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A uma janela de Roma
“Credibilidade da Igreja passa através do caminho do amor misericordioso e compassivo”
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Foi divulgada a Bula que traça os objetivos do Jubileu da Misericórdia. Na semana em que abordou a questão de género, o Papa falou das vocações e do massacre da população cristã arménia. Na Páscoa, Francisco lembrou os cristãos perseguidos.

 

1. O Papa convocou a Igreja para o Jubileu da Misericórdia e, no passado dia 11 de abril, foi divulgada a Bula que traça os objetivos da iniciativa. Francisco pede uma Igreja centrada no essencial. O Santo Padre não quer uma Igreja distraída do essencial, por isso, propõe “o perdão e a misericórdia” como critério imperativo “no concreto das intenções, atitudes e comportamentos quotidianos”.

O Papa diz que “a credibilidade da Igreja passa através do caminho do amor misericordioso e compassivo” e pede especial atenção “aos que vivem nas mais diversas periferias existenciais que o mundo moderno cria de maneira dramática”. Para isso, é preciso “não cairmos na indiferença que humilha, nos hábitos que anestesiam a alma e impedem descobrir a novidade, ou no cinismo que destrói”, o que implica “abrir os olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados de dignidade e ouvir o seu pedido de ajuda”.

Neste jubileu, Francisco dirige-se também “aos homens e mulheres que vivem no mundo do crime”, pedindo-lhes que se convertam, que “mudem de vida” e “não caiam na terrível armadilha de pensar que a vida depende do dinheiro”. O mesmo apelo é lançado também aos “autores e cúmplices da corrupção”, que o Papa define como “uma chaga putrefacta da sociedade e um grave pecado que brada aos céus, porque mina as bases da vida pessoal e social”. Francisco espera ainda que este Ano Santo da Misericórdia “favoreça o encontro entre religiões” – sobretudo com os judeus e os muçulmanos – para se “eliminar todo o tipo de desprezo, violência e discriminação”. O jubileu começa a 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, e estende-se até 20 de novembro do próximo ano.

 

2. As diferenças entre homem e mulher existem e anular a diferença não é a solução. O Papa abordou as questões de género na audiência-geral da passada quarta-feira, 15 de abril, no Vaticano. Para Francisco, a cultura moderna abriu novos espaços, novas liberdades e aprofundou o enriquecimento da compreensão da diferença. Mas introduziu, também, muitas dúvidas e muito ceticismo. “Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do género não exprime também uma frustração e uma resignação que pretende cancelar a diferença sexual porque já não se sabe confrontar com ela. Sim, arriscamos dar um passo atrás. Com efeito, a remoção da diferença é o problema, não a solução”, afirmou.

 

3. Escutar e acolher o chamamento de Cristo é um compromisso real e concreto para a construção do Reino de Deus e não uma emoção do momento, observa o Papa Francisco, na sua mensagem para o 52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que decorre no dia 26 de abril. No texto, Francisco lembra que esta jornada se celebra há 50 anos com a finalidade de recordar a Igreja da “importância de rezar para que, como disse Jesus aos seus discípulos, ‘o dono da colheita… mande operários a sua colheita’”. O Papa explicou que entregar a própria vida em atitude missionária “só será possível se formos capazes de sair de nós mesmos”, como um “êxodo”. Depois, desafiou os jovens a responderem ao chamamento vocacional, pois “esta dinâmica do êxodo, para Deus e para o homem, enche a vida de alegria e de sentido pleno”. “Que bom é deixar-se surpreender pelo chamamento de Deus, acolher a sua Palavra, dirigir os passos da nossa vida seguindo as pegadas de Jesus, na adoração ao mistério divino e na entrega generosa aos outros. A vida seria mais verdadeira e mais alegre cada dia”, assegurou.

 

4. O Papa Francisco considera que o massacre da população cristã arménia, ocorrido há 100 anos, foi o “primeiro genocídio do século XX”. Na Missa de Domingo de manhã, dia 12 de abril, na Basílica de São Pedro, o Papa recordou a “matança sem sentido” de mais de um milhão de arménios pelo império Otomano, entre 1915 e 1917. A Turquia admite que muitos cristãos arménios morreram durante o conflito de há um século, mas nega a existência de um genocídio.

O Papa também não esqueceu outras duas tragédias humanas: as que foram cometidas pelo nazismo e pelo estalinismo, nem esquecendo outros extermínios dos tempos atuais. Francisco voltou a lembrar os crimes de que os cristãos são vítimas nos dias de hoje e falou numa “terceira guerra mundial combatida aos pedaços”. “Assistimos diariamente a crimes hediondos, a massacres sangrentos e à loucura da destruição. Ainda hoje, infelizmente, ouvimos o grito, abafado e descurado, de muitos dos nossos irmãos e irmãs indefesos que, por causa da sua fé em Cristo ou da sua pertença étnica, são pública e atrozmente assassinados – decapitados, crucificados, queimados vivos – ou então forçados a abandonar a sua terra. Também hoje estamos a viver uma espécie de genocídio, causado pela indiferença geral e coletiva, pelo silêncio cúmplice”, declarou.

 

5. No Domingo de Páscoa, o Papa Francisco recordou todas as zonas de conflito no mundo, pedindo a paz. Na mensagem ‘Urbi et Orbi’ – para a cidade e para o mundo –, Francisco sublinhou depois que a Páscoa representa o verdadeiro caminho para a felicidade. “Com a sua morte e ressurreição, Jesus indica a todos o caminho da vida e da felicidade: este caminho é a humildade, que inclui a humilhação. Esta é a estrada que leva à glória. Somente quem se humilha pode caminhar para as ‘coisas do alto’, para Deus. O orgulhoso olha ‘de cima para baixo’, o humilde olha ‘de baixo para cima’”.

Em Sábado Santo, na Vigília Pascal, o Papa pediu a todos os fiéis que evitem a indiferença e vivam a fé com coragem, enquanto no Coliseu de Roma, em Sexta-Feira Santa, as meditações da Via Sacra deste ano não esqueceram a perseguição dos mártires cristãos da atualidade. O Papa esteve esta Quinta-feira Santa numa das cadeias mais sobrelotadas de Itália, com mais de dois mil prisioneiros. Simbolicamente Francisco lavou os pés a 12 detidos, entre os quais estavam algumas mulheres que não esconderam a sua emoção.

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