Todos os anos vai sendo assim. Ao terminar o ano pastoral, no Domingo mais próximo da Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos, a Igreja ordena novos padres. Em algumas dioceses podem ser mais, noutras menos, outras até, podem não ter padres para ordenar. Porém, esta é uma data em que, atualmente e normalmente, mas não obrigatoriamente, são ordenados sacerdotes. Por isso mesmo, são muitos os padres que, por estes dias, comemoram a sua ordenação. Conhece a data de ordenação do seu pároco? Felicitou-o por isso?

O padre não é para si mesmo, é padre para a Igreja que é convidado a servir. É padre para a comunidade, para a paróquia, para os doentes, para os pobres, para os necessitados, para os que sofrem... é padre para o mundo. Mas não é do mundo.

Pelo Sacramento da Ordem, no segundo grau, do presbiterado, aquele que o recebe acolhe-o por vontade expressa e própria, em resposta ao chamamento recebido por Deus e confirmado pela Igreja. Por isso mesmo, tem a consciência de que o seu coração e a sua vida são oferecidos e se devem alargar para acolher e amar a todos, sem restrições, sem condições, sem repartições. Um coração inteiro para amar a todos.

Confesso que, ainda eu não era padre, e quando participava na celebração das ordenações facilmente me emocionava diante de um gesto tão solene, profundo e significativo como o da prostração. Um momento muito forte para aquele que ali está prostrado, diante do seu bispo, mas acima de tudo diante de Deus. Nessa altura, na liturgia da Ordenação, cantam-se as Ladainhas dos Santos, invocando a intercessão de todos os santos e santas da Igreja e rezando por aqueles que se submetem a esta grande vontade de Deus, de dar a vida por inteiro, ao seu serviço e da Igreja.

Sobre esse momento, normalmente se pergunta: o que se pensa nessa altura? Poderei testemunhar: na grandeza de um gesto tão pleno de amor; no amor que Deus nos tem, por cada um de nós, pela sua Igreja, por aqueles que Ele criou, por aqueles que Ele quer salvar; parece que um filme passa à nossa frente, mostrando-nos toda a nossa vida já vivida, os momentos em que Ele se nos revelou, mostrando-nos o seu amor misericordioso; a perceção da nossa pequenez diante de tão grande projeto que não é nosso mas de Deus. É acima de tudo um momento em que nos prostramos diante de Deus para que Ele nos levante “na cruz do seu Filho como vidas oferecidas, para alargar a Páscoa no mundo”, salientava D. Manuel Clemente no passado Domingo, ao ordenar oito novos sacerdotes, no Mosteiro dos Jerónimos.

Por isso, porque o padre é para o mundo precisa de ser cuidado por todos. Muitas vezes vamos ouvindo o Papa Francisco pedir que se reze por ele, pelo seu pontificado, porque a oração tem a capacidade de fortalecer e é arma que, ao contrário das outras, produz a paz. Por isso, não se esqueça: reze pelos padres!

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt