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A uma janela de Roma
“Cada família pode acolher Jesus”
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O Papa lembrou a atitude de acolhimento de Maria e José. Na semana em que os EUA pediram ajuda à Santa Sé a propósito de Guantánamo, o cardeal Oscar Maradiaga esteve em Lisboa, a América Latina celebrou a padroeira e o Vaticano anunciou um consistório para criação de novos cardeais

 

1. O Papa Francisco condenou os atentados terroristas que nos últimos dias causaram numerosas vítimas. Só no Paquistão, o ataque a uma escola matou 140 pessoas, a maioria crianças, mortas a tiro por talibãs, e o acontecimento foi recordado pelo Papa no final da audiência-geral de quarta-feira, dia 17 de dezembro, no Vaticano, com um apelo à oração. “Quero rezar em conjunto convosco pelas vítimas dos desumanos atos terroristas que aconteceram nos últimos dias na Austrália, no Paquistão e no Iémen. O Senhor acolha na sua paz os que morreram, conforte os seus familiares e converta o coração dos violentos que não se detêm sequer perante as crianças”, pediu Francisco.

A uma semana do Natal, o Papa dedicou a reflexão semanal de quarta-feira à Sagrada Família. “Jesus nasce numa família. Deus escolheu nascer numa família que Ele próprio formou. Formou-a numa perdida localidade do Império Romano. Não em Roma, não numa grande cidade, mas numa periferia quase invisível, aliás, mal-afamada. (…) Cada família, tal como fizeram Maria e José, pode acolher Jesus, ouvi-Lo, falar com Ele, guardá-Lo, protegê-Lo, conversar com Ele; e, deste modo, melhorar o mundo. Demos espaço ao Senhor no nosso coração e no nosso dia-a-dia! Assim fizeram Maria e José”, lembrou o Santo Padre.

Este dia 17 de dezembro ficou ainda marcado pelo aniversário do Papa Francisco, que completou 78 anos. Francisco foi muito saudado ao longo do percurso do papamóvel na Praça de São Pedro, onde várias pessoas tinham mensagens de felicitações e postais de aniversário gigantes, tendo parado junto de um grupo de padres e seminaristas, com uma bandeira da Argentina, dos quais recebeu um bolo e o tradicional mate. O Papa cumprimentou em particular um grupo de milhares de dançarinos de tango que se reuniram para um flashmob em honra do Pontífice sul-americano. O Papa almoçou depois com todos os funcionários da Casa de Santa Marta, onde reside.

 

2. Os Estados Unidos pediram ajuda à Santa Sé para encontrar "soluções humanitárias" adequadas para os presos de Guantánamo. Os norte-americanos estão a tentar encerrar este centro de detenção em Cuba, transferindo os detidos para outros países.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reuniu-se em Roma, esta segunda-feira, dia 15 de dezembro, com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. Quando tomou posse, há quase seis anos, o presidente norte-americano Barack Obama prometeu encerrar a prisão, situada numa base militar em Cuba, mas o Senado dos Estados Unidos tem vindo a opor-se. Obama considerada que o campo de detenção, que recebeu centenas de suspeitos de terrorismo depois dos ataques de 11 de setembro de 2011, é prejudicial à imagem da América no mundo. Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o encontro durou cerca de uma hora e, para além de uma "solução humanitária" para os presos de Guantánamo, os dois responsáveis também falaram da situação no Médio Oriente, do empenho dos EUA em evitar mais tensões e violência, na vontade de retomar o diálogo entre israelitas e palestinianos e ainda a situação na Ucrânia e a emergência ébola.

Com a libertação de seis presos, na passada semana, o campo de Guantánamo passou a ter 136 reclusos.

 

3. O cardeal Oscar Maradiaga, que coordena o grupo dos nove conselheiros do Papa Francisco, critica o excessivo poder da economia e diz que é preciso voltar ao caminho da “solidariedade, que é um desafio para todo o povo e, por isso, eleger governantes que sejam verdadeiros governantes e não pessoas que vão para lá para enriquecer pessoalmente”.

Tal como o Papa Francisco, o presidente da Caritas Internacional, que participou no encontro anual da Comissão Nacional Justiça e Paz, em Lisboa, no dia 13, deixa dura críticas à especulação financeira. “Estou convencido que o capitalismo não é o demónio, mas sim a maneira como se quis aplicá-lo. Há dias, o Santo Padre recebeu a senhora Cristine Lagarde, que é a diretora do Fundo Monetário Internacional. Ele disse-me que a especulação financeira é talvez o que há hoje de mais complicado na economia mundial. Então é aí que mais temos de evangelizar”. O conselheiro do Papa considera que a ética “não é nenhum chapéu que a Igreja quer impor à força”. A ética, sublinha o cardeal Maradiaga, “brota de dentro da pessoa e não de fora”.

 

4. A música da América Latina ecoou sexta-feira, dia 12, no Vaticano. A Missa crioula foi interpretada durante a celebração que o Papa Francisco presidiu em honra da padroeira das Américas, a Virgem de Guadalupe. "Hoje sentimos o impulso de pedir a graça tão cristã de pedir que o futuro da América Latina seja forjado pelos pobres e pelos que sofrem, pelos humildes, pelos que têm fome e sede de justiça, pelos compassivos, pelos que têm o coração limpo, que trabalham pela paz, pelos perseguidos por causa de Cristo e aos que hoje em dia o sistema idólatra da cultura do descartável os arruma na categoria de escravos, de objetos ou simplesmente, desperdício. E fazemos este pedido, porque a América Latina é o continente da esperança”, salientou o Papa.

Francisco espera da América Latina "novos modelos de desenvolvimento que conjuguem tradição cristã e progresso civil, justiça e equidade com reconciliação, desenvolvimento científico e sabedoria humana, sofrimento fecundo e alegria esperançosa".

 

5. O Vaticano anunciou a realização de um consistório para criação de novos cardeais, que está marcado para os dias 14 e 15 de fevereiro de 2015, após um encontro de dois dias com todo o Colégio Cardinalício.

Neste momento, há 112 cardeais eleitores, dos quais menos de metade são da Europa (53), seguindo-se a América (33 - 17 do Norte e 16 latino-americanos), África (13) e Ásia (12) e Oceânia (1). Portugal está representado no Colégio Cardinalício por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, e por D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito.

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