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Isilda Pegado
O SÍNODO para a FAMÍLIA

1 – “Agora é legal, por isso não sou contra o aborto, apesar de ser católico”, começava assim a pergunta que o Manuel de 47 anos colocava no seio de uma conversa coloquial no salão da Paróquia “X – Y”.

E, logo de seguida a Teresa de 26 anos dizia: “Porquê tanto sofrimento, não é preferível eu poder decidir de minha vida, e pedir a eutanásia? Porque hão-de ser os outros a decidir? Deus não nos pede tanto sofrimento…”.

Também o João, que já passou dos 60 anos, diz: “Com tantas crianças nas instituições, o que é uma dor, porque não permitem os homossexuais adoptá-las? Amanhã a Igreja muda e andamos aqui a dizer o que já ninguém quer ouvir”.

O chefe do grupo “X – Y” em voz baixa, e já no fim do colóquio dizia: “Só aqueles três tiveram a coragem de falar, mas quase todos pensam assim”.

2 – A Igreja é do mundo e está no mundo. As “ideias do mundo” entram na Igreja com todos os sinais de contradição que acarretam. Caímos facilmente na tentação de entender que o “deus sou eu”. Quem decide de minha vida? Os outros, ou eu?

Quem ousa colocar perguntas que respondem ao desejo do seu coração – (Qual o sentido da minha vida? Qual o valor do meu sofrimento? O que é a Felicidade?) em geral chega a um conhecimento maior e mais humano, e verifica que verdadeiramente quem, em grande medida, decide da Vida é Outro. No entanto, assume-se facilmente esta “escravidão” de decidir da minha vida ou morte, como se fosse uma liberdade.

3 – Vacilamos no destino da vida ou da morte de uma criança, que “não foi desejada”, que existe e já é “um de nós”. A troco de uma pseudo liberdade da mãe sobre quem cai esta pesada decisão de rejeitar o seu filho. E, lavamos as mãos. Porque o aborto, já é legal.

4 – Em boa hora o Papa Francisco convocou o Sínodo dos Bispos cujo texto preparatório - “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”, apela a estas perguntas/respostas. Não é possível pensar hoje o papel da Família contornando as questões da maternidade e paternidade, a vocação do casamento e as situações de maior fragilidade de vida humana.

5 – Naquele texto preparatório para o Sínodo, estão enunciadas, entre outras, estas questões. O que pretendemos dizer - “o que o mundo diz” - ou apontar caminhos de Verdade e de Felicidade para o Homem?

Como respondemos à pergunta 4. formulada naquele texto: “Como reage a acção pastoral da Igreja à difusão do relativismo cultural na sociedade secularizada …?”. Que reflexão faremos perante a pergunta 42.: “…(A Comunidade Cristã) é corajosa na proposta de soluções válidas também a nível sociopolítico?...”. Ou, que resposta daremos à pergunta 44. do mesmo documento: “Como combate a Igreja a chaga do aborto promovendo uma eficaz cultura de vida?”.

São questões que se colocam a todos, sendo que a cada um se exige o cumprimento do seu papel.

6 – Na paróquia “X – Y” houve a ousadia e o desejo de falar e de procurar a Verdade. Talvez seja este o primeiro passo. Se cada um fica com “a sua verdade” então não perceberemos que a lei que legaliza o aborto é contra o Homem e, não tornará nunca a sua prática digna. O aborto, é e será sempre um atentado contra uma vida humana. A ninguém deve ser atribuído este “direito/dever” de pôr fim a uma vida quando esta já não é produtiva, não é útil, ou não é desejada.

Nesta busca de verdade sabemos que as crianças que estão nas Instituições, têm à sua espera casais (homem e mulher) que as desejam adoptar. E que estas crianças têm direito a um pai e a uma mãe.

As meias verdades que algumas ideologias usam para nos iludir, devem ser desmontadas. Temos o direito a conhecer a realidade na sua totalidade.

7 – É com muita esperança que olhamos para este Sínodo. Para que seja um meio ao serviço da Família. Que em concreto possa ajudar os casais na busca da Felicidade e da Verdade.

Não nos move o sensacionalismo mediático, que mais corrói do que constrói. Move-nos a alegria do saber, do encontro, da razão e do razoável que nos torna mais abertos à Civilização do Amor.

O Sínodo da e para a Família é nosso.