Perseguidos, chantageados, agredidos e mortos. No Paquistão, os cristãos sentem-se como que abandonados. É raro o dia em que não há notícias de um cristão falsamente acusado de blasfémia. E isso é quanto basta para ser enviado para a cadeia. Ou para ser morto.
Awais Qamar teve sorte. Muita sorte. No passado dia 2 de Julho, os vizinhos começaram a dizer que ele usava um pedaço de uma pintura, com versos escritos do Alcorão, como tapete na sala. Foi o que bastou. As palavras tornaram-se gritos e a multidão quis fazer logo ali justiça pelas próprias mãos. Atacaram a casa de Qamar, agrediram-no, assim como à sua mulher e cunhada. Raparam-lhes o cabelo, pintaram-lhes os rostos de negro e levaram-nos para o meio da aldeia, para os espancarem até à morte. Como se fosse um espectáculo. Tiveram sorte. Apareceu a polícia no último instante e salvou-os de uma morte certa e cruel.
Vidas de sofrimento
Normalmente a polícia não aparece ou chega quase sempre tarde demais. Awais, a mulher e a cunhada tiveram sorte. Não morreram, mas agora têm de ir viver para outro lado. Ficar ali, em casa, é arriscado de mais. A história de Awais é o retrato dos Cristãos no Paquistão. Há uma cultura de impunidade que tem transformado a vida dos Cristãos num autêntico inferno. Olhados pela sociedade como se fossem cidadãos de segunda classe, os Cristãos vivem em permanente ameaça. As histórias do sofrimento destes homens e mulheres são arrepiantes. A acusação de blasfémia é cobarde. Atinge as minorias religiosas e os mais pobres da sociedade. É, demasiadas vezes, uma condenação à morte.
Solidariedade
Os Cristãos do Paquistão não têm mais ninguém a quem recorrer. Precisam da nossa ajuda. Ainda recentemente, D. Joseph Couts, Arcebispo de Karachi, quando esteve em Portugal, a convite da Fundação AIS, lançou-nos um apelo: “A vossa ajuda, a vossa caridade é a nossa esperança”. Awais Qamar não foi linchado pela multidão. Mas Aftab Masih morreu na cadeia, enforcado por um crime que nunca cometeu. Shahzad e a mulher, Shama, foram queimados vivos num forno de cozer tijolos. Ela estava grávida. Sete famílias de Rao Khan Wala foram expulsas de suas casas e agora vivem na rua, aumentando a multidão dos sem-abrigo. Nauma Masih, um rapaz de apenas 14 anos, foi agredido e queimado vivo. Apenas por ser cristão e o ter dito em público. Não sobreviveu. Os Cristãos vivem dias de terror no Paquistão. Eles precisam da nossa ajuda, das nossas orações. Precisam de nós para sobreviver.
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"Saber que há pessoas que pensam em nós, que rezam por nós, dá-nos muita força para enfrentarmos os nossos problemas. Muito obrigado!”
D. Joseph Coutts, Arcebispo de Karachi, Paquistão
OS CRISTÃOS DO PAQUISTÃO CONTAM COM A NOSSA AJUDA
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