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Educação sexual ? um desafio

Volta a falar-se – é cíclico – de educação sexual nas escolas públicas.

Agora, em tempo de eleições, é mais um tema de clivagem ideológica, com o PS e o Governo a deixarem-se, mais uma vez, arrastar pela esquerda (ou pelas esquerdas, ortodoxa uma, folclórica outra…) em desesperada caça aos votos.

Não está em causa – nunca esteve – a necessidade, mesmo a importância, de a educação sexual fazer parte das disciplinas escolares. As grandes questões que se colocam são essencialmente três: que educação sexual se quer dar, como se quer dar e com que objectivo.

Abordemos a última – que acaba por arrastar as outras.

Na senda das ideias e pretensões esquerdistas e na linha da tão apregoada distribuição de preservativos nas escolas, a educação sexual é, sobretudo, um meio de, sempre em nome da liberdade individual, banalizar a sexualidade e reduzi-la a um mero joguete de vontades e de oportunidades, marginal à razão, por isso gratuito e irresponsável.

Ora isto é extremamente grave.

A sexualidade é um valor fundamental da existência humana – e, como tal, tem de ser tratada. A sua defesa e preservação não se compadecem com facilitismos que apenas podem conduzir a acções insensatas, de consequências físicas e psicológicas imprevisíveis, mas quase sempre demolidoras. É um erro crasso e – porque não dizê-lo? – verdadeiramente desumano separar a sexualidade da afectividade, isto é, do amor, reduzindo-a a um simples instrumento do instinto, logo em completa ruptura com o espírito.

Já em pleno século XXI, é uma pena ver as sociedades ditas civilizadas, como a nossa, a esbracejarem num chamado progressismo feito de ideias perversas, autênticos presentes envenenados que destroem a dignidade, corrompem as consciências e subvertem os valores, lançando sobre o futuro um pesado manto de dúvidas e de interrogações.

 Pode perguntar-se, por exemplo, face a este modelo de educação sexual que nos querem impor, face à noiva lei do Divórcio que já nos impuseram, o que será a família daqui a umas décadas. Como será possível ela constituir-se e sobreviver com base nestes conceitos de inóspito materialismo, de frio desprezo pelos pilares da condição humana?

Não se sabe, mas uma coisa é certa: se se continuar a trilhar este caminho, se o respeito pela maneira de estar e de sentir da maioria dos portugueses não vier a prevalecer sobre o voluntarismo irresponsável que por aí campeia, o tecido social do país tornar-se-á mais fraco à medida que a família, também ela mais fraca, for perdendo capacidade de intervir na educação e formação dos filhos, cada vez mais submetidos aos ditames de um Estado que se julga detentor único da verdade.

E é aqui, no papel da família, que se levanta mais uma questão.

A educação sexual nas escolas é importante, já o dissemos. Porém, em contrapartida, com a orientação que se lhe quer dar, transforma-se num ninho de riscos. Por isso, os pais deveriam poder optar pela frequência ou não da disciplina por parte dos filhos. Mas não podem. Prepotente, o Governo não o permite. A frequência é mesmo obrigatória.

Perante este quadro, seria essencial – nem vale a pena dizê-lo – uma reflexão profunda. Ainda é tempo de arrepiar caminho e de encontrar um rumo novo. Assim se queira e possa erradicar da política o autismo cerrado que hoje a domina.

As gerações futuras agradeceriam.