Domingo |
À procura da Palavra
O dia novo
<<
1/
>>
Imagem

DOMINGO DE PÁSCOA Ano C
“No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro,
ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro.”
Jo 20, 1

 

 

Primeiro foi a espera. A dos discípulos, tolhidos pelo medo, fechados talvez na casa onde Jesus os reunira na ceia. E a de Maria, que foi ao túmulo, envolta num amor que o sofrimento não apagou totalmente. Perante a pedra retirada e o sepulcro vazio, a incredulidade de Pedro e a fé de João, continuam a ser espera. Quantas esperas existem em nós como vazios desejosos de plenitude? Em palavras ou em silêncio, esperamos, e isso, tantas vezes sem o sabermos, é já abertura para o encontro e a comunhão com Deus. Jesus veio como o jardineiro, humilde e sem triunfalismos, chamar Maria pelo nome; veio como o amigo que nenhuma parede pode deter, dar a paz aos discípulos. Este é o dia novo em que toda a esperança se realizou. O dia novo que nos faz novos!

A novidade da ressurreição é difícil expressar em palavras. Também os poetas falam mais da paixão e da morte, tão conhecidas e íntimas de todos nós. E os poemas com sabor a Páscoa são mais raros, como se fosse difícil falar do dinamismo da vida ressuscitada que começou naquele dia, mas permanece sempre tão abraçado à cruz. E assim, em jeito de “presente” pascal, partilho um poema de Daniel Faria: “Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo / De o transformar. Este é o dia transformado / Pelo modo como apoio este dia no chão. / Coloco-o na posição humilde dos meus joelhos na terra / Abro-o com os olhos que retiro de todas as coisas quando os fixo / Na atenção. // E fico atento, fico deitado porque não sei crescer / Num terreno que se levante. / Cresço na clareira de um homem que é uma palavra / Na sua túnica inteira / Porque este é o sítio do dia sem horário // Sem divisões // E ponho-me de frente no seu lado, / Nos seus braços abertos para me unir / E entro pelo lado aberto e ardo – como Elias / Em chamas subindo para o céu.”

Neste dia novo, Deus já não escreve uma lei em tábuas de pedra, mas das palavras e da vida de uma mulher espalha-se o anúncio inacreditável: “Jesus ressuscitou”. O anúncio precede a compreensão de tamanha maravilha, e transmiti-lo é condição para melhor o compreendermos. É nos corações dos discípulos que se imprime o encontro e a presença de Jesus, para comunicarem aquilo que parece indizível: Cristo amou e ofereceu o perdão de Deus em plenitude. Comunicou-nos o amor que vence a morte, que recria o que parecia perdido, que derrota a violência e o egoísmo. A sua presença, pelo Espírito Santo, faz novas todas as coisas. Ressuscitar é o verbo que identifica os discípulos de Jesus Cristo. Conjuga-se na passagem da solidão à comunhão, do isolamento à fraternidade. É assim que a oração, o dom dos sacramentos, o “sacramento dos mais pequeninos” que nos são confiados, o sonho de transformar o mundo, os desejos de felicidade lançam-nos no abraço a Jesus e a todos. “Permanecendo sozinhos é difícil acreditarmos na ressurreição”, diz o Irmão Alois de Taizé! Na ressurreição de Jesus a espera transformou-se no dia novo que vamos criando!

P. Vítor Gonçalves
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES