Papa |
A uma janela de Roma
Construir uma Europa em torno da pessoa humana
<<
1/
>>
Imagem

O Papa Francisco discursou no Parlamento Europeu. Na semana em que o Papa visita a Turquia (de 28 a 30 de novembro), tem início o Ano da Vida Consagrada. Francisco canonizou ainda seis religiosos e voltou a surpreender.

 

1. Foi uma mensagem de esperança e de encorajamento que o Papa Francisco levou ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, no passado dia 25 de novembro. Pondo em realce o mundo em mutação, menos eurocêntrico e uma União Europeia cada vez mais alargada, o Papa chamou a atenção para o envelhecimento deste continente, onde não obstante o projeto inicial de pôr a pessoa humana, dotada de dignidade transcendental, no centro de tudo, persistem hoje situações em que o ser humano é tratado como objeto que pode ser descartado quando não é útil.

Condenando a absolutização das técnicas em relação à afirmação da dignidade e da preciosidade da vida humana, o Papa questionou: “Como voltar então a dar esperança ao futuro, confiança para continuar os grande ideais da uma Europa unida e de paz, criativa e empreendedora, respeitosa dos direitos e dos próprios deveres?” O Papa Francisco respondeu a esta pergunta recorrendo a exemplos de arte e filosofia europeias que recordam a união entre Céu e Terra, sublinhando que uma Europa que não é capaz de se abrir à dimensão transcendental da vida é uma Europa que corre o risco de perder, lentamente, o seu “espírito humanístico”, a centralidade da pessoa humana”. O Papa enalteceu depois o património cristão que contribuiu e continuará a contribuir agora e no futuro para o crescimento sociocultural da Europa. E essa contribuição, disse, não constitui um perigo para a laicidade dos Estados e para a independência das instituições da União. É sim um enriquecimento centrado no princípio do humanismo, do respeito da dignidade da pessoa humana.

O Papa foi depois ao Conselho da Europa e lembrou que “para que não volte a acontecer o que sucedeu nas duas guerras mundiais” é preciso “reconhecer o outro não como um inimigo a combater, mas como um irmão a acolher”. “O que alimenta as guerras”, recordou Francisco, “é a vontade de se apoderar de espaços e cristalizar processos”. Mas construir a paz passa exatamente pelo contrário, “implica disposição para dialogar e vontade de caminhar no tempo”, pois “não basta uma paz imposta, utilitária ou provisória, mas sim uma paz livre e fraterna, fundada sobre a reconciliação”. Os aplausos interromperam o discurso, quando Francisco considerou “estéril um diálogo apenas reduzido aos organismos europeus”, quando o futuro da Europa implica sair dos grupos fechados e considerar outras dimensões mais fecundas e transversais, ricas de identidade.

Durante a viagem de avião de regresso a Roma, o Papa Francisco conversou com os jornalistas e, sobre o tema da paz, quando interpelado sobre se seria possível o diálogo com o auto proclamado ‘Estado islâmico’, respondeu: “Eu nunca dou uma coisa por perdida, nunca! Talvez não possa haver um diálogo, mas nunca fechar uma porta. É difícil, pode-se dizer ‘quase impossível’, mas a porta está sempre aberta”.

 

2. Durante a audiência-geral de quarta-feira, dia 26, o Papa refletiu sobre a Igreja que peregrina em direção ao Reino. “A Igreja não é uma realidade estática, imóvel, finalizada em si mesma, mas vive na história caminhando continuamente para a meta última e maravilhosa que é o Reino dos Céus, do qual a Igreja na terra é o gérmen e o início”. Esta citação do Concílio Vaticano II, continuou Francisco, permite dizer que a meta para a qual caminha a Igreja é a “nova Jerusalém, o Paraíso”: “Este, mais do que um lugar, é um estado de alma”.

No final da audiência-geral, o Papa recordou que entre sexta-feira, dia 28, e este Domingo visita a Turquia, por ocasião da festa de Santo André. “Convido todos a rezarem para que esta visita de Pedro ao irmão André produza frutos de paz, sincero diálogo entre as religiões e concórdia na nação turca”, pediu Francisco.

 

3. O Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco, começa neste I Domingo do Advento, 30 de novembro, e termina em 2 de fevereiro de 2016, Dia do Consagrado. O Ano será inaugurado em Roma sem a presença do Papa, que estará em Istambul para um encontro com o Patriarca ecuménico Bartolomeu. O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, preside à celebração eucarística de abertura oficial do Ano da Vida Consagrada, na Basílica de São Pedro.

 

4. O Papa Francisco presidiu no passado Domingo, dia 23, à canonização de seis religiosos (dois indianos e quatro italianos), novos santos da Igreja, que apresentou como exemplos de amor a Deus e ao próximo, que devem inspirar os católicos a superar os interesses “terrenos”. “Que os novos santos, com o seu exemplo e a sua intercessão, façam crescer em nós a alegria de caminhar na estrada do Evangelho, a decisão de o assumir como bússola da nossa vida. Sigamos os seus passos, imitemos a sua fé e a sua caridade, para que a nossa esperança se revista de imortalidade: não nos deixemos distrair por outros interesses terrenos e passageiros”, declarou, na homilia da Missa que congregou milhares de pessoas na Praça de São Pedro, em Roma, na solenidade litúrgica de Cristo-Rei.

 

5. A criatividade de Francisco para ajudar os pobres continua a marcar pontos. Preocupado com a situação dos sem-abrigo na cidade eterna, o Papa decidiu pegar nalguns presentes que tem recebido e dar-lhes um outro destino. Primeiro, foi uma Harley Davidson, uma marca de culto no mundo das motas. Novinha em folha, oferecida ao Papa pelo fabricante norte-americano, Francisco resolveu leiloá-la, no ano passado e dar o dinheiro ao centro de acolhimento dos sem-abrigo da estação ferroviário Termini, em Roma. Resultado do leilão: o modelo daquela mota custava 15 mil euros; rendeu 241 mil euros. Agora, Francisco pegou em vários objetos oferecidos, só que, desta vez, em vez de os leiloar, decidiu rifá-los! Cada rifa custa 10 euros e qualquer pessoa pode adquiri-las em lojas oficiais do Vaticano, incluindo correios e gabinetes de apoio ao turista e ao peregrino. E o que se pode ganhar por 10 euros? 1º prémio: um irresistível Fiat Panda 4x4 novinho em folha e de cor branca, como convém num carro papal. 2º prémio: uma bicicleta de corrida azul celeste. 3º, 4º e 5º prémios: mais bicicletas. Depois, ainda se pode ganhar um chapéu branco, uma máquina de café, relógios, molduras ou uma série de "prémios de consolação", não especificados.

A venda de rifas acompanha toda a época natalícia e o sorteio será logo a seguir aos Reis, no dia 8 de janeiro.

Aura Miguel, à conversa com Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES