Lisboa |
Paróquia de Turquel, em Alcobaça
Continuar a missão de proximidade
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Hóquei, música e agricultura são algumas das realidades que se encontram numa das paróquias limítrofes da Diocese de Lisboa. Turquel, na Vigararia de Alcobaça-Nazaré, recebe por estes dias a Visita Pastoral e vive uma “aposta na proximidade” e na descoberta de “pequenos gestos”, como fruto do Sínodo Diocesano de 2016.

 

“Esta Visita Pastoral poderá trazer novidades à vigararia, em particular aos jovens. A palavra que podem escutar, penso, vai fazê-los sentirem-se, cada vez mais, Igreja. Tem de ser uma surpresa, porque é o Espírito Santo a trabalhar”, considera ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco de Turquel, padre Ivo Santos, para quem esta experiência de receber o Bispo na sua paróquia não é uma novidade. Enquanto coadjutor em Óbidos, nos dois anos anteriores à chegada a Turquel, este sacerdote acompanhou então a Visita Pastoral. “É a presença do Pastor que vai marcar esta Visita Pastoral e só a proximidade do Pastor já é um fruto muito bom”, refere.

Chegado a Turquel em setembro de 2013, o padre Ivo Santos, de 30 anos, encontrou “uma comunidade onde ainda se respira um ambiente religioso, tradicionalmente católico, e onde há uma grande ligação aos sacramentos”. “Nas três missas Dominicais, em toda a paróquia, participam perto de 700 pessoas”, revela o jovem sacerdote. “Existem outras zonas onde é preciso ‘comprar o barro’. Aqui há barro e por isso, é necessário moldar este barro. Por isso, creio que os desafios desta comunidade passam por firmar e aprofundar este sentido do sagrado, em chave de missão, que nos desinstale, e não ficar apenas à superfície, por uma religiosidade natural. Se a direção for a evangelização, creio que a vontade de aprofundar nasce naturalmente”, afirma o pároco Ivo. No serviço paroquial é ajudado pelo coadjutor, padre François Diouf, que é também pároco do Vimeiro, e tem ainda “a graça” de ter como colaborador o diácono permanente José Vieira. Natural de Carvalhal Benfeito, a aproximadamente 10 quilómetros de Turquel, o padre Ivo traça, conhecedor, um retrato da população que tem confiada. “É um ambiente de vila, onde as pessoas se conhecem todas muito bem. Isso pode ajudar a criar comunhão e essa proximidade é muito positiva para as relações que estabelecemos no dia-a-dia”, considera. A “grande resposta social” à população é feita em colaboração com as entidades civis. “Temos um centro social paroquial que tem as valências de berçário, creche, ATL, apoio ao domicílio e centro de convívio e que, recentemente, criou um pequeno oratório, que é frequentado diariamente por funcionários, crianças e idosos. Temos também um grupo de voluntários na paróquia que presta cuidados aos que mais necessitam e, por tudo isto, podemos dizer que a nível social não estamos mal”, salienta.

 

Trabalho e tradições

A estrada principal, que ‘divide’ a meio a localidade de Turquel, marca também os dois tipos de atividade mais características desta freguesia. “Da estrada, em direção ao mar, é um terreno mais fértil, sem pedra, dedicado à agricultura. Da estrada até à serra, encontramos um terreno mais pedregoso e, por isso, mais dedicado à pedra e a produção de azeite. Agricultura e pedra marcam a região de Turquel, assim como o comércio de suínos e empresas de comércio ligadas à marroquinaria”, descreve o padre Ivo Santos. Segundo os Censos de 2011, os habitantes de Turquel atingiam o número de 4.400. Agora, o jovem pároco acredita que “esse número aumentou”. “Nota-se uma grande participação da juventude, muito dinâmica e uma faixa etária entre os 30 e 50 anos bastante ativa”.

O “incontornável compositor de música litúrgica” padre Manuel Luís, nascido em Turquel, em 1926, é sinal da forte ligação à música que existiu e ainda existe nesta paróquia. “É uma terra com muita tradição musical, sobretudo pela presença da banda filarmónica. Esta terra tem também uma grande tradição de padres e freiras que aqui nasceram. Existe também o Hóquei Clube de Turquel, que movimenta muito a população. Este clube está agora na primeira divisão! Aliás, esta é considerada a aldeia do hóquei”, revela o padre Ivo.

 

Proximidade

A vida paroquial de Turquel não se concentra apenas na igreja matriz. “Carvalhal, Moita do Poço e Silval são outros três locais de culto que têm uma comunidade local onde se celebra a Missa quinzenalmente”, aponta o padre Ivo. Apesar de se celebrar a festa da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, em dezembro, o sacerdote refere que “existe uma grande devoção a Santa Susana, cuja festa é celebrada no segundo fim-de-semana de agosto e que está historicamente ligada à bênção dos animais. É uma festa com uma expressão maior do que a festa da padroeira”, frisa.

Em setembro de 2013, quando o jovem sacerdote chegou à paróquia de Turquel, encontrou “uma paróquia bem estruturada e organizada, fruto de quem esteve anteriormente”. “Não venho trazer algo novo, apenas venho continuar a missão dos que cá estiveram. No conselho pastoral estão representadas todas as realidades paroquiais. Isso é uma riqueza. Não me sinto sobrecarregado com tudo e vejo que há uma crescente responsabilidade nos trabalhos pastorais que vamos fazendo”, observa o padre Ivo Santos, que também revela uma das suas primeiras ações na primeira vez que se tornou pároco: “Quando cheguei, tive o cuidado de perguntar aos meus colegas mais velhos como devia de proceder. Eles disseram-me que, em primeiro lugar, devia conhecer quem tenho à frente, apostar muito na proximidade, conhecendo quem são aqueles que estão confiados e, sobretudo, rezar por eles, além de não pensar em grandes projetos. Com a publicação da Exortação Apostólica do Papa Francisco, ‘A alegria do Evangelho’, começámos, em janeiro de 2013, a criar um pequeno grupo que começou a falar sobre este documento e perceber o que o Papa quer dizer também à Igreja de Turquel. Só este exercício já é uma grande aposta pastoral e valioso para o meu trabalho como padre”. Agora, em caminho sinodal da Diocese de Lisboa, o padre Ivo Santos considera que o Sínodo Diocesano 2016 vai trazer, sobretudo, “uma mudança de olhar com pequenos gestos”. “Tenho dito às pessoas o que aprendi no seminário: ‘Vamos fazer o pouco, o pequeno e o possível’. Somos ainda uma Igreja que espera muito que quem está na periferia venha ao nosso encontro. Esse é um sintoma de algo que precisa de ser mudado. Só o perceber isto, que não podemos continuar à espera ou apostar numa pastoral sacramental, já é positivo”, considera o sacerdote, apontando alguns exemplos: “Ao longo deste ano, têm existido algumas iniciativas nesse sentido. Na catequese, as festas de Natal que costumavam ser num pavilhão, passaram a ser na rua. Foi muito engraçado, porque foi uma iniciativa que marcou este ano. Outro caso foi o ‘presépio vivo’. Essa atividade movimentou os pais e toda a comunidade e atraiu gente que não está habituada a vir à Igreja”.

Turquel, Carvalhal, Charneca do Rio Seco, Moita do Poço, Redondas e Ardido são os locais da paróquia onde chega a catequese. Do primeiro ao sexto ano, existem, no total de todos os centros, 250 crianças. Do sétimo ano até aos grupos do Crisma, existem cerca de 150 crianças. Para o padre Ivo Santos, estes números confirmam-se, mais tarde, numa “forte dinâmica da juventude, que se nota, sobretudo ao fim-de-semana”. “Temos atualmente um grupo, com cerca de 30 elementos, que se está a preparar para receber o sacramento do Crisma. Para além das atividades paroquiais procuramo-nos integrar nas atividades diocesanas e vicariais, onde existe uma grande dinâmica”, aponta o pároco que traça objetivos: “Na vigararia, estamos a construir outras atividades que possam abranger, em especial, paróquias onde seja mais difícil encontrar um grupo de jovens, para que os jovens não fiquem sem atividades. As próximas atividades que estão a ser preparadas são o encontro vicarial da juventude, no dia 7 e 8 de março, com o encerramento da Visita Pastoral e, no final do ano pastoral, a ‘Missão Vicarial’, que vai consistir numa semana de missão numa paróquia fora da vigararia”, explica o padre Ivo.

 

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“Uma Igreja como movimento”

A paróquia de Turquel recebeu, na noite do passado dia 13 de janeiro, o encontro vicarial sobre Liturgia e Movimentos, com o Patriarca de Lisboa a desafiar os leigos “a fazerem a comunhão com o que Deus quer variado” e a redescobrirem a “centralidade da Eucaristia como celebração da Páscoa de Jesus”. Perante membros de diversos movimentos eclesiais e de cristãos empenhados na pastoral litúrgica da Vigararia de Alcoba.nhou que "que um pouco fora...  referindo que "str o dia 13 de a r quer variadoma comunidade cristça-Nazaré, D. Manuel Clemente falou sobre a “dificuldade em articular todos os movimentos dentro de uma comunidade cristã, e às vezes até com a distinção sobre o que é da paróquia e dos movimentos que estão um pouco fora”. O Patriarca de Lisboa sublinhou que “quando a Igreja reconhece, através dos Bispos e padres, uma destas realidades, é na Igreja que eles se encontram todos. Não podemos ter a pretensão de que em cada comunidade cristã seja tudo igual, porque o Espírito de Deus faz coisas muito diferentes para valerem um conjunto. Há uma certa tensão entre a unidade da comunidade e a variedade dos movimentos, mas temos que

conjugar isto positivamente e respeitando aquilo que é próprio de cada um”.

Para D. Manuel Clemente, “não deve existir espanto” pela realidade eclesial que “não é tão simples como há 50 anos atrás”. A realidade “mais complexa e desdobrada é um sinal de que o Espírito de Jesus Cristo também vai desdobrando a própria humanidade e a própria Igreja, no sentido de uma maior complexidade, que corresponde àquilo que é a humanidade no seu desenvolvimento”.

“O grande desafio de uma comunidade cristã é conseguir, sem apagar o Espírito e sem uniformizar aquilo que Deus quer variado, fazer a comunhão. Mas não julguemos que é fácil, porque a nossa predisposição natural é para uma certa uniformidade. Temos que vencer esta resistência à variedade e temos que criar, nas comunidades, a aceitação mútua que reparamos no próprio grupo formado por Jesus Cristo”, refere o Patriarca.

 

Eucaristia como centro

Neste encontro que também contou com a presença de D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Manuel Clemente apontou “o centro” da reforma litúrgica, feita com o Concílio Vaticano II. “Esta reforma aproxima-se muito mais do que faziam os cristãos dos primeiros séculos. O centro desta reforma e do movimento litúrgico foi perceber que todo o culto cristão é a Eucaristia como celebração da Páscoa do Senhor. Isto é: que toda a liturgia cristã viva em torno da comemoração e da vivência do que aconteceu entre a Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, da sua morte, em Sexta-Feira Santa, e da sua Ressurreição, no primeiro Domingo da história. Isto é o centro do culto cristão e tudo se orienta para este momento”, referiu o Patriarca, em Turquel.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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