DOMINGO II QUARESMA Ano B
"Este é o meu Filho muito amado: Escutai-O”
Mc 9, 7
Não deixa de ser curioso como podemos olhar para os Óscares deste ano, que premiaram o cinema (na maioria norte-americano!), e ver a predominância de histórias pessoais com um fundo espiritual. São pequenas histórias de luta, de procura de identidade, de fragilidade e coragem. Um actor em declínio que deseja a libertação de ter encarnado um herói imaginário (“Birdman”), uma famosa professora que enfrenta a degradação da doença de Alzheimer (“O meu nome é Alice”), um famoso cientista que enfrenta com o amor da mulher uma doença degenerativa (“A teoria de tudo”), uma noviça em confronto com o seu passado (“Ida”), um robot bondoso e compassivo (“Big Hero 6”), uma mãe e mulher que valoriza os pequenos momentos (“Boyhood”), a hospitalidade e cortesia de um chefe de hotel (“Grand Hotel Budapest”). Mais do que os grandes temas ou a espectacularidade de imagens “maiores do que a vida”, foram os relatos mínimos que venceram. Mas não são mínimas as questões que nos levantam, nem os valores que nos apontam.
“O meu nome é Alice”, interpretado por Julianne Moore (que recebeu o Óscar de melhor atriz), aborda um tema difícil: o apagar da memória e da vida que a doença de Alzheimer provoca. É uma interpretação notável, num filme sereno e contido, que nos remete para a realidade de tantas vidas e famílias, que podem ser as nossas, ou estão tão próximas. Sem apresentar soluções mágicas ou radicais fala-nos da aprendizagem da perda, e das dificuldades de amar quem já parece que não está cá. E dei por mim a repetir silenciosamente no pensamento: “E ainda assim somos filhos muito amados de Deus!”
Pedro, Tiago e João foram escolhidos por Jesus para um momento significativo de revelação. Talvez fossem os que mais precisavam, pois foram imediatas as suas recusas da paixão e da cruz de Jesus: Pedro procurou tirar-Lhe essas ideias da cabeça, e Tiago e João pediram os primeiros lugares no seu reino. E vai ser ainda a ideia de uma vida fácil e cómoda, de um triunfo sobre o mundo, ou de um “pairar sobre a realidade” (própria de tantos que se servem em vez de servirem!) que vai levar Pedro a propôr montar ali três tendas. Fundamental neste relato é a palavra do Pai: Jesus é o Filho muito amado que nos pede que escutemos. E escutar é acolher o seu projecto de amor, é acreditar que Deus nos ama da mesma maneira, que a vida se transforma e é mais autêntica quando damos vida às suas palavras. O lugar dessa transformação é a nossa vida quotidiana e pouco espectacular (ou afinal, mais espectacular do que pensamos), onde há desafios e problemas, erros e aprendizagens, mal e bondade, cruz e também ressurreição. Podemos escrever histórias mínimas, não ficar com o nome impresso em papel ou no mármore, poucos lembrarem a nossa falta, mas no coração de Deus todos estamos gravados. E certamente a importância de cada pessoa nunca pode ser avaliada pelo próprio. Só nos pede Deus uma coisa: que amemos a vida ao jeito de Jesus! E nenhuma história será mínima!
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|