Lisboa |
Visita Pastoral ao Carregado
“Cristãos não apenas para nós, mas para os outros”
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O Carregado é uma paróquia ainda jovem, que foi criada há 30 anos, e recebeu a Visita Pastoral de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, que convidou a comunidade a “não desistir de ninguém” e a mostrar “Jesus Cristo como realidade definitiva”. Foram 15 dias de uma visita “muito voltada para a sociedade civil, para ‘fora’ da Igreja”, frisa o pároco do Carregado, padre Rui Silva.

 

O Bispo Auxiliar de Lisboa D. Nuno Brás desafiou as paróquias do Carregado e de Cadafais a levarem “a boa notícia” que é Jesus Cristo aos outros. “Nós somos muitos, enchemos esta igreja paroquial do Carregado – e já ontem a igreja estava cheia! –, mas somos muito poucos. Lá fora há muita gente que não conhece Jesus Cristo. Há muita gente que anda agarrada a estas coisas que passam, julgando que são definitivas. Essas pessoas precisam de conhecer Jesus Cristo”, manifestou D. Nuno Brás, na Missa de encerramento da Visita Pastoral às paróquias do Carregado e Cadafais (ver caixa). Na manhã do passado Domingo, 15 de novembro, o Bispo Auxiliar do Patriarcado lembrou Cristo como realidade definitiva. “Nós somos cristãos não apenas para nós, nós somos cristãos também para os outros. Que a todos chegue esta boa notícia! A realidade definitiva, a última palavra a ser pronunciada sobre o Céu e a Terra, e sobre nós, é Jesus Cristo”.

Depois de duas semanas de Visita Pastoral ao Carregado, D. Nuno Brás pediu coragem aos cristãos desta paróquia da Vigararia de Alenquer. “Coragem, não nos deixemos ficar pelo caminho, deixemos que o Senhor nos transforme, nos atraia, que o seu amor entre nos nossos corações. Não desistamos, nem de nós, nem dos outros, nem de ninguém, porque o Senhor não desiste de ninguém! Esta alegria que nós temos de saber que Jesus Cristo será realidade definitiva, que Jesus Cristo será o último, havemos de o querer transmitir a tantos outros”.

 

Comunhão e missão

A paróquia de Nossa Senhora de Fátima do Carregado foi fundada a 7 de outubro de 1985, desmembrando-se da paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Cadafais. “No início do ano de 1985 foi criada a freguesia do Carregado que, enquanto terra, tinha crescido muito, particularmente devido à nova urbanização da Barrada onde atualmente vive gente de muitos países, incluindo do Brasil e da Guiné. O Carregado tornou-se então o grande centro de toda esta zona, com muito mais população do que a própria paróquia de Cadafais”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco do Carregado, padre Rui Silva. Esta terra às portas de Lisboa já tinha, contudo, uma igreja, que foi construída em 1956.

A antiga freguesia do Carregado, que em 2013 foi anexada a Cadafais formando uma união de freguesias, tem mais de 11 mil habitantes, segundo os Censos de 2011. “As paróquias de Carregado e Cadafais são muito próximas – geograficamente distam apenas dois, três quilómetros – mas a nível sociológico são muito distintas. Cadafais é rural, baseada numa pequena aldeia central, com outras aldeias que pertencem à paróquia, como Preces, Refugidos e metade da aldeia de Casais da Marmeleira; o Carregado é uma paróquia claramente urbana, havendo contudo duas realidades distintas: as pessoas que vivem desde há muitos anos na terra em torno de antigas quintas e as pessoas que habitam na tal urbanização”, descreve o sacerdote.

Comunhão e missão têm sido as apostas pastorais do padre Rui Silva nestes dois anos que leva como pároco destas comunidades cristãs. “Comunhão, olhando mais para o seio da própria paróquia – tem sido um esforço permanente fazer com que pessoas, grupos, movimentos, cada um com a sua especificidade, vejam o objetivo comum –, e missão, em sintonia com o Santo Padre e o senhor Patriarca, fazendo a paróquia sair de si mesma e olhar para a realidade que está à volta, pensando no enorme número de pessoas que não participa nas atividades da Igreja”, aponta este sacerdote, de 43 anos.

O Centro Social Paroquial do Carregado tem as valências de lar, hoje chamado de estrutura residencial para pessoas idosas, com 60 camas, centro de dia e apoio domiciliário. “Há carências no Carregado e posso dizer que temos sempre lista de espera, nomeadamente para o lar. Já fizemos o pedido e aguardarmos aprovação para aumentar o número de camas para 70”, revela. Nesta zona há também “pessoas que estão desempregadas e passam dificuldades mesmo a nível de alimentos”. “Através do centro social paroquial e da própria paróquia, num serviço de voluntariado, damos alimentos, roupas e outro tipo de assistência”, conta o pároco.

 

Menos e mais

A catequese da paróquia do Carregado tem atualmente cerca de 220 crianças e adolescentes, para 15 catequistas. “Temos todos os volumes até ao 8º e a partir desse ano já não temos catequese sistemática. É algo que vem do tempo dos meus antecessores e que mantive, porque a proposta é que, após o Crisma, a juventude integre o grupo de jovens, que renasceu recentemente”, frisa o padre Rui.

“Escutar, guardar no coração e viver”. Estas são, segundo D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, as “três atitudes essenciais da vida cristã” e foram ‘debatidas’ com as crianças e adolescentes da catequese da paróquia do Carregado. “A primeira atitude para sermos cristãos é saber escutar. Nós ouvimos muitas coisas, mas escutamos só aquelas a que damos atenção”, começou por lembrar o Bispo Auxiliar. No entanto, sublinhou, “para que aquilo que nós escutamos de Deus não ‘entre’ por um ouvido e ‘saia’ por outro é preciso guardar no coração”. Perante a audiência infanto-juvenil, D. Nuno Brás sublinhou que “o que guardamos no coração deve ser vivido”. “A terceira atitude para sermos cristãos é então viver aquilo que Jesus nos diz”, esclareceu.

Foi uma manhã de Domingo diferente aquela que as crianças e adolescentes da catequese do Carregado viveram no passado dia 15 de novembro. Na igreja paroquial, o ‘interrogatório’ ao Bispo incluiu as perguntas habituais nestas ocasiões – tais como ‘O que faz um Bispo?’, ‘Como é ser Bispo?’ ou ‘Gosta de ser Bispo?’ –, mas também houve lugar a uma pergunta que surpreendeu o próprio D. Nuno Brás: ‘O que mais o entristeceu no Carregado?’. A pergunta tinha razão de ser, uma vez que o encontro decorreu no último dos 15 dias de Visita Pastoral a esta paróquia. O Bispo Auxiliar de Lisboa reconheceu que aquela era “uma pergunta difícil” e respondeu: “O que mais me entristeceu foi saber que, apesar de haver muita gente que vem à Missa, apesar de haver muitas crianças que vêm à catequese, ainda há muitas outras pessoas que não conhecem Jesus. E nisso vocês têm um papel muito importante: mostrar Jesus, dar a conhecer Jesus. Para Jesus chegar a essas crianças, a esses meninos e a esses adultos que ainda não O conhecem, vocês são importantes!”.

Após uma hora de encontro, que contou com momentos musicais, outra das crianças presente fez a pergunta em sentido contrário: ‘Gostou de visitar o Carregado? O que mais lhe agradou?’. “Gostei muito de visitar o Carregado, que é uma paróquia viva, onde vemos que há muitos cristãos, desde as crianças da catequese aos jovens, até aos adultos. O que mais me agradou no Carregado foi ver que todos os cristãos se esforçam verdadeiramente para o ser”, respondeu D. Nuno Brás.

 

Conhecer

O pároco do Carregado considera “muito interessante” a Visita Pastoral, que decorreu de 4 a 15 de novembro. “A visita foi muito voltada para a sociedade civil, para ‘fora’ da Igreja. As visitas do senhor Bispo às empresas foram de uma riqueza enorme e deixaram marcas. D. Nuno conheceu também as escolas, a sede da união das freguesias, que inclui uma loja social, e o núcleo de Alenquer da Cruz Vermelha Portuguesa, que está sediada no Carregado. Na paróquia propriamente dita encontrou-se com todos os grupos”, aponta.

O padre Rui Silva reconhece que a Visita Pastoral foi também um desafio para si. “A visita foi uma oportunidade para o senhor D. Nuno conhecer mais de perto a realidade e também para as pessoas estarem próximas de um Bispo e poderem com ele dialogar e ouvir a sua palavra. Foi muito enriquecedor, vi as pessoas muito entusiasmadas e foi um desafio interessante, mesmo para mim, enquanto pároco, que passei a conhecer um pouco mais o Carregado”, frisa.

 

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Pequena paróquia de Cadafais recebeu Visita Pastoral

O padre Rui Silva é também pároco de Nossa Senhora da Assunção de Cadafais, hoje em dia uma pequena paróquia, com menos de dois mil habitantes, que esteve na origem da paróquia do Carregado. “São paróquias muito distintas, contudo muitas das atividades da Visita Pastoral foram interparoquiais. Além disso, o senhor D. Nuno Brás visitou a escola de Cadafais, os doentes e esteve com a comunidade. A nível dominical, cerca de 50 a 60 pessoas vão à Eucaristia, só temos três catequistas para 18 crianças, há um projeto nascente para um pequeno grupo de jovens, com 8 ou 9 elementos, mas que está com dificuldade em iniciar. É uma paróquia que está muito ligada à dinâmica do Carregado, como a proposta da formação de adultos”, descreve o sacerdote.

  

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Cardeal-Patriarca apela à simplicidade na liturgia

“Não compliquemos o que é simples” foi o apelo feito pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa no encontro com agentes da liturgia, no âmbito da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer. Um encontro que decorreu nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana, no passado dia 13 de novembro, e juntou mais de uma centena de pessoas, que ouviram D. Manuel Clemente dar uma palavra sobre os diferentes serviços litúrgicos.

Aos leitores, o Patriarca pediu que preparem bem as leituras e, caso não percebam alguma palavra, perguntem ao pároco. “Percebemos logo quando o leitor preparou e assimilou a leitura”, afirmou D. Manuel Clemente, que também tratou de explicar que “sacrilégio” é “tratar mal as coisas sagradas”, pelo que é um “sacrilégio” não cuidar bem da Palavra de Deus.

Aos ministros extraordinários da comunhão, D. Manuel Clemente lembrou que “ministro quer dizer servidor e o grande exemplo de serviço é o Senhor Jesus a lavar os pés dos discípulos”. A quem tem a missão de limpar e arranjar as igrejas pediu simplicidade porque “as grandes flores da Igreja são a cruz do Senhor, o pão e o vinho e a Palavra de Deus”. “Temos de perceber bem que isto não parte de nós. Estamos aqui porque Jesus Cristo nos chama a fazer parte da sua vida e da sua missão”, pelo que é preciso simplicidade, humildade e “não descentrar” desse essencial, reforçou.

O Cardeal-Patriarca começou, precisamente, por lembrar que “ter uma vida cristã é participar na vida de Cristo” e, portanto, também participar na sua entrega ao Pai. “A liturgia é o modo como participamos nessa entrega e como nos oferecemos a nós próprios”, continuou D. Manuel Clemente, que fez também questão de lembrar que “o ato mais importante da liturgia é a Missa”, pelo que “o centro é sempre o Dia do Senhor”, o Domingo, que “é princípio da semana, não é fim-de-semana”.

texto por Eunice Lourenço; foto por Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega da Merceana

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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