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A uma janela de Roma
"Liberdade religiosa é um direito humano fundamental"
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Papa Francisco canonizou o primeiro santo do Sri Lanka, o sacerdote goês São José Vaz. Também neste país asiático, o Papa apelou a que todos vivam os “princípios da paz” que se encontram “em cada religião”. Na semana em que recebeu o corpo diplomático, Francisco batizou 33 crianças no Vaticano e apontou o caminho para a "verdadeira reconstrução" do Haiti.

 

1. A liberdade religiosa é um “direito humano fundamental”, declarou esta quarta-feira, dia 14 de janeiro, o Papa Francisco, no Sri Lanka, na cerimónia de canonização do sacerdote goês São José Vaz. Em clima festivo, com cantos e danças tradicionais, mais de 800 mil pessoas encheram o grande parque junto ao Índico para a canonização do seu primeiro santo, cujo exemplo foi elogiado pelo Papa. Conhecido pelo grande apóstolo do Sri Lanka, São José Vaz nasceu na então Goa portuguesa, no século XVI. O seu testemunho sobreviveu ao teste do tempo e permanece bem atual. O Papa Francisco explicou porquê: foi um sacerdote exemplar, que “saiu das periferias” para dar a conhecer Jesus Cristo, num tempo em que “os católicos eram uma minoria e com frequência, divididos no seu seio; em que havia hostilidade ocasional e até mesmo perseguição”. Além disso, o novo santo mostrou à Igreja “a importância de ultrapassar as divisões religiosas no serviço da paz” e ensinou, com a sua vida, que “a autêntica adoração de Deus não leva à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida e pela dignidade e liberdade dos outros”. “A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Cada indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos”, lembrou. Francisco sublinhou ainda um terceiro elemento de atualidade do novo santo: a sua capacidade em “oferecer a verdade e beleza do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e humildade”.

 

2. No final de um encontro inter-religioso em Colombo, a capital do Sri Lanka, o Papa apelou a que todos vivam os “princípios da paz” que se encontram “em cada religião”. “A bem da paz, não se deve permitir que se abuse das crenças para a causa da violência ou da guerra”, referiu Francisco, no dia 13, no rescaldo dos ataques terroristas de Paris e de Boko Haram, na Nigéria. “Devemos ser claros e inequívocos ao desafiar as nossas comunidades a viverem plenamente os princípios da paz e da coexistência, que se encontram em cada religião, e denunciar atos de violência sempre que são cometidos”, salientou. Francisco admitiu que um diálogo assim “fará ressaltar como são diferentes” as várias “crenças, tradições e práticas”. Contudo, basta ser honesto e apresentar as convicções de cada um para se ver “mais claramente aquilo que temos em comum”. “Novos caminhos se irão abrir para a mútua estima e cooperação e, seguramente, para a amizade. Espero que a cooperação inter-religiosa e ecuménica prove que os homens e as mulheres não têm de esquecer a sua própria identidade, tanto étnica como religiosa, para viverem em harmonia”, disse o Papa.

No Sri Lanka, país onde o budismo é a religião dominante, seguida do hinduísmo, do islamismo e do cristianismo, milhares de pessoas, com bandeiras amarelas e brancas, saudaram Francisco no arranque de uma visita de dois dias com a qual iniciou novo périplo à Ásia que vai terminar nas Filipinas, no dia 19. “Todas as tradições religiosas devem aceitar-se e respeitar-se mutuamente”, afirmou o Papa esta terça-feira à chegada ao Sri Lanka. "Estou convencido de que os seguidores das várias tradições religiosas têm um papel a desempenhar no delicado processo de reconciliação e reconstrução em curso neste país", disse, no aeroporto de Colombo.

 

3. O Papa pediu aos governos que aprovem legislação que garanta o acolhimento dos imigrantes e que "atuem sobre as causas e não apenas sobre os efeitos". É necessário "pôr em prática legislações adequadas, capazes de proteger os direitos dos cidadãos e de garantir, ao mesmo tempo, o acolhimento dos imigrantes", sublinhou Francisco, aos membros do corpo diplomático acreditados junto da Santa Sé, no tradicional encontro de ano novo, no Vaticano. “Por vezes não é de um futuro melhor que vão à procura, mas simplesmente de um futuro, porque permanecer na própria pátria pode significar uma morte certa. Quantas pessoas perdem a vida em viagens desumanas, sujeitas aos vexames de verdadeiros e próprios algozes gananciosos de dinheiro!”, lembrou.

Neste encontro, o Papa pediu à comunidade internacional que "atue decididamente para resolver estas graves situações humanitárias e preste a ajuda necessária aos países de origem dos imigrantes para facilitar o desenvolvimento sociopolítico e a resolução de conflitos internos, que são a principal causa deste fenómeno".

 

4. O Papa batizou 33 crianças no Vaticano, no passado Domingo, dia 11 de janeiro, e pediu orações pelas mães que não têm condições para alimentar os seus filhos. “Agradecemos ao Senhor o dom do leite e rezamos por aquelas mães, infelizmente tantas, que não estão em condições de dar de comer aos seus filhos. Rezemos e procuremos ajudar estas mães”, apelou o Papa, numa celebração na Capela Sistina, onde batizou 20 meninas e 13 meninos, todos filhos de colaboradores do Vaticano.

 

5. O Papa Francisco assinalou o 5º aniversário do violento sismo que devastou o Haiti. “Não existe uma verdadeira reconstrução de um país sem reconstruir a pessoa na sua plenitude. Isto significa garantir que todas as pessoas no Haiti tenham o necessário do ponto de vista material, mas ao mesmo tempo que possam viver a própria liberdade, a própria responsabilidade, a própria vida espiritual e religiosa”, salientou o Papa aos membros do Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, que coordena a ação das organizações caritativas católicas, e da Comissão Pontifícia para a América Latina.

Recorde-se que em 10 de janeiro de 2010 a ilha do Haiti foi atingida por um terramoto, próximo da capital Port-au-Prince, provocando a morte a cerca de 230 mil pessoas, destruindo infraestruturas, e afetando, ainda hoje, quase 3 milhões de pessoas.

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