O pároco de Moscavide, padre José Fernando, assume: “O facto de Moscavide receber a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima não é motivo para dar nas vistas, mas para despertar para a importância da fé”. Esta paróquia recebeu Maria, no passado dia 9 de maio, para uma visita que se prolonga até ao final do mês.
Vão ser 22 dias com Maria. De 9 a 31 de maio, a paróquia de Santo António de Moscavide recebe a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. “O facto de Moscavide receber a Imagem Peregrina não é motivo para dar nas vistas, mas para despertar para a importância da fé. O papel de Maria na Igreja foi sempre neste sentido: um contributo para chegarmos a Cristo. Ela sempre foi medianeira e um ‘meio’ através de quem nós podemos chegar a Cristo”, observa ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco de Moscavide, padre José Fernando da Silva Ferreira.
Desde há vários anos que este sacerdote pensava na possibilidade de pedir ao Santuário de Fátima a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora à sua atual paróquia. Quando foi nomeado assistente diocesano do Movimento da Mensagem de Fátima, há cerca de dois anos, esta ideia começou a ganhar forma, explica o padre José Fernando. “Sempre tive um grande carinho e uma grande devoção a Nossa Senhora. Sempre me fascinou muito este papel de Maria na Igreja, o ‘fazei tudo o que Ele vos disser’, esta atitude serviçal de disponibilidade, de cuidado, de atenção aos outros”, testemunha.
Uma paróquia mariana
‘Moscavide com Maria’ é o lema desta visita de quase um mês. “Queremos acolher Nossa Senhora e através d’Ela acolher o próprio Deus no nosso coração, na nossa vida. Procurar fazer o que Maria disse nas bodas de Caná e fazer tudo o que Ele nos diz”, garante o pároco, assegurando que Moscavide é uma paróquia mariana: “Existe muita devoção a Nossa Senhora. A igreja paroquial, por exemplo, só tem duas Imagens: a do padroeiro e uma Imagem de Nossa Senhora do Rosário. Todos os dias é rezado o Terço, na igreja de Moscavide, tal como pediu Nossa Senhora em Fátima. De manhã, às 9h00, antes da Missa, e à noite, pelas 18h15, também antes da Eucaristia. Rezamos o Terço pela conversão dos pecadores, pela salvação das almas e pela paz no mundo”.
Para o padre José Fernando, de 43 anos, “as aparições de Fátima não acontecem por acaso”. “Acontecem num âmbito muito complicado, não só cultural, social, e até político, do país. Mesmo a nível mundial, sabemos da importância das aparições de Fátima também para a mudança de todo um sistema, a abertura de corações e esse convite à paz e à harmonia”, frisa.
Com Maria, chegar a todos
A visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Moscavide integra-se também no espírito do Sínodo Diocesano 2016, que tem como lema ‘O sonho missionário de chegar a todos’. “Há muita gente que faz de Moscavide via de passagem, através dos autocarros, dos comboios e do metro. São muitos os que passam, os que partem e os que chegam a Moscavide. Como também caminhamos a passos largos para o centenário das aparições, entendemos que Maria seria um bom ‘meio’ para mobilizar esta comunidade, de chegar mais longe, envolver toda a gente, não só os que vêm a Moscavide, mas ir ao encontro daqueles que estão nas periferias, ou seja, que estão mais afastados da Igreja”, aponta o sacerdote.
O padre José Fernando destaca, por isso, “o contributo de Maria para a evangelização”. “Há muitas pessoas que estão afastadas, mas em que a fé está lá. Está é ainda por desenvolver, falta tomar consciência de que somos realmente cristãos, e por vezes é preciso um ‘abanão’, é preciso ‘agitar’ para as pessoas compreenderem que são cristãs”, destaca, apontando que a presença de Nossa Senhora em Moscavide vai “envolver a comunidade”: “As pessoas precisam de algo que as mobilize”.
Beleza
Moscavide engalanou-se para receber a Mãe de Deus. As principais ruas da freguesia foram adornas com flores de plástico, feitas pelas pessoas, de cores branca, amarela e azul. “A vila está muito bonita! Todas as principais ruas foram adornadas. Nos dias que antecederam a chegada de Maria, lançámos o desafio à comunidade para embelezar as ruas, as janelas e as varandas. Ainda esta manhã eu via pessoas de boca aberta, a olhar para os estandartes de Nossa Senhora. Não nos passa pela cabeça a capacidade de mobilização e de criatividade desta gente”, aponta, satisfeito, o pároco, destacando, igualmente, “a grande abertura da junta de freguesia” em toda a organização da visita da Imagem Peregrina.
O padre José Fernando, que está em Moscavide desde setembro de 2011, sente que quanto mais desafia a comunidade, mais as pessoas vão também desafiando o pároco. “Isto dá uma certa garra, porque mostra que não estamos satisfeitos com aquilo que temos e queremos mais. Isto é interessante e é um bom desafio também para mim, enquanto pastor”.
Dar Cristo ao mundo
A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou a Moscavide na tarde do passado sábado, 9 de maio. No jardim público, uma multidão acolheu Maria. À noite, depois da procissão de velas pelas ruas de Moscavide, D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, presidiu à Eucaristia na igreja paroquial, que foi pequena para receber todos os que queriam estar junto da Mãe de Deus. “Nossa Senhora acolheu a Palavra de Deus, guardou-a no seu coração. A Palavra de Deus, acolhida na fé, gera em nós Cristo: converte-nos, cura-nos, purifica-nos, conforma-nos a Jesus, a pensar, a sentir e a agir como Ele e associa-nos à missão de Maria: dar Cristo ao mundo, irradiando-o na nossa vida. Amar Nossa Senhora, ser seu devoto, ser seu filho, ser sua filha é imitá-la, parecer-se com Ela”, lembrou D. Joaquim Mendes, na sua homilia.
O Bispo Auxiliar do Patriarcado apelou ainda ao crescimento da filiação mariana da comunidade: “Que passeis bem estes dias com a presença de Nossa Senhora no meio de vós, e que a escuta e o diálogo com Ela façam crescer em vós os traços desta filiação mariana; que Ela se possa rever em vós e se sinta orgulhosa de vós, porque vos pareceis com Ela, porque Ela se reconhece viva nos seus filhos e nas suas filhas”.
Acolher Nossa Senhora no coração
Na noite do dia 13 de maio, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, presidiu a outra procissão com a Imagem Peregrina pelas ruas de Moscavide, a que se seguiu a Eucaristia. Nos 22 dias de presença nesta paróquia, Maria esteve, durante todo o dia 14 de maio, junto à Escola Catela Gomes, como que “acolhendo os alunos e encarregados de educação”, aponta o pároco. Haverá ainda visitas ao centro social paroquial e ao centro de dia da junta de freguesia, além de atividades com famílias (dia 17), doentes e idosos (dia 24), jovens (dia 30) e missões de rua (dias 26 e 27). No dia 30 de maio, entre as 15h00 e as 17h00, vai ser organizado um cortejo automóvel pelas ruas de Moscavide, havendo a garantia de que “Nossa Senhora vai passar por todas as ruas da paróquia”, refere o padre José Fernando.
Durante a semana, vai ser rezado o Terço, junto à Imagem de Maria, às 9h00 e às 19h30; aos sábados, às 9h00 e às 17h30; e aos Domingos, às 17h30. Ao longo dos dias de visita, Nossa Senhora sai da igreja paroquial por volta das 10h00 e regressa pelas 18h00. “À porta da igreja colocaremos um papel a dizer onde estará a Imagem Peregrina. Porque a ideia é que as pessoas acompanhem Maria, sempre que possam, aos vários locais”, revela o pároco.
A despedida da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima da paróquia de Moscavide vai ser feita na noite do dia 31 de maio, às 21h00, com procissão e Eucaristia presididas por D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa. “Procurámos que o programa fosse abrangente. Não queremos que Nossa Senhora fique só dentro da igreja, mas que vá e chegue aos outros e acabe por ser acolhida no coração de todos”, deseja o pároco de Moscavide.
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O vínculo forte da fé católica
Na celebração do 13 de maio, em Fátima, o Cardeal-Arcebispo de Aparecida, D. Raymundo Damasceno Assis, destacou os “especiais vínculos de fraternidade e de fé” que unem a “querida pátria Lusitana e o Brasil, Terra de Santa Cruz”. “Sem dúvida, que o vínculo mais forte é o da fé católica. Mais forte, ousaria dizer, do que a língua comum, que nos permite comunicar com facilidade. E, no âmbito da fé que nos une, destaca-se o amor filial e a devoção à Virgem Santa Maria”, observou o cardeal brasileiro, na Missa de encerramento da peregrinação internacional das aparições.
Portugal e Brasil estão especialmente unidos por dois “eventos marianos”, separados por 200 anos. No Brasil, com “o encontro extraordinário da Imagem milagrosa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida”; enquanto “em Portugal, em 1917”, com “a milagrosa aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco”. “Os detalhes das devoções que se formam são diferentes, aqui e lá, mas é comum o rico e profundo ambiente de oração que se cultiva e cresce”, completou o antigo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
No final da Eucaristia, no Santuário de Fátima, foi feito o envio da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que esta quarta-feira iniciou uma visita de 12 meses às dioceses portuguesas, no âmbito dos preparativos para as comemorações do centenário das aparições. Após deixar o Santuário de Fátima, Maria fará o seguinte percurso por Portugal: Viseu, Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Bragança-Miranda, Lamego, Coimbra, Guarda, Portalegre-Castelo Branco, Setúbal, Évora, Beja, Algarve, Santarém, Lisboa (17 de janeiro a 7 de fevereiro de 2016), Madeira, Aveiro, Açores, Porto, Leiria-Fátima.
“Igreja não pode afastar-se da simplicidade”
A Igreja não pode afastar-se do caminho da simplicidade, defendeu, na noite do dia 12 de maio, o Cardeal-Arcebispo de Aparecida, D. Raymundo Damasceno Assis, que presidiu à peregrinação aniversária de maio, no Santuário de Fátima. Na noite da procissão das velas, perante uma multidão de fiéis, D. Raymundo citou o Papa Francisco para dizer que a Igreja não pode “desaprender” a lição de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, bem como a mensagem das aparições de Fátima. “A fragilidade é o meio escolhido por Deus para realizar a sua obra. A Igreja deve sempre lembrar que não pode afastar-se da simplicidade”, declarou o prelado brasileiro.
Venerar Nossa Senhora Aparecida
O início das cerimónias da peregrinação internacional de maio ficou marcado pela entronização da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, sinal da “união” entre Portugal e Brasil, numa cerimónia englobada nas comemorações dos 300 anos do ‘achamento’ da Imagem da ‘Mãe Aparecida no rio Paraíba do Sul’, que será assinalado em 2017, ano do centenário das aparições de Fátima. “Queremos que a presença desta Imagem seja sinal da união destes povos, portugueses e brasileiros, que estão unidos por profundos laços históricos, pela mesma fé, pelo mesmo amor a Nossa Senhora”, declarou o Arcebispo de Aparecida. Foi a primeira vez que no santuário português se entronizou outra Imagem que não a de Nossa Senhora de Fátima. “O ato da entronização significa, fundamentalmente, colocar a Imagem de Nossa Senhora Aparecida num lugar no santuário à veneração dos fiéis”, explicou o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas.
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