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Nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o Ano da Vida Consagrada
“Chamados a levar a todos o abraço de Deus”
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Os bispos portugueses publicaram uma nota pastoral sobre o Ano da Vida Consagrada, intitulada ‘Chamados a levar a todos o abraço de Deus’. Nesta edição, o padre David Sampaio Barbosa, da Sociedade do Verbo Divino (Verbitas), analisa este documento do episcopado português e lança o Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco e que tem início no próximo dia 30 de novembro, I Domingo do Advento.


 

1. Nota pastoral da CEP sobre a Vida Consagrada

 

É sempre com interesse que acompanhamos os trabalhos das Assembleias Plenárias da Conferência Episcopal Portuguesa. Dos comunicados finais fica-se com uma síntese do que foi agenda e trabalho dos nossos bispos naqueles dias de actividade em conjunto. Habitualmente, é também por essas ocasiões que se dão a conhecer as notas pastorais destinadas a animar as nossas dioceses, ou algum sector mais específico que faz parte integrante da vida da Igreja em Portugal. No dia 13 de Novembro, último dia dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal, em Fátima, foi dada a conhecer a Nota Pastoral dos nossos bispos sobre a Vida Consagrada. A referida Nota vem no seguimento do que o Papa Francisco anunciara no dia 29 de Novembro de 2013: a abertura de um ano dedicado à Vida Consagrada, a decorrer entre 2014-2015. Encontrava-se então o Papa Francisco com os superiores gerais dos institutos religiosos em Roma quando aproveitou a ocasião para dar a conhecer aquela feliz decisão. Após o anúncio papal, a congregação para os institutos de vida religiosa e sociedades de vida apostólica assumiu todo um trabalho de programação, de agendamento de eventos e, sobretudo, bem na linha do Papa Francisco, apontou as matérias a serem reflectidas, celebradas e vividas pelos religiosos esparsos pelo mundo inteiro. Foram felizes ao circunscrever em três pontos o que devia estar presente ao longo do Ano da Vida Consagrada: memória agradecida, abraçar o futuro com esperança e viver o presente com paixão. A Nota Pastoral dos nossos bispos é dada a conhecer no momento oportuno. Estamos a uma semana do início do Ano sobre a Vida Consagrada. Trata-se de um documento de proximidade entre os pastores das nossas Igrejas particulares e os religiosos presentes em todo o país. Insere-se dentro de uma prática de que já nos habituaram a ter particular solicitude pelas inúmeras comunidades religiosas onde a vida consagrada é acolhida, vivida e celebrada. A instituição da Semana do Consagrado, instituída pela nossa Conferência, tem sido seguida e partilhada pelos nossos pastores. O Dia do Consagrado, na Festa da Apresentação do Senhor, no dia 2 de Fevereiro de cada ano, tem sido oportunidade para louvarmos o Senhor pelo dom de tantos carismas concedidos à sua Igreja. O presente documento, sem se demorar em aspectos teológicos ou doutrinais, aponta para a importância do Ano que se irá iniciar, os conteúdos a reflectir, a celebrar e a viver; refere de igual forma o cadenciar de momentos que irão dar particular visibilidade ao Ano prestes a iniciar. O que se anuncia é importante. Importa fazer-lhe uma boa recepção em ordem a um revigoramento das nossas comunidades cristãs e religiosas. Se no dia 29 de Novembro de 2013 boas notícias de Roma nos chegaram (o anúncio), mormente para os institutos religiosos e as sociedades de vida apostólica, agora, a partir de Fátima, pela Conferência Episcopal, sentimo-nos encorajados, com a certeza que a caminhada que nos espera será acompanhada pelos nossos bispos que comungam dos nossos ideais; registamos com agrado por nos ter considerado como um corpo associado aos dinamismos das nossas comunidades diocesanas. A fidelidade a fundadores e fundadoras, aos carismas que tanto enriquecem a santidade da Igreja, agora com novo revigoramento, novos seremos se novas comunidades desejarmos.


 

2. Perspectivas dum religioso

Pessoalmente, procuro seguir com atenção o que de Roma o Papa Francisco vai propondo à Igreja e, muito particularmente, o que propõe aos religiosos. São advertências directas, cheias de significado para um mundo revigorado que se pretende. Os tempos não são fáceis. A dimensão palavrosa apoderou-se da sociedade e, não em menor grau, do universo dos consagrados. Os monges do primeiro milénio empreenderam caminho para o deserto, para os mais variados espaços, como locais de espera e de encontro com o Senhor. Os hábitos de que se vestiram, representaram simbolicamente o único necessário para servir de cela, de habitação e de vida de consagração; em despojamento total, descentraram-se de muitos pertences para só em Deus se centrarem. A partir desse centro, à sua volta, no claustro, na mesma casa, diariamente sentiam a alegria de estar com tantos irmãos, e de tantos outros que, de perto ou de longe, sentiam atracção e admiravam a beleza e a harmonia dos que por Deus se consagravam.

Gostaria que neste Ano da Vida Consagrada outros dinamismos se vivessem nas nossas comunidades religiosas; que fossem motivo de atracção, de admiração e de alegria pelo ideal que tantos, em comunidade, a Deus diariamente se entregam. Essa alegria interna a existir dentro dos nossos espaços comunitários cedo se tornará apelativa e motivo de atracção de muitos outros que também em Deus, e a partir de Deus, optando pelos mais variados carismas, possam traduzir a sua consagração religiosa. Gostaria de ver as nossas portarias como espaços, onde quem chegue, se dê conta da existência de um dialecto expressivo de estar bem com Deus e com os irmãos. Se formos boa notícia no interior das nossas comunidades, melhores novas de Deus, no exterior, divulgaremos nos espaços da nossa consagração. Que as novas tecnologias, que aparentemente tanto enchem, não nos deixem ficar magrinhos de Deus.

 

3. A vida consagrada na Igreja portuguesa

A vida religiosa, de consagrados, esteve sempre ligada à constituição do reino de Portugal e, por razões óbvias, à vida eclesial que desde longos séculos têm moldado a nossa identidade nacional e religiosa. Esse estar lado a lado deve continuar nos nossos dias. Este Ano dedicado à Vida Consagrada poderá ser um tempo oportuno para nos darmos a conhecer melhor. Que os inúmeros carismas, que tantas Congregações e Ordens traduzem em práticas de bem no seu dia, se articulem melhor com as dimensões pastorais das nossas comunidades paroquiais e diocesanas que todos procuram pôr em prática. Que a partilha de saberes, de experiências espirituais e do que de temporal dispomos se faça como ocasião inadiável para que o conhecimento aconteça, a proximidade se inicie e a comunhão se transforme em realidade. Os encontros paroquiais, mormente os agendados para a dinamização pastoral, devem integrar membros das comunidades religiosas; os bancos das nossas igrejas sejam também bancos de membros das comunidades de consagrados. O anonimato não faz mais sentido na comunidade paroquial ou diocesana. Essas novas formas de estar e de ser são um imperativo para que num horizonte próximo e futuro propiciem, sem dúvida, uma revigorização evangelizadora, uma alegria na celebração fé – apelativa e atractiva para tantos outros que diariamente procuram Aquele que é rumo e sentido para as suas vidas.

 

Pe. David Sampaio Barbosa, svd


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Pastoral familiar é prioridade dos bispos portugueses

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) garantiu que vai dar prioridade à pastoral da família. “Sem descurar as várias problemáticas e dificuldades relacionadas com a família, a prioridade será dada à pastoral familiar, para que a comunidade cristã seja sempre autêntica «família de famílias»”, refere o comunicado final da 185ª Assembleia Plenária ordinária da CEP, em que o episcopado refletiu sobre o Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Durante os quatro dias de Assembleia Plenária (10 a 13 de novembro), em Fátima, os bispos iniciaram “uma reflexão sobre a situação atual e perspetivas dos Centros Sociais Paroquiais, tendo em conta um futuro Decreto-Lei sobre o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), que define, entre outras, as formas de Instituições nos termos concordatários celebrados entre a Santa Sé e a República Portuguesa”. O referido Decreto, refere o comunicado final, vai obrigar “a pequenas alterações dos Estatutos e deverá ser oportunidade para refletir sobre a identidade das IPSS da Igreja e a sua plena integração no âmbito das instituições particulares”.

Os recentes surtos epidémicos de ébola em África e de legionela em Portugal “mereceram a atenção e a preocupação da Assembleia, que manifestou toda a sua solidariedade para com as vítimas destas epidemias e as instituições que procuram debelar estes surtos”. Diante da situação de perseguição que sofrem os cristãos e outras minorias religiosas no Próximo Oriente, “a Assembleia manifestou a sua sintonia com as preocupações reiteradamente expressas pelo Papa Francisco, sobretudo quanto ao apelo para que as autoridades tenham intervenção efetiva nesta dramática situação, e garantiu oração e solidariedade para com as vítimas destes conflitos”.

A reunião do episcopado refletiu ainda sobre a próxima visita ad limina dos Bispos Portugueses, de 7 a 12 de setembro de 2015.

 

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Conciliar tradição católica com respostas a dar a divorciados

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) admitiu que a Igreja está disponível para conciliar a tradição católica com as respostas a dar relativamente a casos como os casamentos que terminam em divórcio. “Estamos com muito boa vontade para tentar conciliar, da maneira mais autêntica, aquilo que é a tradição católica com aquilo que são as respostas a dar a situações que hoje efetivamente ou têm uma gravidade acrescida ou se põe em muito maior quantidade do que se punham noutra altura”, referiu D. Manuel Clemente, em conferência de imprensa, no final da Assembleia Plenária da CEP, em Fátima. “Da parte da prática eclesial tem-se caminhado muito no sentido da maior atenção e resolução possível de alguns problemas que se põem, concretamente quando alguns casamentos não vão avante”, sublinhou.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da CEP adiantou ainda que a Igreja portuguesa está “de alma e coração” com a iniciativa legislativa de cidadãos ‘Pelo Direito a Nascer’ (www.pelodireitoanascer.org), que pretende obrigar o Parlamento a votar um projeto de lei que altera alguns dos aspetos da atual lei do aborto. “Estamos de alma e coração com a iniciativa. As nossas comunidades cristãs estão alertadas nesse sentido, contem connosco”, referiu.

Uma iniciativa legislativa de cidadãos requer 45 mil assinaturas para ser apresentada no Parlamento. Desta forma, os deputados são obrigados a votar, ponto por ponto, o projeto de lei proposto.

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