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Opinion-makers e o mito da neutralidade
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Aí estão elas, as eleições! Escrevo este texto ainda em tempo de campanha, mas consciente de que ele já será publicado e lido com as votações a decorrer ou até com os seus resultados conhecidos. O vencedor estará também, desde há muito, conhecido: a abstenção! Se falta unidade à União Europeia, ao menos nisto ela fala em uníssono!
Constato que se apresentaram a sufrágio alguns candidatos que, para além de muitos outros méritos, se têm destacado como jornalistas e, sobretudo, como opinion-makers – escrevendo em jornais, comentando na televisão e na rádio, opinando na blogosfera. Este facto foi também notado por leitores do jornal Público, cujas queixas levaram o seu «Provedor do leitor» a enfrentar a questão da licitude da presença de «cronistas-candidatos» em período de campanha (in Público 31/5/2009). É apenas um exemplo de uma questão que julgo mais ampla: qual a efectiva independência dos opinion-makers e da comunicação social em geral, seja no campo político, seja noutro campo qualquer. Acerca da autoridade reconhecida pelo público aos órgãos de informação e a quantos comentam na televisão, na rádio, em jornais ou na blogosfera não será preciso dizer grande coisa. Parece-me, todavia, interessante notar como essa autoridade tantas vezes lhes advém do facto de serem apresentados como «independentes». Ora a presente campanha, como os seus «cronistas-candidatos», pode ajudar-nos a perceber que mesmo sendo, de facto, independentes – neste caso, não filiados em nenhum partido –, eles nem por isso serão forçosamente «neutros» quando são chamados a fazer comentários. O campo da acção política será um daqueles em que esta «não neutralidade» mais claramente se pode perceber. Mas estou em crer que o mesmo se poderá dizer acerca de (praticamente) todos os outros campos da vida pública: economia, desporto, sociedade, etc. Julgo ser de saudar aqueles que, desempenhando essa função difusa de opinion-makers, aceitam não se esconderem sob o manto de uma pertença neutralidade, mas que assumem publicamente as suas opções. Longe de perturbar os seus comentários, esta publicidade favorecerá uma mais plena interpretação das suas análises e tomadas de posição. É que essas opções são não apenas legítimas, como também inevitáveis. Parece-me, contudo, que nem sempre o público «consumidor de informação» está suficientemente consciente de que a comunicação social, mesmo sendo independente, poderá nem sempre ser neutra.
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