Missão |
Patrícia Alegria
“Descobri que estar é um verbo que se aprende!”
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Patrícia Alegria nasceu em Aveiro, a 30 de maio de 1982. Foi batizada a 11 de dezembro de 1983, na paróquia de São Salvador de Ílhavo, 3 meses depois de o seu pai falecer. “Desde pequenina que ouço falar de Jesus, em casa diziam-me que o meu pai estava com Ele”, partilha. É licenciada em Biologia, mestre em Ecologia, Biodiversidade e Gestão de Ecossistemas pela universidade de Aveiro.

 

Ver o mundo com outros olhos

Em 1998, quando frequentava o 10º ano, um padre foi à sua aula de Educação Moral e Religiosa Católica dar testemunho da sua experiência missionária e diz-nos que foi a partir daí que surgiu nela “o bichinho da Missão, que permaneceu latente durante alguns anos.” Recebeu o Sacramento da Confirmação a 30 de maio de 1999 e durante esse tempo foi-se sentindo tocada e desafiada a ter um papel mais ativo na Igreja e a dar-se mais aos outros. Em 2003 decidiu frequentar a formação anual de voluntariado missionário proposta pelo secretariado diocesano de animação missionária de Aveiro. Após a formação, nas férias de verão de 2004, partiu para a Guiné-Bissau onde colaborou com as missionárias da Companhia Missionário do Coração de Jesus na realização de atividades de tempos livres para crianças e jovens locais. “Esta experiência desmontou-me internamente. Comecei a ver o mundo com outros olhos”, diz-nos. Nos dois anos seguintes repetiu a experiência: no verão de 2005 esteve em Moçambique, com os Salesianos, e em 2006 voltou à Guiné-Bissau. “Gradualmente fui sentindo que queria fazer algo de mais estruturado e alicerçado por aquelas pessoas com que me fui cruzando”, diz-nos.

 

“Tomamos a decisão juntos: Deus e eu!”

Em 2011 iniciou a formação com os Leigos para o Desenvolvimento (LD). “Esta é uma caminhada interior na qual somos constantemente desafiados a desinstalarmo-nos. Pela primeira vez vi o ‘partir em missão’ de uma perspetiva muito diferente, isto é, aos olhos de Deus, do que Ele queria para mim. Tomamos a decisão juntos, Deus e eu, e fui chamada a partir pelos Leigos para o Desenvolvimento a servir e a testemunha-Lo em terras de São Tomé e Príncipe. No dia 21 de Setembro de 2012 fui acolhida na missão de Porto Alegre onde permaneci por dois anos. Estivemos ao serviço das três comunidades do extremo sul da ilha de São Tomé. Como missionários estamos disponíveis 24 horas por dia, fazemos um pouco de tudo, no entanto, o meu trabalho esteve focado essencialmente, no meu primeiro ano, a acompanhar e a capacitar em contexto associações e grupos de interesse locais e dois grupos de mamãs que tinham pequenos negócios de transformação de produtos da terra, o negócio de banana seca e outro de farinha de mandioca, que no ano anterior os voluntários LD tinham ajudado a implementar. Dedicava também um tempo à pastoral, dava catequese e ajudava na dinamização e na preparação das celebrações da palavra. No meu segundo ano, estive a acompanhar e a capacitar em contexto as educadoras e auxiliares na creche de Porto Alegre e fui responsável pelo processo de implementação do jardim-de-infância de Vila Malanza. Pastoralmente estive a dinamizar o coro da igreja”, partilha.

Considera que foi “chamada a servir, a contribuir para o desenvolvimento integral e integrado destas pessoas, destas comunidades do sul”, acompanhando projetos pensados a longo prazo que se possam tornar completamente autónomos e autossustentáveis. Sobre a comunidade com quem partiu, partilha que “não escolhemos com quem partimos, tal como não escolhemos a nossa família, aqui tornamo-nos numa verdadeira família LD. Somos pessoas muito diferentes uns dos outros, cada um de nós é especial e único”. “Descobri que estar é um verbo que se aprende. Senti que estar naquele momento e naquela forma única e simples de viver esta missão fazia todo o sentido, os dias fluíam, apesar das dificuldades. Aprendi que a Alegria que brota de cada dia só depende de mim, da maneira como encaro o mundo que me rodeia, a ser contemplativa naquilo que faço, a encontrar [e a transpirar] Deus no meu dia-a-dia. Esta maneira gratuita de viver, esta entrega plena e oblativa, despontou em mim uma incrível liberdade interior. Sinto-me imensamente agradecida por tudo o que vivi e me foi concedido por Deus”, partilha.

 

Regressar para voltar a partir!

Regressou a Portugal em Outubro de 2014, integrou a equipa de formação do núcleo de Coimbra dos LD, começou a trabalhar no Instituto Padre António Vieira, no Porto, mantendo a formação LD em Coimbra. Em junho foi desafiada a voltar a partir em missão pelos LD e diz-nos que esta foi “uma decisão extremamente difícil, pois o regresso a Portugal tinha sido muito confirmado e tive muito pouco tempo para rezar este dilema”. No entanto, após discernir, tomou a sua decisão em liberdade e com muita oração: “brota o Sim confirmado e muito confiado a Deus, o partir por mais um ano pelos LD. Simplesmente entrego tudo o que sou, toda a minha vida, nas Suas mãos e assim que se faça em mim a Sua vontade.” Está prestes a partir para Moçambique onde será responsável pelo projeto Escolinhas Comunitárias do Niassa, desenvolvido pelos LD há alguns anos.

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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