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À procura da Palavra
Alegrias natalícias
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DOMINGO III DO ADVENTO Ano C
"Que devemos fazer?”
Lc 3, 10

 

Por entre o stress natalício, que se contagia como “vírus” na publicidade televisiva, nas ruas do centro de qualquer cidade ou nos espaços comerciais, surge este “domingo da alegria” a antecipar o nascimento de Jesus. Claro que as alegrias parecem apontar mais para o “frisépio”, ou a “consolada”, bem documentadas pela “natelfie”, e com a promessa segura de presentes para a pequenada que correspondeu positivamente ao “porta-te bem”! Percebo que celebrar o nascimento de um Deus nascido pobre não diga muito ao “homo consumens” (perdoem-me os latinistas!) em que nos transformámos, mas a massificação da dádiva e da partilha que os presentes deviam exprimir também não traz alegrias duradouras!  

João Baptista não é propriamente um “retrato” da alegria. Mas não deixou sem resposta as multidões, os publicanos e os soldados que lhe perguntaram: “Que devemos fazer?” Quantas vezes fazemos esta pergunta no nosso íntimo, aos nossos valores e convicções, a pais ou amigos, enfim, a Deus? Valorizamos o sentido dos deveres na educação dos mais novos, e nas responsabilidades que assumimos em sociedade? O admirável texto da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, adoptada pela ONU a 10 de dezembro de 1948 (fez 67 anos na quinta-feira passada!) tem o sabor de uma resposta cheia de alegria para a humanidade. Quantos ainda a não leram? Quantos ficamos indiferentes a este “ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos”. Não seria bom colocá-la nos sapatinhos de Natal, tão cheios de inutilidades? Quase consigo imaginar Jesus a bater as palmas a esta ideia!

Comprometidos com a alegria são outros dois textos que ando a reler neste advento. O primeiro, porque fez cinquenta anos (e comungo com ele a jovialidade e esperança de um caminho com “estrada para andar”, como canta o Jorge Palma!) e a sua actualidade é como a do “vinho que ganha sabor com o tempo”, é a “Mensagem do Concílio Vaticano II à Humanidade”. Que tal mais um presente para o sapatinho? Como passar ao lado daquelas palavras aos governantes, aos homens de pensamento e de ciência, aos artistas, às mulheres, aos trabalhadores, aos pobres aos doentes e a todos os que sofrem, e aos jovens? A alegria nasce do caminho em comum, das mudanças que podem custar mas são fundamentais para vencer a morte, do acolhimento mútuo do amor que Deus é! O segundo é a bula do Papa Francisco “Misericordiae vultus” que proclama o Jubileu da Misericórdia iniciado a 8 de dezembro. Podemos perder-nos em tantas palavras, mas elas iluminam e apontam caminhos de misericórdia que levam alegria a todos. Experimentar a misericórdia implica que a multipliquemos no que somos e fazemos; e que bom percebermos que um jubileu não se resume a indulgências ou “portas santas”, peregrinações e devoções várias, mas se não nos põe a viver como e com Jesus, não valerá a pena!

Três leituras como presentes de Natal. Porque a alegria não é apenas “fogo de vista” mas também pensar no “que devemos fazer”!

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