de 450 crianças e adolescentes inscritos. Durante muitos anos, antes da construção da igreja paroquial e dos espaços anexos, a catequese era dada, aos fins-de-semana, nas salas das escolas primárias. “Na catequese, chegámos a ter mais de mil crianças. Atualmente, não é que a paróquia esteja menos viva; simplesmente, há muito menos crianças”, lamenta o padre Sidónio Peixe. Tal como acontece na paróquia vizinha de Alfornelos, que tem no padre Peixe o mesmo pároco, na Brandoa os jovens são acompanhados através dos chamados ‘Grupos Pós-Crisma’, que são garantidos por casais da paróquia. “Um dia por semana, à noite, em casa de cada casal, os 18 grupos da paróquia cumprem diversas etapas, com temas que vão estudando e rezando. Há também momentos de retiro e confissões”, explica este sacerdote.

 

A importância do Caminho

Nesta paróquia da Vigararia da Amadora têm particular destaque as catequeses de adultos, através do Caminho Neocatecumenal. “Temos 16 comunidades deste movimento, que chegou à paróquia em 1976, ou seja, no ano a seguir à minha chegada à Brandoa”, aponta o padre Peixe. A Brandoa tem também muitos leigos pertencentes ao Caminho Neocatecumenal que estão na chamada itinerância, um período de tempo que é passado fora, em missão. “Temos gente a viver noutras paróquias do Patriarcado, do país e até do mundo, como Austrália, Cabo Verde ou Alemanha”, conta. Agostinho Botelho, leigo da paróquia que pertence a este movimento, destaca que cada uma destas 16 comunidades do Caminho Neocatecumenal tem em média 35 a 40 elementos, entre os quais muitas crianças. “O peso do movimento na Brandoa é de tal modo que nós temos uma dificuldade, que é ao mesmo tempo uma benesse, na Vigília Pascal, em que não temos capacidade na igreja paroquial para receber toda a gente e portanto temos de organizar duas Vigílias Pascais em simultâneo: uma com mais de 600 pessoas na igreja e outra no salão, para mais de 400 pessoas”.

Esta paróquia, que tem atualmente um jovem no Seminário ‘Redemptoris Mater’ de Colónia, na Alemanha, pertencente ao Caminho Neocatecumenal, tem também alguns rapazes no Pré-Seminário e diversas raparigas na vida religiosa.

 

Olhar o outro

Na pastoral da caridade, o centro social paroquial tem as valências de creche, pré-escolar, ATL para crianças e adolescentes. Nos idosos, o centro social abrange todas as áreas, com lar para 60 residentes, apoio domiciliário, centro de dia e centro de convívio. “A Conferência de São Vicente de Paulo, que dá apoio a muita gente, e a pastoral da saúde são outros apoios que a paróquia presta”, refere o pároco, lembrando a “intensificação do trabalho sociocaritativo com a crise financeira dos últimos anos”. “Temos de estar atentos às necessidades, porque as pessoas aparecem-nos a bater à porta a pedir ajuda”, aponta o padre Peixe.

 

25º aniversário da dedicação

Na celebração do 25º aniversário da dedicação da igreja da Brandoa, no passado dia 1 de outubro, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes lembrou que “a partir do século IV, com o édito de Milão, o Imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, que imediatamente começaram a construir igrejas, espaços próprios para se reunirem, o que antes acontecia nas suas próprias casas”. Sublinhando que “nasceu assim o rito da dedicação das igrejas, uma festa marcada por uma enorme alegria”, D. Joaquim apontou que “desde então a dedicação de uma igreja sempre conservou este caráter festivo, e marcou de tal modo os cristãos, que eles passaram a celebrar o aniversário da dedicação das suas igrejas em cada ano”. A propósito daquele momento, o Bispo Auxiliar do Patriarcado recordou: “Também nós hoje celebramos o aniversário da dedicação desta igreja, totalmente remodelada, espaço de encontro com o Senhor e do Senhor com a comunidade; espaço de construção da igreja-comunhão com todos aqueles que aderiram ao Senhor Jesus pela fé e pelo Batismo e formam a comunidade dos discípulos, que confessam Jesus como seu Senhor e compartilham com Ele a vida e a missão”.

Sobre a padroeira da paróquia, D. Joaquim Mendes enalteceu o “excelente modelo de vida cristã” de Santa Teresa do Menino Jesus. “Que ao contemplar a imagem de Santa Teresinha cada vez que entramos na igreja reavivemos em nós este apelo à humildade evangélica, à confiança em Deus, ao acolhimento do amor que Deus nos oferece em Jesus, cada vez que celebramos o memorial da sua paixão, morte e ressurreição, na Eucaristia”, observou.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Filipe Teixeira
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