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Roma
“A misericórdia é o nome de Deus e o seu modo de manifestar-se”
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O Papa iniciou um ciclo de reflexões dedicadas à misericórdia. Na semana em que foi lançado o seu livro-entrevista ‘O nome de Deus é misericórdia’, Francisco falou aos diplomatas e batizou 26 crianças.

 

1. O Papa Francisco iniciou, esta quarta-feira, 13 de janeiro, um novo ciclo de catequeses semanais, dedicadas ao tema da misericórdia. “A misericórdia é o nome de Deus e o seu modo de manifestar-se a si mesmo e o seu amor pelos homens. Ele chama-nos a ser misericordiosos uns com os outros, para sermos verdadeiramente seus filhos”, referiu, na audiência-geral que decorreu na Ala Paulo VI, no Vaticano, perante cerca de 7 mil pessoas.

Francisco sublinhou que o adjetivo “misericordioso”, aplicado na Bíblia a Deus, evoca uma “atitude de ternura”, como a de uma mãe em relação aos filhos. “Por isso, a imagem que sugere é a de um Deus que se comove e enternece por nós, como uma mãe quando pega no seu filho ao colo, apenas com vontade de amar, proteger, ajudar, pronta a dar tudo, inclusive ela própria”, precisou. A misericórdia, acrescentou o Papa, é o “nome”, o “rosto”, o “coração” de Deus, apresentando nos Antigo Testamento como “lento na ira”. “Deus sabe esperar, os seus tempos não são impacientes como os dos homens”, frisou.

No final, o Papa Francisco lembrou as vítimas do atentado terrorista na cidade de Istambul, na Turquia, que provocou 10 mortos. “Convido-vos a rezar pelas vítimas do atentado que aconteceu ontem [terça-feira] em Istambul. Que o Senhor, o misericordioso, dê paz eterna aos mortos, conforto aos familiares, firmeza solidária a toda a sociedade e converta o coração dos violentos”, desejou.

 

2. O Papa Francisco defende, no seu livro-entrevista ‘O nome de Deus é misericórdia’, lançado esta semana, que a “Igreja não está no mundo para condenar”, mas para transmitir uma mensagem de misericórdia a uma “Humanidade que tem feridas profundas”. “Não são apenas as doenças sociais e as pessoas feridas pela pobreza, pela exclusão social, pelas inúmeras escravidões do terceiro milénio. Também o relativismo fere muitas pessoas: tudo parece igual, tudo parece o mesmo”, refere um excerto da obra, que em Portugal tem a chancela da editora Planeta. Francisco explica que a Igreja “não está no mundo para condenar, mas para permitir o encontro com (...) a misericórdia de Deus”, e defende que “para isso (...) é necessário sair das igrejas e das paróquias” e procurar as pessoas “onde vivem e sofrem”.

O livro ‘O nome de Deus é misericórdia’, que está disponível em 86 países e em seis línguas (italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e português), resulta de uma conversa do Papa Francisco com o vaticanista do jornal italiano La Stampa, Andrea Tornielli, sobre o tema e a mensagem católica da misericórdia. Na apresentação em Roma, o ator e realizador Roberto Benigni considerou que a misericórdia é uma virtude ativa e mexe-se. “É um livro belíssimo. Um livro que nos acaricia, abraça e enche de misericórdia. Porque – atenção – a misericórdia não está sentada no sofá, é uma virtude ativa e mexe-se! Olhem para o Papa, que nunca pára! E move o coração, os braços, as pernas, o corpo e a alma e nunca está quieto: encontra os miseráveis, os pobres, não pára um segundo. O Papa mostra-o bem neste livro: É como dialogar com ele”, realçou o ator italiano.

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, também marcou presença e disse que se trata de um livro que abre portas. “Este volume lê-se muito bem e tem uma característica peculiar do seu autor principal, ou seja, o Papa. De facto, é um livro que abre as portas, que as quer manter abertas e que aponta possibilidades; que deseja fazer brilhar, ou pelo menos, acenar o dom gratuito da infinita misericórdia de Deus”.

O testemunho mais surpreendente do lançamento veio de um recluso de nacionalidade chinesa, atualmente na prisão de Pádua, a cumprir uma pena de 20 anos, mas que entretanto se converteu ao cristianismo, adoptando o nome Agostinho em homenagem ao santo. “Caro Papa Francisco, obrigado pela afeição e ternura que nunca deixas de nos testemunhar. Obrigado pelo teu incansável testemunho. Obrigado pelas páginas deste livro, das quais emerge o coração de um pastor misericordioso. Rezamos sempre por ti”, testemunhou Zhang Agostino Jianqing.

 

3. O Papa Francisco dirigiu-se, na passada segunda-feira, 11 de janeiro, ao corpo diplomático acreditado junto do Vaticano com um longo discurso em que aludiu à crise dos refugiados, alertando que a Europa não se pode “dar ao luxo” de perder as suas bases humanistas, mesmo que o fluxo migratório seja “um fardo difícil de levar”. “Nas nossas mentes e nos nossos corações, permanecerão indelevelmente gravadas as imagens das crianças mortas no mar, vítimas dos homens sem escrúpulos e da inclemência da natureza”, referiu. O Papa diz que não se pode ignorar “a voz dos milhares que choram enquanto fogem de guerras horríveis, de perseguições e violações dos direitos humanos, da instabilidade política ou social, que frequentemente lhes tornam impossível a vida na própria pátria. É o grito de quantos se veem constrangidos a fugir para evitar barbáries indescritíveis contra pessoas indefesas como crianças e deficientes ou evitar o martírio por simples filiação religiosa”, apontou.

O Papa deixou votos para que em 2016 haja uma ação política conjunta contra o fundamentalismo terrorista na Síria, na Líbia, no Iraque e no Iémen e voltou a expressar o seu desejo de paz para a Terra Santa.

 

4. No Domingo do Batismo do Senhor, o Papa batizou 26 crianças, 13 meninas e 13 meninos, durante a tradicional Missa na Capela Sistina que marca o final do tempo litúrgico do Natal, sublinhando a dimensão festiva do Batismo. “Desejo que este seja um dia alegre para vós, desejo que sejais capazes de fazer crescer estas crianças na fé e que a maior herança que recebam de vós seja precisamente a fé”, salientou, na breve homilia que pronunciou. Francisco lembrou que, ao batizar as crianças, a Igreja sublinha que “a fé é transmitida de geração em geração, como uma cadeia ao longo dos tempos”. “Estes meninos e estas meninas, passados alguns anos, ocuparão o vosso lugar com um outro filho – os vossos netos – e pedirão o mesmo: a fé; a fé que nos dá o Batismo; a fé que traz o Espírito Santo hoje no coração, na alma, na vida destes vossos filhos”, precisou.

Na recitação do Angelus, a partir da janela do apartamento pontifício, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa voltou a sublinhar a importância do batismo, um dia que cada católico deveria celebrar. “Hoje, festa do batismo de Jesus, pensemos no dia do nosso batismo, agradeçamos por este dom e reafirmemos a nossa adesão a Jesus, com o compromisso de viver como cristãos, membros da Igreja e de uma humanidade nova”, pediu.

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