A violência demente do grupo islamita Boko Haram não tem parado. Depois de ter colocado o norte da Nigéria a ferro e fogo, os terroristas atacam agora os países da região. Por causa disso, há já mais de 2 milhões de refugiados. Nos Camarões vivem-se histórias trágicas.
Junho de 2015. O exército dos Camarões tenta cercar alguns dos bastiões dos terroristas do Boko Haram que circulam sem dificuldade pela porosa zona fronteiriça com a Nigéria. Nos últimos tempos têm sido cada vez mais frequentes os episódios de atentados e de ataques atribuídos aos islamitas na região. Porém, muitas vezes, os militares são forçados a recuar. A razão é simples: os terroristas do Boko Haram usam civis, muitas vezes até crianças, como escudos humanos. Najat Rochdi, coordenadora humanitária da ONU para os Camarões, confessou isso mesmo. Em Junho deste ano, Rochdi sabia que “cerca de 1.500 crianças, entre os 8 e os 12 anos” estavam na linha da frente, fazendo como que um tampão às forças do Boko Haram. Eram “carne para canhão”. Por causa disso, os militares dos Camarões calaram as armas. Não podiam fazer mais nada. Apesar de passar despercebida à maior parte da opinião pública internacional, há uma guerra em curso nesta região que se estende muito para além das fronteiras da Nigéria. O Boko Haram, grupo islamita que se afiliou no auto-proclamado “Estado Islâmico”, pretende também a criação de um “califado”, para a implementação da “sharia”, a lei islâmica mais estrita.
Escravizadas
O mundo ficou perplexo quando, em Abril do ano passado, quase três centenas de raparigas foram raptadas de uma escola cristã na Nigéria. A notícia de que iriam ser vendidas como escravas, caso não aceitassem a conversão ao Islão, deu origem a uma formidável campanha internacional pela sua libertação. Até Michelle Obama, a mulher do presidente dos Estados Unidos, exigiu que estas meninas fossem devolvidas aos seus pais, às suas famílias. “Bring back our girls” – tragam-nos as nossas meninas de volta – foi a palavra de ordem então mais escutada. Até hoje, porém, praticamente nada se soube mais sobre o paradeiro destas jovens.
Muitas aldeias no norte da Nigéria, e agora também no Níger, Chade ou Camarões, transformaram-se em terras de ninguém. São aldeias-fantasma. Poucos se atrevem a viver por ali. São inúmeras as histórias de ataques, às vezes até durante o dia, em que populações inteiras são chacinadas. Calcula-se em mais de 2 milhões os refugiados na região. Só nos Camarões, por causa dos ataques dos islamitas do Boko Haram, há mais de 100 mil deslocados. São pessoas em fuga. São pessoas que tiveram de fugir para salvar as próprias vidas. Muitas são ainda crianças. O que fazer com elas agora?
Vamos ajudar?
Na Diocese de Maroua-Mokolo, são inúmeras as crianças que vieram do outro lado da fronteira, da Nigéria, para os Camarões. O Bispo local, D. Bruno Ateba Edo, decidiu que era necessário fazer alguma coisa. Com a ajuda da Fundação AIS, lançou um programa de apoio directo a 1.000 destas crianças, permitindo-lhes voltar aos bancos da escola e contrariando assim um dos objectivos do Boko Haram, cujo nome significa, literalmente, “a educação ocidental é pecado”. Pecado seria deixar estes meninos e meninas sem escola e sem futuro, defende D. Ateba. Na verdade, já ninguém lhes vai tirar da memória o sofrimento por que passaram, as histórias de horror que foram forçados a viver. O Bispo pede-nos ajuda. Os recursos da sua diocese são muitos escassos. As 1.000 crianças que estão agora a ser apoiadas são, apesar de tudo, apenas uma pequena gota no oceano das necessidades mais imediatas. Por causa dos ataques dos terroristas, 173 escolas primárias continuam fechadas e mais de 25 mil alunos ficaram sem aulas. Há muito ainda a fazer. A primeira tarefa, porém, é denunciar ao mundo esta guerra esquecida. Depois, é preciso agir. A diocese é muito pobre. D. Bruno Ateba Edo pede-nos ajuda. Já não será possível evitar as cicatrizes da violência da memória destas crianças. Pelo menos, vamos tentar dar-lhes um futuro um pouco mais risonho. Vamos fazer isso neste Natal.
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CONCERTO DE NATAL
Domingo 13 de Dezembro | 16h00
SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA
CORO JUVENIL DE LISBOA
No âmbito da sua missão, a Fundação AIS pretende com este evento recordar e apoiar aqueles que por todo o mundo sofrem com a discriminação, restrições e perseguição à liberdade religiosa. Este ano, as receitas do concerto reverterão a favor dos milhares de refugiados no Iraque, na Síria , na República Centro-Africana e na Nigéria.
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