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Papa apela a gestos concretos contra a pobreza
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O Vaticano divulgou a Mensagem do Papa para Quaresma. Na semana em que recebeu o Presidente do Irão, Francisco falou de beleza, incitou católicos e protestantes a perdoarem-se, lembrou o papel da família e alterou o lava-pés.

 

1. A mensagem do Papa para a Quaresma deste ano, divulgada esta terça-feira, 26 de janeiro, pelo Vaticano, é centrada na misericórdia e no serviço aos pobres. Francisco afirma que, neste Ano Santo da Misericórdia, é ainda mais obrigatório que a fé dos católicos se traduza “em atos concretos e quotidianos destinados a ajudar o próximo”. “Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida, perante o drama da pobreza”, escreve o Papa, alertando ainda para o “delírio de omnipotência” que tem levado o ser humano a ignorar quem sofre e a esquecer Deus.

Na mensagem intitulada «“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As obras de misericórdia no caminho jubilar», Francisco lembra que a “cegueira” do poder e da riqueza pode assumir “formas sociais e políticas”, como mostraram os regimes totalitários do século XX, e como mostram hoje as “ideologias do pensamento único e da tecnociência, que pretendem tornar Deus irrelevante” na vida do homem. Para o Papa, foi essa “cegueira” que conduziu ao atual “modelo de falso desenvolvimento” fundado na “idolatria do dinheiro”, que torna as pessoas e as sociedades mais ricas “indiferentes ao destino dos pobres”, a quem fecham a porta e recusam ver. Espera, por isso, que a Quaresma deste Ano Jubilar seja “um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia”. Segundo o Papa, apenas o amor de Deus pode dar resposta à “sede de felicidade e amor” de cada um.

 

2. Ainda na terça-feira, o Papa Francisco recebeu o Presidente do Irão, tendo pedido a Hassan Rouhani que trabalhe em prol da paz. “Falou-se da conclusão e aplicação do novo acordo nuclear e colocou-se em destaque o papel significativo que o Irão está chamado a desempenhar, juntamente com outros países da região, na promoção de soluções políticas adequadas para as diversas problemáticas que afligem o Médio Oriente, combatendo a difusão do terrorismo e o tráfico de armas”, revelou um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, salientando que sublinha que o encontro decorreu numa “atmosfera de cordialidade”, com referência a “valores espirituais comuns” e ao “bom estado” das relações bilaterais. “Recordou-se a importância do diálogo inter-religioso e a responsabilidade das comunidades religiosas na promoção da reconciliação, da tolerância e da paz”, acrescenta a nota.

O encontro na Biblioteca Privada do Papa durou 40 minutos, no final dos quais o Presidente iraniano, com a ajuda de um intérprete, deixou um pedido a Francisco: “Peço-lhe que reze por mim”. O Papa retribuiu com votos de “paz”. Esta foi a primeira audiência de um líder iraniano com o Papa em mais de 16 anos, depois de Mohammad Khatami se ter reunido com João Paulo II em 1999.

 

3. O Papa elogiou, esta quarta-feira, no Vaticano, a tradição de “beleza” do Circo, depois de vários artistas terem animado durante breves minutos a audiência-geral na Praça de São Pedro. “Saúdo os artistas e profissionais do circo e agradeço-lhes pela sua bonita exibição. Vós sois autores de beleza, fazeis a beleza, e a beleza faz bem à alma, a beleza aproxima-nos de Deus”, declarou, de improviso. “Por detrás deste espetáculo de beleza, quantas horas de treino existem! Em frente, continuem, e obrigado”, acrescentou Francisco, após a exibição que durou cerca de dois minutos e meio, cumprimentando depois os vários artistas.

Na catequese durante o encontro público semanal, o Papa garantiu que “a misericórdia de Deus atua sempre para salvar”. “A misericórdia divina torna o homem precioso, como um tesouro pessoal que pertence ao Senhor, que Ele guarda e no qual se compraz. Tornamo-nos joias preciosas nas mãos do Pai bom e misericordioso”, afirmou.

 

4. O Papa pede misericórdia e perdão pelos atos dos católicos contra outros cristãos. As palavras de Francisco foram proferidas esta segunda-feira, dia 25 de janeiro, na Basílica de São Paulo Extramuros, no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. “Como Bispo de Roma e pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos comportamentos não evangélicos praticados pelos católicos contra os cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e irmãs católicos a perdoar, se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos. Não podemos anular o que aconteceu, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continue a envenenar as nossas relações”, sublinhou Francisco.

Ainda esta segunda-feira o Vaticano confirmou que o Papa vai participar numa cerimónia conjunta com a Federação Luterana Mundial, para assinalar a reforma protestante em Lund, na Suécia, a 31 de outubro.

 

5. O Papa Francisco considera que o mundo não pode confundir a família com outras formas de união. Num discurso ao Tribunal Apostólico da Rota Romana, a mais alta instância de recurso do sistema jurídico da Igreja, o Papa sublinhou, contudo, a necessidade de se acolher com amor também as pessoas que vivem em situações irregulares. “A Igreja pode mostrar o indefetível amor misericordioso de Deus para com as famílias, em particular aquelas que estão feridas pelo pecado e pelas provas da vida, e ao mesmo tempo proclamar a irrenunciável verdade do casamento segundo o desígnio de Deus”, disse o Papa, no passado dia 22 de janeiro, concluindo que o mundo “não pode confundir a família querida por Deus e outros tipos de união”.

Neste mesmo dia, foi divulgada a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016, intitulada ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’, onde Francisco avisa que “não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas sim o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor”.

 

6. O Papa Francisco decidiu modificar a rubrica do Missal Romano relativa ao lava-pés de Quinta-feira Santa, estabelecendo que a participação no rito não seja limitada só aos homens e rapazes, anunciou a Santa Sé, dia 21 de janeiro. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou hoje o decreto que altera a prática estabelecida em 1955, aquando da reforma da Semana Santa.

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