Missão |
João Bacalhau
“Reza e ama até doer!”
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João Bacalhau nasceu a 22 de Janeiro de 1991 em Santarém mas cresceu em Samora Correia. Fez o ensino secundário em Benavente, em Ciências Humanísticas e licenciou-se em 2012 em Gestão e Administração Pública no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Neste momento está a concluir o mestrado em Ciências Empresariais no ISEG. É católico e em 2015 esteve em missão em Calcutá (Índia).

 

Ser instrumento de Deus!

É escuteiro desde os 6 anos, crismado e participou nos Convívios Fraternos que considera a sua primeira “grande experiência”. Frequenta o CUPAV e faz parte da Comunidade de Vida Cristã. Em 2011 participou no Magis (atividade jesuíta que antecedeu as Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid) e conta-nos: “Fomos divididos por nacionalidades e ‘enviados’ para uma experiência. Tive a sorte de ir parar a Ceuta e Tânger. Contactei de perto com a realidade dos emigrantes que vinham do centro de África e tentam atravessar, em Ceuta, para a Europa. Como não têm documentos, não os deixam passar, então ficam em centros de acolhimento à espera, nem sabem do quê! Para chegarem até ao Norte de África tiveram de gastar as suas poupanças ou até das suas famílias, muitas vezes por vergonha não lhes contam que não chegaram. Estas histórias têm estado muito presentes devido à crise dos refugiados mas ouvir contar na primeira pessoa é mesmo impactante.” Entre 2011 e 2015 participou na Missão País (projeto católico de universitários), primeiro no distrito de Beja e depois em Constância e, apesar de no final de cada atividade sentir sempre “era impossível para o ano conseguir superar este que passou”, acabou sempre surpreendido e por ter experiências díspares que o fizeram sempre sentir “instrumento de Deus”.

 

Cativar… e criar laços!

Desde 2012 que, um fim-de-semana por mês, faz parte de um grupo de voluntariado orientado pelas Escravas do Sagrado Coração de Jesus no Bairro da Bela Vista em Setúbal. “Só de ouvir o nome do bairro até assusta (ou assustava pois agora já me sinto em casa!) mas é impressionante como a realidade aqui, tão perto de nós, consegue ser tão diferente. O objetivo destes fins-de-semana é proporcionar um dia diferente aos miúdos do bairro. Através de jogos e atividades tentamos passar valores básicos como o respeito, a amizade ou até a confiança. Situações como fazer uma roda (sem que ninguém saltasse para o meio sem autorização) ou conseguir sentá-los a ver um pequeno teatro ou a cantar uma música são vitórias enormes para nós”, partilha. Nem sempre as coisas correm tão bem como planeadas e já teve dias de desânimo, como nos diz: “Às vezes as coisas não correm como planeámos e já aconteceu estragarem-nos alguns jogos ou materiais que preparámos. No entanto, chego sempre à conclusão que é muito precipitado estar a tirar conclusões a curto-prazo. Agora que já passaram três anos que começámos a visitar o bairro, conseguimos ver que a atitude deles é completamente diferente. Continuam muito malandros e às vezes esgotam-nos todas as energias, mas quando algum dos voluntários não consegue ir, começam logo a perguntar: "Porque é que ele não veio? Já não gosta de nós?". Faz mesmo lembrar aquela passagem do Principezinho onde a raposa fala em cativar e criar laços...”

 

A linguagem do amor é universal

Em 2015 foi convidado a participar num projeto que iria ter lugar no verão na Índia. A princípio não colocou a hipótese de ir, como nos diz “Nem sequer coloquei a hipótese de ir pois uma experiência em Calcutá estava arrumada numa daquelas gavetas em que etiquetamos assim "Um dia...". No entanto, acabou por se inscrever num retiro de fim-de-semana, com a intenção de “arrumar de vez” aquela ideia. Voltou do retiro a pensar “porque não? E se…?” e decidiu juntar-se a um grupo de 25 missionários e embarcar na aventura. “Quando aterrámos em Calcutá, além das peripécias quase obrigatórias com os taxistas houve três coisas que sobressaíram logo: o calor e humidade, a poluição sonora (muito ajudada pelas buzinas dos carros) e a quantidade de corvos que se viam por todo o lado. Depois do primeiro impacto e de nos organizarmos em pequenos grupos, começámos o trabalho nas casas das Missionárias da Caridade. Há várias casas espalhadas pela cidade, cada uma dividida em “categorias”: há uma casa de crianças deficientes, uma casa de moribundos (pessoas que estão nas ruas mesmo às portas da morte), uma casa de pessoas com lepra, uma casa de pessoas mais velhas e que já não têm para onde ir…Eu fiquei nesta última casa e fazíamos um pouco de tudo. Todas as tarefas, aparentemente simples, se tornavam um pouco mais complicadas para mim porque havia a grande barreira da língua e era tudo feito em condições que nós só vemos em filmes. Não era por falta de apreço e cuidado por parte das Irmãs mas há mesmo escassez de recursos para manter todas aquelas casas a funcionar”, partilha. Recorda vários episódios marcantes durante esta missão em Calcutá, dos quais salienta que “foi muito bonito perceber que a linguagem do amor é mesmo universal. Eles podiam não entender a minha língua mas de certeza que percebiam a linguagem universal…”. Sente-se inspirado pela Madre Teresa de Calcutá, como nos diz: “Inspirou-me imenso ver que aquela mulher, de tão fraca estatura, conseguiu uma obra tão grande que ainda hoje inspira milhares de pessoas. E quando perguntaram à Madre Teresa qual era o seu segredo, a resposta foi muito simples: “reza a Deus. Reza e Ama até doer”.

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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