

O grupo de jovens da Paróquia de Queijas, em Oeiras, organizou, no passado dia 11 de janeiro, a segunda edição do “Ca’Fé e uma conversa improvável com...” Paulo Nogueira. No renovado auditório da paróquia de São Miguel Arcanjo de Queijas, o jornalista da SIC foi o convidado e falou sobre o tema “A Sociedade da Informação e o Cristianismo”.
Católico assumido, Paulo Nogueira, licenciado em Comunicação Social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, iniciou a sua carreira profissional na Rádio Renascença em 1984, onde permaneceu 5 anos, chegando à categoria de editor-chefe de Informação Diária. Tendo entretanto passado pela RTP, em 1992 integrou o grupo fundador da SIC, onde desempenha atualmente funções de coordenação na Edição da Manhã.
Coube ao Grupo de Jovens da Paróquia de Queijas a iniciativa de organizar a segunda edição do "Ca'Fé e uma conversa improvável com...", após o êxito da sua primeira edição, em Junho de 2014, que contou com a presença do Professor Marcelo Rebelo de Sousa com quem se dialogou sobre "A Fé na Justiça e na Sociedade".
Com o apoio permanente do pároco, o padre Alexandre Santos scj, o Grupo de Jovens de Queijas procura – para além do crescimento individual e comunitário dos seus membros – uma participação ativa na vida da comunidade local e, deste modo, na Sociedade. Nesse sentido, a promoção do debate de temas da atualidade tem merecido a sua atenção. Para este "Ca'Fé e uma conversa improvável com Paulo Nogueira" o tema escolhido foi "A Sociedade da Informação e o Cristianismo".
Em prol da juventude
Num registo informal e descontraído, numa conversa moderada por três jovens e que envolveu de forma ativa toda a assistência, começou-se inevitavelmente por se abordar o modo como a Igreja comunica nos dias de hoje, concretamente no que se refere ao recurso às redes sociais. Sendo um facto que as novas tecnologias promovem uma aproximação da Igreja – sobretudo aos mais jovens, não se sentirão afastados os mais idosos e tradicionalistas? Paulo Nogueira destacou que as redes sociais trazem efetivamente consigo o grande risco da superficialidade e do distanciamento físico, ou seja, de um mundo cada vez mais global onde cada um está progressivamente mais isolado. Ainda assim, referiu que são grandes as suas vantagens e que estas deviam ser bem aproveitadas em prol da juventude e de todos quantos delas queiram tirar proveito sem, no entanto, a Igreja perder a capacidade de fazer chegar a sua mensagem a todos. Neste contexto, o efeito "Papa Francisco" foi tema incontornável.
Outro assunto focado foi o do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Numa sociedade em que a Família é necessariamente a sua célula fundamental, Paulo Nogueira considera que este Sínodo é bem-vindo, pois o amor é intrínseco à própria humanidade e às relações que se estabelecem na sociedade. Referiu ainda sentir que, como possível herança do Império Romano, a nossa sociedade tem a necessidade – possivelmente exagerada ou, até, expiatória de algumas responsabilidades próprias – de se reger por regras e preceitos. Mais do que pensar se indivíduos divorciados podem ou não comungar ou se os homossexuais podem ter um papel ativo na vida da Igreja, importa sim refletir que o amor que Jesus nos legou através da Sua Igreja não exclui ninguém. Jesus condena o pecado, nunca o pecador – afirmou.
Falta de amor
A perseguição aos cristãos do Médio Oriente foi outro dos temas abordados. Paulo Nogueira exaltou a coragem dos que não têm medo de dizer sim a Cristo num contexto tão conturbado e hostil e de viver segundo o Seu exemplo. No contexto de liberdade subjacente, o atentado da passada semana à redação do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" mereceu o seu comentário. Considerando o homicídio o exponente máximo da crueldade humana, Paulo Nogueira condena o sentimento de incompreensão e vingança que rapidamente emergiu perante os autores do atentado. A falta de amor – referiu – é tudo o que pode explicar um crime tão bárbaro. Todos nós somos responsáveis para que o amor exista no meio que nos rodeia.
Houve ainda espaço para questões como a compatibilidade entre as convicções de um jornalista e que aquilo que este noticia diariamente. Se na Rádio Renascença esses aspectos se sobrepunham, na RTP e depois na SIC, a clivagem acentuou-se, embora – refira – nunca se lhe tenha colocado nenhum dilema que tivesse incompatibilizado a ética profissional com as suas convicções pessoais.
Após uma ou outra questão – a que o nosso convidado respondeu dando-nos sempre o seu alento e marca de esperança – e, volvidas duas horas de conversa improvável, todos voltámos a casa com a alegria de uma tarde bem passada e proveitosa para o nosso crescimento intelectual e espiritual.
São Paulo atesta-nos que "tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança" (Rom 15,4) e, ainda, "que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus" (Fil 1,6). Hoje, mais do nunca, temos necessidade dessa eficácia. Com o crescente pluralismo religioso do nosso mundo, como cristãos, devemos privilegiar uma comunicação propriamente eficaz e consistente, que faça de nós verdadeiros mensageiros do Evangelho.
texto por João Borba Martins; fotos por padre Alexandre Santos, scj
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Felizes os Misericordiosos
Foi lançado o hino oficial da JMJ Cracóvia 2016
No final da procissão dos Reis Magos do passado dia 6 foi lançado o Hino das próximas jornadas, inspirado no tema das JMJ do ano que vem, em Cracóvia: “Felizes os Misericordiosos, porque alcançarão Misericórdia” (Mt 5,7), tema que fora anunciado pelo Papa Francisco. Entre os presentes, estava o Cardeal Stanisław Dziwisz, secretário do Papa João Paulo II, assim como o autor do Hino, Jakub Blycharz.
O hino é todo ele inspirado na Bíblia, sendo um conjunto de paráfrases da Escritura. As primeiras palavras são do Salmo 121 (120), que espalham nos nossos corações a paz e a confiança, segundo a qual o Senhor misericordioso olha por nós e cumprirá a promessa de acompanhar, agora e para sempre, cada homem. Deus aparece, assim, desde o primeiro versículo, definido como Misericordioso.
A segunda estrofe é uma referência à parábola da ovelha perdida de Lc 15, 1-7, que enche de esperança as tentativas de Deus para trazer o homem de volta à verdadeira vida. Jesus diz-nos nesta parábola que é grande a alegria no céu cada vez que um pecador se converte. Pela sua morte na cruz, Ele deu-nos acesso a uma vida nova. A humanidade inscreve-se num projeto eterno de salvação, graças ao sangue derramado por nós.
O refrão do hino é constituído pelas palavras da quinta bem-aventurança, na versão de São Mateus (Mt 5, 3-10): “Felizes os Misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Esta é a mensagem de Santa Faustina Kowalska e a mensagem da Jornada que vai acontecer em Cracóvia no próximo ano.
A terceira estrofe surge como uma paráfrase do Salmo 130: “Se tiveres em conta os nossos pecados, / Senhor, quem poderá salvar-se? / Mas em ti encontramos o perdão / para te servirmos com reverência”. A atitude de Deus para connosco inspira-nos a sermos misericordiosos para com os outros.
Outra estrofe resume em si os pontos mais importantes do Kerigma, da mensagem do Evangelho, no que diz respeito à nossa redenção em Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado, e à aceitação, pela fé, de Jesus enquanto Senhor e Salvador.
Em suma, o hino constitui um convite a viver com a esperança e a confiança que decorrem da ressurreição de Jesus.
As conferências episcopais são agora responsáveis pela tradução do hino nas respectivas línguas, devendo eventuais interessados em traduzi-lo contactar as mesmas.
Texto: www.krakow2016.com
Vídeos sobre o Hino no YouTube
• Hino da Jornada: http://youtu.be/eZRsoPmeZXk
• Making Of do Hino (em Polaco): http://youtu.be/5BrV6IvTBEc
• Reportagem do lançamento (em espanhol): http://youtu.be/rPlPbMGu9I8
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Cantar as Janeiras
Alguns grupos de jovens da Diocese de Lisboa cumprem a tradição e batem às portas para cantar as Janeiras. Publicamos alguns dos testemunhos.
- Arroja, Odivelas
“Ainda agora aqui cheguei, mal pus o pé na escada,
Logo o meu coração disse que aqui mora gente honrada!”
É o que cantamos ao entrar em cada prédio e em cada quintal. A Comunidade de São José Operário, situada no bairro da Arroja, é um dos núcleos da Paróquia de Odivelas. Por iniciativa do seu grupo de jovens, os Jovens de São José, começou a cantar os reis em 2001.
É uma forma privilegiada de mostrar os rostos da Igreja presente a quem não vai à Missa, não sabe que já existe uma igreja no bairro e jovens ativos. É com alegria que desejamos bom ano a todos, e sabemos que voltaremos. No cantar das janeiras somos uma família alargada, procuramos o outro, e construímos a comunidade.
Ana Santos
- Alvide, Alcabideche
“Boa Noite, somos os jovens da capela de Alvide que andamos a cantar as janeiras, podemos cantar no prédio, por favor?
Claro que sim. Sejam bem-vindos”
Há mais de trinta anos que os jovens do movimento Juventude Alegria de Maria da capela de Alvide se reúnem todas as noites desde o dia 26 de Dezembro até meados de Janeiro para desejar as Boas Festas à comunidade. Nos últimos dias o cansaço dos quilómetros percorridos a pé, do sobe e desce escadas dos prédios, do cantar na rua ao frio, da voz que parece já não ter forças para repetir as estrofes da nossa cantiga faz-se sentir, mas quando ao “sejam bem-vindos” se acrescenta “já tinha estranhado este ano não terem vindo”, faz-nos perceber que mais do que uma atividade, temos uma Missão: continuar a dar alegria a quem generosamente nos abre as portas.
Dulce Barbosa
- Achada, Mafra
“Vamos cantar as Janeiras!”
Já vem sendo hábito, desde o Natal e até ao dia de Reis, o grupo de jovens da Achada, Seara de Cristo, ir pelas ruas da terra, de porta em porta, para cantar as janeiras e desejar a todos os habitantes um bom ano e boas festas. Este ano não foi exceção e cumprimos uma tradição que, na nossa terra, já tem cerca de 30 anos. Para além de irmos desejar as boas festas, com as janeiras pretendemos também dar a conhecer um pouco mais do que se faz na nossa comunidade, a vários níveis. Cantamos várias quadras, muitas vezes, dedicadas especialmente a quem nos abre a porta (se é homem, se é mulher, criança) e convidamos as pessoas a cantarem connosco. É um momento de convívio muito acolhedor ao qual somos sempre muito bem recebidos. O frio que normalmente se faz sentir não é obstáculo pois com calor que sentimos por parte das famílias, acabamos por aquecer o espírito.
Sara Santos