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“Recontextualizar” doutrina sobre a família
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‘Amoris laetitia’ (‘A Alegria do Amor’). É este o título da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a família. Na semana em que o Papa falou da misericórdia de Deus em Jesus Cristo, foi noticiado que Francisco deve voltar a visitar migrantes. O Papa anunciou ainda uma coleta especial em todas as igrejas e visitou Bento XVI.

 

1. A exortação apostólica do Papa Francisco ‘Amoris laetitia’ (‘A Alegria do Amor’), sobre a família, foi publicada esta sexta-feira, 8 de abril, e tem por objetivo “recontextualizar” e não mudar a doutrina da Igreja. O Vaticano distribuiu esta semana, aos bispos de todas as dioceses do mundo, um texto com a chave de leitura para o tão esperado documento do Papa sobre a família. A exortação apostólica pós-sinodal é a etapa final dos dois Sínodos que se realizaram em Roma, em outubro de 2014 e de 2015.

Na carta enviada aos bispos, a secretaria-geral do Sínodo pede que, nas suas dioceses, apresentem publicamente a exortação do Papa que, lê-se, “não pretende mudar”, mas sim “recontextualizar” a doutrina do Evangelho sobre o matrimónio e a família. Juntamente com uma “conversão da linguagem”, duas das chaves de leitura necessárias para a pastoral dos bispos são “o discernimento e o diálogo”. Ou seja, descentrar-se, dialogar com todos e “não dar por adquirida a formulação da verdade nem as opções tomadas”, sendo necessário considerar “não só a verdade objetiva”, mas também a “boa vontade e o desejo de salvação”.

Estas recomendações enviadas aos bispos recordam ainda que “a preocupação pastoral não deve ser interpretada em contraposição ao direito”, nem se trata “de adequar a pastoral à doutrina ou à teologia”, mas sim de “recontextualizar a doutrina ao serviço da pastoral da Igreja”.

 

2. O Papa Francisco iniciou, nesta quarta-feira, 6 de abril, um ciclo de catequeses sobre o cumprimento da misericórdia de Deus em Jesus Cristo. “Jesus é a misericórdia de Deus feita carne; uma misericórdia, que Ele exprimiu, realizou e comunicou em todos os momentos da sua vida terrena”, afirmou Francisco, na audiência-geral na Praça de São Pedro, declarando que o “Evangelho é verdadeiramente o Evangelho da misericórdia, porque Jesus é a Misericórdia”.

O Papa acentuou ainda que “é na Cruz que Jesus apresenta à misericórdia do Pai o pecado do mundo, todos os nossos pecados”. Por isso, “não devemos temer as nossas misérias: a potência do amor do Crucificado que não conhece obstáculos e não acaba nunca”, terminou.

 

3. O porta-voz do Vaticano afirmou esta terça-feira, 5 de abril, que o Papa Francisco está a estudar a possibilidade de visitar a ilha grega de Lesbos, ponto de acolhimento de muitos dos migrantes e refugiados que tentam chegar à Europa através do Mediterrâneo. Vários meios de comunicação apontam a data de 15 de abril como data provável para a visita. O padre Federico Lombardi confirmou à agência de notícias italiana ANSA que este é um assunto “de que se está a falar” e que há “contactos a decorrer”. “Não desminto as notícias, mas de momento não posso acrescentar nada porque não há decisões, datas ou programas definidos”, revelou.

A notícia partiu do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa grega, acolhendo assim o desejo do próprio Papa. Após ter ido a Lampedusa, nos primeiros dias do seu pontificado, Francisco regressa assim ao coração do Mediterrâneo. A crise dos migrantes e refugiados agravou-se desde a visita de Francisco a Lampedusa, em 2013. Desde então, o drama destas pessoas tem sido tema habitual nas intervenções do Papa.A visita poderá ter um só dia, à semelhança das deslocações que Francisco tem feito uma vez por mês, no âmbito do Jubileu da Misericórdia. Francisco tem feito visitas rápidas a lugares de sofrimento – sempre à sexta-feira – em Roma e nos arredores.

Fontes ortodoxas gregas adiantam que o Papa vai ser recebido pelo Arcebispo ortodoxo de Atenas, Ieronimus II, o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu II, o Presidente da República grego, Prokopios Pavlopoulos, e o Primeiro-Ministro, Alexis Tsipras.

 

4. O Papa Francisco anunciou uma campanha para ajudar as vítimas da violência na Ucrânia. No final da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, no Domingo da Divina Misericórdia, 3 de abril, o Papa lembrou as populações que pedem reconciliação e paz. “Penso, em particular, no drama de quem sofre as consequências da violência na Ucrânia, dos que permanecem nas terras atingidas pela hostilidade que já causou milhares de mortos e dos que – mais de um milhão – foram obrigados a deixá-las, devido à grave situação que perdura. Os mais atingidos são, sobretudo, idosos e crianças”, apontou o Papa. “Além de os acompanhar em pensamento e oração constante, decidi promover uma ajuda humanitária a seu favor”, anunciou Francisco. A ajuda será prestada através de uma coleta em todas as igrejas católicas da Europa, no Domingo dia 24 de abril. A recolha de donativos reverterá para as vítimas da violência na Ucrânia.

Na véspera, a 2 de abril – dia em que se assinalaram 11 anos da morte de João Paulo II – o Papa presidiu à vigília de oração pela Divina Misericórdia, lembrando que a misericórdia está nos gestos de todos os dias. “A misericórdia vai à procura da ovelha perdida e, quando a encontra, irradia uma alegria contagiosa. A misericórdia sabe olhar cada pessoa nos olhos; cada uma delas é preciosa para ela, porque cada uma é única. Quanta dor sempre que ouvimos dizer ‘estes pobres, vamos pô-los na rua’. Deixamos que durmam na rua. Isto é de Jesus?”, questionou Francisco, lamentando ainda que “ternura” seja “uma palavra quase esquecida e de que tanto precisamos todos nós”.

 

5. O Papa Francisco encontrou-se, durante a Semana Santa, com o seu antecessor, Bento XVI, numa visita particular que serviu para levar os votos de boa Páscoa ao Papa Emérito.

Entretanto, o secretário pessoal do Papa Emérito, Georg Ganswein, diz que Bento XVI é um “homem idoso, mas muito lúcido”, tal “como uma vela lenta que serenamente se apaga”. “Lamentavelmente, caminhar é para ele muito cansativo e, por isso, utiliza apoio. Em abril [dia 16] faz 89 anos”, lembrou o arcebispo alemão, em entrevista à revista Benessere. Georg Ganswein disse ainda que Bento XVI mantém “o seu humor fino e subtil” e “tem interesse por tudo”. “Continua com a sua correspondência, mas já não escreve livros. Limita-se a ditar cartas”, revelou, garantindo que o Papa Emérito está “sereno, em paz com Deus, consigo e com o mundo”.

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