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Roma
“Ignorar o pobre é desprezar Deus”
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O Papa convidou à misericórdia. Na semana em que falou sobre refugiados pedindo integração, o Papa alertou para o “analfabetismo espiritual”, apelou ao combate à indiferença e visitou, de surpresa, doentes mentais. Portugal é o nono país com mais jovens inscritos na JMJ.

 

1. “A misericórdia de Deus está ligada à nossa misericórdia para com o próximo e quando não temos misericórdia para com os outros, a misericórdia de Deus não encontra espaço no nosso coração fechado”, observou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 18 de maio, na Praça de São Pedro. “Isto nos demonstra a parábola do rico avarento e do pobre Lázaro. O portão da casa do rico estava sempre fechado ao pobre, que ali jazia esfomeado e coberto de chagas. Ignorando Lázaro e negando-lhe até mesmo as sobras da sua mesa, o rico desprezou a Deus, segundo as conhecidas palavras de Jesus: ‘Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer’”, referiu Francisco, concluindo: “Ignorar o pobre é desprezar Deus”.

 

2. O Papa Francisco voltou a realçar que o mercado inteiramente livre não funciona, sendo necessário um poder moderador. A resposta do Papa surgiu, curiosamente, numa questão sobre as relações com o Islão e as questões dos refugiados. O jornal francês ‘La Croix’ perguntou a Francisco até que ponto a Europa devia aceitar todos os refugiados que chegam à Europa. “É uma boa pergunta, porque não se pode abrir os portões sem critério. Contudo, a questão de fundo é porque existem agora tantos migrantes? O problema de fundo são as guerras no Médio Oriente e em África, bem como o subdesenvolvimento em África, que causa fome. Se há guerras é porque existem fabricantes de armas – o que se justifica para razões de defesa – e porque há traficantes. Se há subdesenvolvimento é porque há falta de investimento capaz de gerar emprego, de que África tanto precisa”.

“De forma mais geral”, continuou o Papa, “isto levanta a questão de um sistema financeiro mundial que se transformou numa idolatria do dinheiro. A maior parte da riqueza da humanidade concentrou-se nas mãos de uma minoria. Um mercado inteiramente livre não funciona. Os mercados em si são bons, mas precisam de um terceiro, de um estado para os monitorizar e equilibrar. Por outras palavras, uma economia de mercado social”. Ainda sobre os refugiados, Francisco disse que mais do que acolher quem precisa, importa não permitir que se criem guetos, e apelou à integração.

 

3. Em Domingo de Pentecostes, o Papa alertou para o “analfabetismo espiritual” da sociedade atual. “No nosso tempo, também se constatam vários sinais desta nossa condição de órfãos: a solidão interior que sentimos mesmo no meio da multidão e que, às vezes, pode tornar-se tristeza existencial; a nossa suposta autonomia de Deus, que aparece acompanhada por uma certa nostalgia da sua proximidade; o analfabetismo espiritual generalizado que nos deixa incapazes de rezar; a dificuldade em sentir como verdadeira e real a vida eterna, como plenitude de comunhão que germina aqui e desabrocha para além da morte; a dificuldade de reconhecer o outro como irmão, porque filho do mesmo Pai; e outros sinais semelhantes”, exemplificou Francisco. “A tudo isto se contrapõe a condição de filhos, que é a nossa vocação primordial, é aquilo para que fomos feitos, o nosso ‘ADN’ mais profundo mas que se arruinou e, para ser restaurado, exigiu o sacrifício do Filho Unigénito”, afirmou, na Basílica de São Pedro, durante a Missa de Pentecostes.

Ainda no Domingo, 15 de maio, foi publicada a Mensagem para o Dia Mundial das Missões, onde o Papa sublinha que o trabalho dos missionários é mais necessário do que nunca, “face à quantidade de injustiças, guerras e crises humanitárias que esperam uma solução”. “Todos os povos e culturas têm o direito a receber a mensagem de salvação, que é um dom de Deus para todos”, escreveu Francisco. Na mensagem para aquele que será o 90º Dia Mundial das Missões, a 23 de outubro, o Papa argentino destacou também “a considerável e crescente presença da mulher no mundo missionário”.

 

4. O Papa apelou ao combate à indiferença. Na audiência jubilar no Vaticano, no sábado, dia 14 de maio, Francisco lembrou essa indiferença, dando o exemplo dos que dão mais atenção a cães e gatos do que ao seu vizinho. “A piedade não se confunde com a compaixão que sentimos pelos animais que vivem connosco. Acontece, na verdade, é que às vezes temos esse sentimento para com os animais, mas permanecemos indiferentes ao sofrimento dos irmãos. Tantas vezes vemos tanta gente muito ligada aos gatos e aos cães, mas depois não ajudam a matar a fome do vizinho e da vizinha”, apontou o Papa, durante a audiência na Praça de São Pedro, onde saudou os peregrinos de língua portuguesa, em especial os fiéis da Missão Católica Portuguesa de Friburgo, na Suíça.

 

5. O Papa Francisco fez uma visita surpresa, na tarde de sexta-feira, 13 de maio, à Comunidade ‘Il Chicco’ (O grão), em Ciampino, nas proximidades de Roma, uma associação pertencente à família ‘A Arca’, fundada por Jean Vanier, em 1964. Realizada no âmbito das ‘sextas-feiras da misericórdia’, neste Ano jubilar, a visita ficou marcada pelo contacto do Papa com os utentes. “O Santo Padre sentou-se à mesa para merendar com os membros da comunidade e os voluntários, e ouviu as palavras simples proferidas por Nadia, Salvatore, Vittorio, Paolo, Maria Grazia e Danilo, partilhando com alegria e simplicidade este momento familiar. Francisco visitou os doentes mais graves dando sinais de grande afeto e ternura, em particular a Armando e Fabio que foram os primeiros a serem acolhidos na estrutura”, refere o site do Jubileu da Misericórdia. A Comunidade ‘Il Chicco’ foi a primeira criada em Itália, em 1981, e acolhe hoje 18 pessoas com problemas mentais.

 

6. Portugal está entre os 10 países com mais inscritos para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai decorrer em Cracóvia, na Polónia, de 25 a 31 de julho. Segundo a organização da JMJ, até dia 13 de maio estavam registados 7.847 peregrinos portugueses, sendo o nono país com mais participantes no encontro mundial de jovens com o Papa. A Polónia, país anfitrião, lidera o ranking de inscritos, com 30% (177.813 participantes), a que se seguem Itália, Espanha, França, Estados Unidos da América, Alemanha, Brasil e Ucrânia. A JMJ conta já com “mais de 500 mil (586,845) peregrinos, de 182 países”.

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