Missão |
Elza Chambel
Uma vida dedicada aos outros!
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Elza Chambel nasceu no Rio de Janeiro, no Brasil, há 78 anos atrás. Cedo veio para Portugal e a sua infância foi passada em Trás-os-Montes. Todos a apelidavam de “a senhora solidariedade”.

 

Pioneira na promoção dos direitos da mulher no mercado de trabalho

Em 1960 licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Foi pioneira neste campo pois na altura eram poucas as mulheres a ter a oportunidade de frequentar a universidade e se licenciar em Direito. Afirmava-se como “feminina entre aspas” e o seu contributo para a afirmação do sexo feminino na administração pública em Portugal é inegável. Após a sua licenciatura, fixou-se em Santarém em 1966 após o seu casamento. Foi primeiramente notária no Entroncamento, foi a primeira chefe de secção em Portugal e de seguida foi durante muitos anos Diretora Distrital da Segurança Social de Santarém e da região de Lisboa e Vale do Tejo. Numa entrevista que deu, partilhou que “as mulheres só iam como chefe de secção, era um regulamento de 73. Eu fui a uma reunião do sindicato, quatro meses depois de estar na Segurança Social, e no fim perguntaram-me o que é que eu achava do estatuto. E eu disse: “Olhe, penso muito mal, porque eu admito perfeitamente não ser promovida, agora por ser mulher, uma discriminação sexual, não admito. E os homens entram como diretores de serviço ou como chefes de divisão. Eu tenho licenciatura em Direito, sou mais qualificada do que eles, mas entro como chefe [de secção], não admito”. Durante as suas funções, fez do estatuto do pessoal da Caixa de Previdência de Santarém um exemplo nacional. Foi presidente de uma junta de freguesia da cidade e eleita para a Assembleia Municipal mas sempre privilegiou atividades de cidadania em vez da “militância ativa”. Na década de 90 foi para Angola, a convite da Organização Internacional do Trabalho, com mais uma missão difícil mas bem-sucedida: criar o Instituto Nacional de Segurança Social de raiz. Enquanto exercia a sua missão ainda contribuiu para vários projetos de educação e alfabetização. No regresso foi trabalhar para a Caixa de Doenças Profissionais e dizia ter aprendido “com todos aqueles com quem tive a oportunidade de trabalhar. Quando me apoiavam e quando diziam que não tinha razão… e, realmente, um dos traços do meu carácter é ser teimosa. O meu marido dizia que, mesmo se o mundo estivesse todo a tombar, eu ainda arranjava um pau ou uma pedra e não deixava que tombasse todo”.

 

Agitar consciências e dar visibilidade à causa

Ao mesmo tempo, sempre se dedicou à promoção do voluntariado. Como se pode ler em inúmeros artigos sobre Elza Chambel, “procurava agitar consciências e dar visibilidade à causa!”. Desde 2006 foi Presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado e em 2011 foi a Coordenadora Nacional do Ano Europeu do Voluntariado. Em 2012 foi agraciada pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, destinado a “galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade.”Elza Chambel dizia frequentemente que “voluntariado é trabalhar para e com os outros!”. Dedicou a sua vida inteira á luta pelas causas sociais. Graças ao seu trabalho, existem hoje em Portugal mais de meio milhão de voluntários. Recentemente eram frequentes as suas intervenções nas quais defendia que o trabalho voluntário não pode nunca substituir os postos de trabalho. Colaborou em diversos estudos, deu testemunhos, partilhou a sua experiência, representou Portugal em conferências internacionais sobre voluntariado, apresentando o bom exemplo do voluntariado em Portugal.

 

Partiu para o Pai mas permanece viva em cada coração

No passado dia 19 de Maio, partiu para o Pai, deixando marcas de amor, dedicação, empenho, garra e entusiasmo na vida de todos aqueles cujas vidas se cruzaram com a sua. Fisicamente deixou de estar em nossa presença, mas o seu legado irá acompanhar-nos para sempre, assim como a energia inesgotável que colocava em tudo o que fazia. A FEC curva-se respeitosamente perante a sua memória e agradece o dom da sua vida e todo o carinho que sempre teve para com todos aqueles que com ela tiveram o privilégio de trabalhar e conviver.


foto principal por www.presidencia.pt

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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