O claustro da Sé de Lisboa vai ser reabilitado, com o local a tornar-se num núcleo museológico. O projeto, no âmbito da iniciativa Rota das Catedrais, foi apresentado no passado dia 21 de julho, pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, e pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.
O plano de reabilitação foi apresentado numa sessão de assinatura da adenda ao protocolo celebrado em 2012, entre o Governo e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). As obras de reabilitação têm a duração prevista de 18 meses e surgem enquadradas pelo Acordo de Cooperação entre o Ministério da Cultura e a CEP para Implementação do Projeto ‘Rota das Catedrais’. Segundo o subdiretor-geral da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), João Carlos Santos, “as linhas estruturantes do projeto” são o “fechamento do espaço arqueológico e reposição do nível do pátio do claustro”, “estabelecimento de comunicação vertical, ligando as galerias superior e inferior do claustro e os níveis do espaço em cripta, com a construção de uma escada no mesmo local onde existe hoje uma escada de caracol”, construção de um elevador que liga a “galeria inferior do claustro e os níveis do espaço em cripta” e o “estabelecimento de um acesso ao espaço museológico em cripta pela Rua das Cruzes da Sé, sendo feita a abertura de uma porta”. Para além destas intervenções, este responsável anunciou que “a DGPC está a desenvolver um plano estratégico para a recuperação integral da Sé de Lisboa”.
O arquiteto Adalberto Dias, responsável pelo projeto, destaca a intervenção do claustro inferior, que foi muito afetado pelo incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755. “Vamos construir um piso a cobrir as ruínas. Será uma só laje, sem apoios centrais para não interferir com as ruínas” e no centro será construída uma fonte, simbolizando a “fonte da vida”. Desta forma, “o claustro da Sé de Lisboa vai retomar as suas verdadeiras dimensões arquitetónicas, simbólicas e espirituais”, assegura Adalberto Dias.
História da cidade
“A história da Sé de Lisboa cruza-se com a história da cidade”, afirmou João Carlos Santos, subdiretor-geral da DGPC, no claustro da Sé, apresentando uma síntese da construção do monumento: “Construída, ao que tudo indica, sobre a antiga mesquita muçulmana, o primeiro impulso edificador da Sé de Lisboa deu-se entre 1147, data da conquista da cidade, e os primeiros anos do século XIII. Nos séculos seguintes foi objeto de várias transformações de que se destaca a construção do claustro dionisino. Ao longo da Idade Moderna o edifício foi objeto de enriquecimentos arquitetónicos e artísticos vários, de que se destaca a construção da sacristia. Com o terramoto de 1755 a Sé de Lisboa foi muito afetada, nomeadamente a ala sul do claustro. As campanhas de restauro da primeira metade do século XX tiveram como objetivo a ‘restituição’ da atmosfera medieval a todo o conjunto”.
As escavações arqueológicas que se realizaram nos anos 90, e que se prolongaram até 2010, permitiram “pôr a descoberto uma importante estratigrafia arqueológica que ilustra os diferentes períodos da ocupação da cidade de Lisboa, desde os Fenícios à Idade Medieval, passando pelos períodos romano e islâmico”. Segundo João Carlos Santos, esta “longa diacronia e complexidade ocupacional” salientam a importância patrimonial do espaço e “justificam” o projeto de reabilitação.
Memória
Após a visita ao espaço arqueológico, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, classificou o claustro da Sé de Lisboa como “um repositório único da cidade de Lisboa e dos sucessivos estabelecimentos das populações e suas culturas”. Segundo o Cardeal-Patriarca de Lisboa, esta requalificação visa “recuperar a memória do edifício, a memória da cidade e, até, do país”.
O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, explicou que a obra só deverá arrancar dentro de “um ano, ano e meio”, devido a “um conjunto de procedimentos legais necessários”, e lembrou as intervenções já efetuadas, ao abrigo o programa Rota das Catedrais, nas Sés de Santarém e do Porto, e das Sés de Viseu, Guarda e Leiria, cujas intervenções estão a decorrer.
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