Doutrina social |
Perseguição aos cristãos
Indiferença geral e coletiva
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Foi esta a expressão utilizada pelo Papa Francisco no dia 12 de Abril, quando lembrou o extermínio dos arménios e recordou “o grito abafado e descurado de muitos dos nossos irmãos e irmãs inermes, que por causa da sua fé em Cristo ou da sua pertença étnica, são pública e atrozmente assassinados – decapitados, crucificados, queimados vivos – ou então forçados a abandonar a sua terra”.

 

Não em nome de Deus

No dia anterior denunciou a violência inaudita que atinge cristãos em várias partes do mundo e apelou à oração pelos irmãos e irmãs que estão na tribulação bem como pela conversão da indiferença à compaixão.

Não é de hoje a pergunta que por vezes é feita quando se fala de diálogo inter-religioso: como é que damos todas as oportunidades a eles (os não-cristãos) e eles não dão nenhuma a quem vai de fora ? A dúvida radica mais na dimensão política do que na religiosa, embora a fronteira seja por vezes muito ténue. Ainda nestes dias, na visita  que D. Manuel Linda, em representação da CEP, fez à Mesquita de Lisboa, o Presidente da Comunidade Islâmica referiu que o Estado Islâmico não representa em nada as convicções dos verdadeiros muçulmanos. As barbaridades cometidas em nome de Deus não passam disso mesmo e poderão ser consideradas como uma blasfémia contra o próprio Deus, que faz da prática do bem ao próximo um sinal da fidelidade a Ele. A tolerância e, mais do que isso, o bem querer e a colaboração na construção da felicidade sempre foram um sinal luminoso na atribulada história da humanidade. Recorde-se o caso de Francisco de Assis que, enquanto uns lutavam contra os sarracenos, ele foi ao encontro de Saladino numa perspetiva de pacificação. Apostar na confiança é o caminho para a paz. Partir da desconfiança e do preconceito é dialogar com o punhal na boca.

 

Num ponto de loucura

Num enquadramento de luta pelo poder, acompanhada por leituras fundamentalistas dos textos religiosos, incluindo as suas traduções históricas, estamos atingindo um ponto de loucura, que exige uma atenção constante e uma intervenção a vários níveis, para evitar que o nome de Deus seja invocado para fazer aquilo que Ele não permite. O Papa que tanto se tem esforçado em construir pontes de aproximação entre as religiões, tem a consciência das exigências e do melindre destas causas. Quando regressava da visita à Coreia do Sul, perante as barbaridades ocorridas então no Iraque, disse aos jornalistas: “É  preciso travar a violência”, explicitando que com isso não queria sugerir fazer guerra, bombardear, mas apenas travar.

Na tradicional Via Sacra de Sexta-Feira Santa juntou à cruz de Jesus a cruz dos cristãos perseguidos.

Vão-se multiplicando as vozes,  já não só individuais, mas também coletivas, formando um grande brado contra a perseguição. É o caso da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que há muito vem elaborando o relatório sobre a liberdade religiosa e apelando à solidariedade para com as vítimas da discriminação e da perseguição; as visitas no terreno têm-lhe conferido autoridade; o convite a interlocutores locais para visitarem o mundo livre dão-lhe consistência. A Comissão Nacional Justiça e Paz publicou para a Semana Santa a nota “Vemos, ouvimos e lemos” manifestando que “não podemos ignorar” o que está a acontecer. No passado 10 de Abril, o Prefeito e o Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica uniram-se aos alertas contra a perseguição dos cristãos.

 

Ajudai-nos!

As notícias que vão chegando em catadupa do inferno do Médio Oriente e também da África vão abalando a sensibilidade do mundo anestesiado com os problemas do imediato sem grandes horizontes. Mas não se pode justificar essa indiferença ou apatia quando nos chegam apelos como aquele dos irmãos maristas de Alepo, na Síria, através do Irmão Georges Sabé, relatando o drama em curso: “Há três dias a catedral maronita, a catedral greco-católica e todo o bairro em redor, foram alvo de um bombardeamento que fez cair o teto das duas catedrais… Ontem, à noite, sobre um outro bairro cristão da cidade houve vários mísseis lançados sobre as casas, destruindo-as e obrigando as pessoas a andarem sem rumo na rua, a sair, a tentar tirar dos escombros os pais, os filhos; é uma situação dramática. É medonho, é horrível tudo o que se passou a partir de então.” E repetia: “Ajudai-nos! Ajudai-nos!”

texto por P. Valentim Gonçalves, CJP-CIRP
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