Ao falar de Missão aponta-se para uma atitude da pessoa que tem a consciência de que Deus vem ao seu encontro e ao mesmo tempo a convida a sair de si para ir ao encontro dos outros partilhando as razões da sua esperança. Como diz a Evangelii Gaudium ,“na Palavra de Deus aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes” (EG 20). Por isso “a alegria do Evangelho é uma alegria missionária” (EG 21).
O enviado que nos envia
A missão de Jesus é por sua vontade continuada pelos seus amigos. Continuada segundo o jeito d’Ele, que passou a vida fazendo o bem, anunciando uma alegre notícia aos que estavam abertos para acolhê-la; continuada quando entendem o que Ele de forma simples e incisiva ensinou afirmando “o que fizestes aos mais pequeninos dos meus irmãos foi a Mim que o fizestes”.
Se no passado a ideia de missão incidia mais na dimensão geográfica, predominantemente eurocêntrica, hoje realça-se outra mais sociológica e relacional. Antes partiam os anunciadores da Europa “cristã” para os territórios “pagãos”; hoje os “pagãos” de perto e de longe (incluídos muitos batizados) cruzam-se com o discípulo que deve anunciar as razões da sua esperança através de atitudes, opções, maneiras de estar na vida, em resumo, de uma vida marcada pela alegria do Evangelho.
O combate pelo homem vivo
No passado domingo viveu a Igreja o Dia Mundial das Missões, com o objetivo de meditar, rezar e partilhar. Dois dias antes celebrou-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, assim declarado pela ONU em 1992, aliás no seguimento da iniciativa do P. Joseph Wresinski, fundador do Movimento Quarto Mundo, em 17 de Outubro de 1987. São muitas e variadas as iniciativas realizadas nas mais diversas latitudes e todas apontando para um mundo como deve ser e pelo qual todos ansiamos, um mundo melhor. Iniciativas nascidas no seio de organizações cristãs, mas também de organizações não confessionais. Anunciar o Evangelho implica anunciar a vontade de Deus que vai na linha da aspiração mais profunda do coração humano, que é ser feliz. Crentes e não crentes, embora partindo de motivações diferentes, caminham para o mesmo ponto de chegada: criar condições de vida mais humana. Já no século II S. Ireneu escrevia que “A glória de Deus é o homem vivo”; nos nossos dias o Bispo Jacques Gaillot, no livro “Conversas no Adro” – convencido de que a tarefa dos pastores é abrir portas e arriscar indo ao encontro dos de fora, como agora insiste o Papa - escrevia a propósito daquilo que lhe diziam alguns descrentes: ”O facto de você acreditar no homem, de travar o combate do homem, convida-nos a interrogar-nos sobre Deus”. E concluía: “Parece-me que nos nossos dias o combate do homem é absolutamente necessário para poder afirmar o Evangelho”.
Sinais do Reino
É assim que a missão é realizada não só pelos que deixam terra e família como também por aqueles que, sentindo-se chamados a viver na comunhão com Jesus, assumem o mandato de sair e testemunhar a Boa Nova. Nestes dias 17 a 19 de Outubro multiplicaram-se as iniciativas para assinalar que o Reino anunciado por Jesus continua a ser construído pelos seus seguidores, partindo de coisas simples e pequenas, mas que ajudam a ir transformando o mundo numa casa onde todos têm lugar. É que o Reino não é para depois da morte; é para o momento que nos é dado viver e que, quando acolhido, nos garante o futuro de comunhão, paz e alegria. Na tarde do dia 17, junto do Arco da Rua Augusta, muitas pessoas se reuniram à volta da réplica da lápide com as palavras do P. Wresinski colocada no Trocadero de Paris, tomando consciência de que “a extrema pobreza é uma violação dos direitos humanos.” Muitos passam e não vêem, alguns pisam e não sentem, outros reparam e entendem que também deles depende a construção do mundo novo sem a pobreza que humilha. O compromisso na luta contra a injustiça, a exclusão, a fome, a guerra e a doença é constitutivo da missão.
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