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Papa ruma a África pedindo “reconciliação, perdão e paz”
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O Papa iniciou, esta quarta-feira, no Quénia, uma viagem apostólica de seis dias ao continente africano, que passa também pelo Uganda e pela República Centro Africana. É a primeira vez que Francisco vai a África, enquanto no Vaticano se iniciou o julgamento do ‘Vatileaks II’.

 

1. É uma viagem com grande simbolismo, sobretudo porque é a primeira vez que o Papa vai a África, que no conjunto da geografia católica mundial é um dos continentes onde o número de batizados aumenta e a prática dominical também. A Igreja é muito viva no Quénia, no Uganda e na República Centro Africana (RCA). São três países com sérios problemas e com muitas dificuldades e muito sofrimento, onde há necessidade de paz e reconciliação, que será o fio condutor da viagem. A RCA, praticamente em guerra civil, é um dos países mais perigosos que o Papa vai visitar. Já no Quénia, onde chegou esta quarta-feira, dia 25 de novembro, a meio do dia, a situação é de um grande país com muita pobreza. Só num bairro de lata, perto de Nairobi, vive um milhão de pessoas. O programa inclui uma visita a um destes bairros, tal como um encontro com representantes das Nações Unidas na sede da ONU, em Nairobi.

Na raiz de tantos milhares e milhares de africanos que fogem das suas terras à procura de melhores condições de vida está uma falta de ajuda concreta das grandes potências que olham para África com olhos de interesse económico. Por isso, o Papa começa a viagem por falar às autoridades do país e também aos diplomatas. Ainda no Quénia, haverá ainda encontros ecuménicos, porque a presença da Igreja Anglicana é muito forte e por fim um encontro com os jovens, futuro da Igreja e das nações. O Papa Francisco segue depois para o Uganda, nesta sexta-feira, onde permanece até este Domingo, dia em que aterra na República Centro Africana. A viagem termina esta segunda-feira, dia 30 de novembro.

 

2. Antes da viagem do Papa para África, a Santa Sé divulgou, na segunda-feira, 23 de novembro, duas vídeo-mensagens que o Papa enviou para os países que iria visitar a partir de quarta-feira. Para o Quénia e para o Uganda Francisco endereçou uma mensagem assente, sobretudo, no encorajamento de “reconciliação, perdão e paz”, dirigida em primeiro lugar aos católicos, mas também a todos os crentes religiosos e homens e mulheres de boa vontade.

Uganda e Quénia são dois dos países mais estáveis de África, mas o Quénia, sobretudo, tem tidos alguns episódios de violência interétnica e, ao longo dos últimos anos, tem sido alvo de atentados levados a cabo por militantes islâmicos, sobretudo do Al-Shabaab, um grupo que age a partir da Somália, que faz fronteira com o Quénia. Os atentados têm levado a uma crispação das relações, geralmente pacíficas, entre a maioria cristã no país e a minoria muçulmana.

Mais preocupante, no imediato, é a situação na República Centro Africana (RCA), devastada ao longo de décadas com sucessivos golpes e movimentos rebeldes, que nas últimas semanas tem assistido a um recrudescimento da violência. Na RCA a violência também assumiu tons de conflito inter-religioso, entre a maioria cristã e minoria muçulmana, sobretudo desde que um dos grupos rebeldes mais recentes, maioritariamente muçulmano, conquistou a capital Bangui, favorecendo a minoria islâmica na cidade, o que levou a represálias por parte de milícias formadas maioritariamente por cristãos quando os rebeldes foram expulsos novamente. A visita do Papa a Bangui deve incluir uma passagem pela principal mesquita da cidade e na sua mensagem Francisco diz aos centro-africanos que “o vosso querido país vive há muito tempo uma situação de violência e insegurança, da qual muitos de vocês são vítimas inocentes. O propósito da minha visita é, em primeiro lugar, trazer-vos, em nome de Jesus, o conforto da consolação e a esperança. Espero, com todo meu coração que a minha visita possa contribuir, de uma forma ou de outra, para curar as feridas e abrir um futuro mais brilhante para a República Centro Africana e todos os seus habitantes”. Francisco acrescenta que esta visita a África será a sua primeira, não só desde que foi eleito Papa, mas mesmo de toda a sua vida.

 

3. Na véspera, Domingo, 22 de novembro, durante a oração do Angelus, o Papa Francisco pediu orações pela sua viagem a África. “Na próxima quarta-feira, começo a minha viagem a África, visitando o Quénia, o Uganda e a República Centro Africana. Peço a todos que rezem por esta viagem, para que seja – para todos estes caros irmãos e também para mim – um sinal de proximidade e de amor. Peçamos juntos a Nossa Senhora que abençoe estas terras queridas, para que ali haja paz e prosperidade”, apelou Francisco.

 

4. Começou esta terça-feira, 24 de novembro, o julgamento que já é conhecido como ‘Vatileaks II’. Os cinco acusados de roubar e divulgar documentos secretos compareceram em tribunal, apesar de se ter especulado que os jornalistas Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi não o fizessem.

A sessão daquela manhã começou com dois pedidos de exceção. Um por parte do advogado oficioso do padre Lucio Angel Vallejo Balda, que continua detido, pedindo para adiar a data do processo para ter mais tempo na preparação da defesa e outro, pelo advogado do jornalista Fittipaldi, invocando a nulidade da acusação baseada na falta de dados para a incriminação. Ambos os pedidos foram recusados pelo tribunal. Fittipaldi também leu e assinou uma declaração protestando a sua presença perante uma autoridade judicial diferente da italiana e recordando que em Itália a liberdade de informação está consagrada na Constituição, na Convenção Europeia dos Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Os magistrados recordaram que o julgamento não está a avaliar a publicação de livros, mas o modo ilícito como os documentos foram obtidos pelos jornalistas. No intervalo da sessão, Nuzzi – que, em 2012, já tinha publicado documentos roubados ao Papa Bento XVI – afirmou: “Não somos mártires, mas jornalistas”, classificando de “absurda e kafkiana” esta ação judicial. O jornalista diz estar tranquilo, por já ter feito o que fez noutras ocasiões.

Para além de Nuzzi, Fittipaldi e Vallejo, estão a ser julgados Nicola Maio, secretário pessoal de Vallejo e Francesca Immacolata Chaouqui, uma especialista em relações públicas que trabalhou juntamente com Vallejo num órgão criado pelo Papa Francisco para coordenar a reforma das instituições financeiras da Santa Sé.

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