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A uma janela de Roma
“É preciso trabalhar sobre o amor”
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O Papa Francisco apelou à valorização do tempo de noivado. Na semana em que o Secretário de Estado do Vaticano falou da “derrota da humanidade”, foi publicada a Mensagem do Papa para o 89º Dia Mundial das Missões. Francisco lembrou que o mundo precisa de coragem, esperança e fé e recordou D. Óscar Romero.

 

1. O Papa apelou à revalorização do tempo de noivado, que apresentou como um “percurso de amadurecimento” para o matrimónio, sem “queimar” etapas. “Não há casamento ‘expresso’, é preciso trabalhar sobre o amor, é preciso caminhar. A aliança do amor do homem e da mulher aprende-se e afina-se”, referiu, na audiência-geral de quarta-feira, dia 27 de maio, que reuniu milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

Francisco sublinhou que a Igreja Católica distingue o tempo do noivado do casamento, convidando os fiéis e a sociedade em geral a “não desprezar de ânimo leve este sábio ensinamento”. “Os símbolos fortes do corpo têm as chaves da alma: não podemos tratar os laços da carne com ligeireza sem abrir feridas duradouras no espírito”, alertou. O Papa assinalou ainda que a cultura e a sociedade atuais se tornaram “indiferentes” à “delicadeza e à seriedade” deste ensinamento, criando ainda obstáculos “mentais e práticos” aos jovens casais que querem ter filhos. “Fazer de duas vidas uma só vida é também um milagre da liberdade e do coração, confiado à fé. O noivado põe à prova a vontade de guardar algo que nunca deverá ser comprado ou vendido, atraiçoado ou abandonado por mais atraente que possa ser a oferta”, observou.

Francisco referiu-se também aos Cursos de Preparação para o Matrimónio, que muitos casais acreditam ser inúteis, mas que lhes oferece uma oportunidade, “muitas vezes única”, para refletirem sobre a sua experiência.

 

2. “Não só uma derrota dos princípios cristãos, mas uma derrota da humanidade”. É desta forma que o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, comentou o êxito do referendo que na Irlanda legalizou os matrimónios entre pessoas do mesmo sexo. “Fiquei muito triste por este resultado” disse, acrescentado que “a Igreja deve ter em conta esta realidade, mas deve fazê-lo no sentido de fortalecer todo o seu compromisso para evangelizar também a nossa cultura”.

Respondendo a uma pergunta sobre o próximo Sínodo dos Bispos, o cardeal Parolin reafirmou que “a família permanece o centro, e devemos fazer realmente de tudo” para a defender e promover “porque qualquer futuro da humanidade e da Igreja, também diante de certos acontecimentos dos últimos dias, depende da família”. “Não apoiar a família é como tirar a base daquilo que deveria ser o edifício do futuro”, garantiu o Secretário de Estado do Vaticano.

 

3. A mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões destaca a importância de um trabalho "intrínseco a todas as formas de vida consagrada" e que "não pode ser negligenciado". No texto, publicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco salienta que “a missão, o ser missionário, nada tem a ver com proselitismo ou mera estratégia", mas faz parte da "gramática da fé" que bispos e padres, religiosos e religiosas devem pôr em prática, sobretudo junto dos "pobres, os humildes e doentes, daqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos". "É uma dimensão que sustenta a própria natureza da Igreja Católica" e colocá-la de lado é "diminuir e desfigurar o seu próprio carisma", alerta o Papa argentino.

Este ano, o Dia Mundial das Missões vai ser assinalado a 18 de outubro e coincide com o 50º aniversário do decreto ‘Ad Gentes’, saído do Concílio Vaticano II, precisamente sobre a atividade missionária da Igreja. Um documento que, segundo Francisco, "impulsionou muitas comunidades religiosas a abraçarem, com extraordinária abertura, a missão no exterior" e que proporcionou o acolhimento de muitas vocações nos países que foram alvo de evangelização.

 

4. O Papa Francisco diz que o mundo precisa de coragem, esperança e fé, à semelhança do que fizeram os discípulos de Cristo. As palavras do Papa foram deixadas na homilia da Missa de Pentecostes, que Francisco presidiu no passado Domingo, dia 24 de maio, em Roma. “O mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio”, exortou o Papa. “O dom do Espírito Santo foi concedido em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz. Fortalecidos pelo Espírito e seus múltiplos dons, tornamo-nos capazes de lutar, sem abdicações, contra o pecado e a corrupção e dedicar-nos, com paciente perseverança, às obras da justiça e da paz”, afirmou o Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

 

5. D. Óscar Romero, antigo Arcebispo de San Salvador que foi assassinado em 1980 quando celebrava Missa, “construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim”, escreveu o Papa Francisco, numa carta enviada ao atual Arcebispo de San Salvador, D. José Luis Escobar Alas, presidente da Conferência Episcopal de El Salvador. Na carta, escrita por ocasião da beatificação de D. Óscar Romero, no passado dia 23 de maio, Francisco sublinha que “o Senhor nunca abandona o seu povo nas dificuldades” e recordou D. Romero como um “bispo zeloso que, amando a Deus e servindo os irmãos, tornou-se imagem de Cristo Bom Pastor”. “Em tempos difíceis de convivência, D. Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério destacou-se pela atenção especial aos pobres e marginalizados. No momento da sua morte, enquanto celebrava o Santo Sacrifício do amor e da reconciliação, recebeu a graça de identificar-se plenamente com Aquele que deu a vida pelas suas ovelhas”, escreveu o Papa.

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