Domingo |
À procura da Palavra
Libertar do mal
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DOMINGO IV COMUM Ano B
“Até manda nos espíritos impuros
e eles obedecem-Lhe!”
Mc 1, 27

Todas as primeiras coisas têm um significado especial. Os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia de escola… Marcos oferece-nos o primeiro milagre de Jesus no seguimento do convite ao arrependimento para acreditar no evangelho, e ao chamamento dos primeiros discípulos. Em dia de sábado, que lembrava a obra da criação e a libertação do Egipto, na oração comunitária que reunia o povo na sinagoga, Jesus fala com uma autoridade que maravilha todos. Mas as suas palavras incomodaram um “endemoninhado”, alguém que ia habitualmente à sinagoga, adormecido até então por palavras sagradas que não interpelavam, por ritos vazios que mantinham tudo na mesma. Seria certamente “um bom judeu”, mas a presença e a palavra de Jesus revelam alguém prisioneiro do mal.   

Não é fácil falar do mal. Percebemos a sua presença e os seus efeitos e até o sentimos crescer, às vezes, dentro de nós, mas nem sempre descobrimos a sua origem. Há mal na fragilidade da vida, numa doença, num acidente, em sofrimentos que são, em tantos casos, inevitáveis; e há mal numa guerra, num assassínio, no ódio e na injustiça, em sofrimentos que são, em muitos casos, evitáveis. Em dois filmes candidatos aos óscares deste ano encontro uma ligação com o mal e as suas ambivalências. Em “A teoria de tudo”, a vida do físico inglês Stephen Hawking, marcada por uma doença motora degenerativa que lhe dava dois anos de vida, é engrandecida pelo amor da sua mulher e pela tenacidade com que ele sonda os segredos do universo. No retrato violento da guerra do Iraque que Clint Eastwood filmou em “Sniper americano” mergulhamos nos efeitos desumanos que a guerra (justificada ou sempre injustificada!) causa na vida e na família do atirador mais letal dos Estados Unidos, morto por um veterano que procurava ajudar. É mal o que desumaniza e, naquilo que pode depender de cada um e de todos, está nas nossas mão não o criar nem o alimentar. E tanto pode ser feito em cada dia, tanto “demónio” pode ser expulso com verdade e amor!   

O primeiro acto de Jesus é libertar do mal. Impondo silêncio ao “espírito impuro”, Jesus celebra o sábado: convida aquele homem a uma nova existência, recria-o, libertando-o do que o aprisiona. Será sempre assim ao longo dos seus dias: pela palavra, pelo perdão, pelo milagre, Jesus oferece a vida de Deus que nos recria e nos habilita a vencer o mal. Desde logo a lutar contra ele, com a autoridade do amor e da esperança, procurando sempre salvar quem está por ele dominado (o “malvado”, que tem nome e história, e de quem Deus nunca desespera!). É preciso coragem e lucidez para dar nome aos nossos males e aos do nosso tempo (a ignorância e a preguiça também são males que escravizam). Depois, é necessário entreajudar-nos na estratégia de os controlar e superar (individualismo, superstições, acomodamento irreponsável também não ajudam nada!). E, quando acreditamos em Jesus, sentimos como é importante a oração nesta missão de libertar e vencer o mal. A oração que nos une a Deus e a todos, que precede e celebra a acção. Porque se o mal dispersa e escraviza, Jesus une e liberta!

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