Na Tua Palavra |
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D. Nuno Brás
Já não escravos mas irmãos
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Vivemos numa sociedade do ter. Começámos por querer ter o indispensável para a vida, seja como pessoas, como famílias ou como sociedade organizada. Depois, esse mínimo foi sendo alargado e dele passou a fazer parte todo um conjunto de objectos que achamos serem indispensáveis para a nossa sobrevivência. Finalmente, foi-nos incutido pela publicidade que mesmo o supérfluo é vital. E aquilo que se tem passou a distinguir o modo de estar com os outros: não somos reconhecidos (ou somos olhados como uma espécie de “ave rara”) se, por exemplo, não possuímos telemóvel, se não vestimos como toda a gente ou se não temos acesso a um conjunto de canais de televisão. E, à conta disso, passamos a sofrer de uma espécie de “urticária” até que compremos ou alguém nos ofereça esse objecto, qualquer que ele seja, mas que atesta, diante de todos, que somos “gente deste tempo”.
Nesta voragem, queremos igualmente “possuir as pessoas”. E, assim, o outro deixou de ser alguém (aquele cujo rosto, qualquer que ele seja, me fala de Deus e mostra a Sua presença) para ser reduzido a apenas mais um objecto, tratado em pé de igualdade com os outros objectos. Mais uma “coisa”.
É verdade que as leis impedem a escravidão – seja aquela que os tão celebrados cidadãos da Grécia antiga ou de Roma não dispensavam, ou que os colonos exigiam como mão de obra para as suas produções de café, cana de açúcar ou algodão e que os permitia dispor de outros seres humanos como seus. Mas é igualmente verdade que, infelizmente, nem por isso a escravidão diminuiu: ela está bem presente em muitas partes do mundo (mesmo no nosso ocidente) no trabalho em condições desumanas e mal remunerado, na chantagem psicológica que tantos sofrem ou até mesmo quando cada um de nós permite que o ter seja mais importante que o ser.
Aliás, esse é o grande desafio de uma sociedade: transformar indivíduos em pessoas, o mesmo é dizer, transformar uma massa de gente indiferente (ainda que globalizada e formatada para viver do mesmo modo) num conjunto de irmãos em que o respeito das diferenças próprias de cada um não impede o caminho de todos. Não já escravos mas irmãos, como afirma o Santo Padre, na sequência de S. Paulo. Mas isso só é possível quando reconhecemos a todos um Pai comum.
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