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Parar para estar: a importância do tempo de estar juntos, em família
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Durante a maior parte do ano as nossas vidas são dominadas pelo verbo FAZER – temos sempre imensas coisas para fazer e por fazer! Vivemos constrangidos pela ditadura do relógio, que não pára para nos permitir abrandar o ritmo.

Porém, nas férias devem dominar os verbos SER e ESTAR: estar mais disponível, estar mais descansado (de preferência longe das preocupações profissionais habituais), estar junto dos que amamos, ser feliz.

No Departamento da Pastoral Familiar da Diocese de Lisboa acreditamos que Ser família é uma grande alegria e sabemos que estar em família é fundamental para o equilíbrio emocional e físico do ser humano. Recomendamos por isso que todos procurem dedicar tempo ao convívio em família. Por exemplo, conversem sobre o que pensam e sentem (parece banal, mas sabemos que nas rotinas acabam por deixar pouco espaço ao diálogo) e promovam dinâmicas que reúnam os vários elementos da família (pode ser uma forma de descobrir e estimular os talentos de cada um). Os laços de afeto, de confiança e união criados pelo prazer de estarem na companhia uns dos outros serão fundamentais para ajudar as famílias a ultrapassar os tempos de dificuldade e de rotina.

 

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Fala o Papa Francisco: Como podemos manter viva a chama do nosso amor?

 

Uma parte das pessoas que se casam não sabem o que fazem. Casam-se...

– «Mas tu sabes que isto é um sacramento?»

– «Sim, sim, e por isso deverei confessar-me antes, fá-lo-ei e também receberei a comunhão»

– «E sabes que isto é para a vida inteira?»

– «Sim, sei, sei...».

Mas não o sabem, porque esta cultura do provisório penetra profundamente em nós, nos nossos valores, nos nossos juízos, que depois significa, para o dizer assim, simplesmente — significa:

– «Sim, sim, estarei casado enquanto durar o amor, e quando o amor terminar, acabará o matrimónio».

Não se diz, mas a cultura do provisório leva-te a isto. E a meu ver a Igreja deve trabalhar muito neste ponto, com a preparação para o matrimónio. Na Amoris laetitia há um capítulo, um capítulo dedicado a isto. Uma senhora certa vez disse-me:

– «Vós, sacerdotes, sois astutos: para vos tornardes presbíteros estudais oito anos, e então estais aptos; mas se algo não vos agrada, ou se encontras uma moça da qual gostas e não queres continuar, depois de pouco tempo fazeis um procedimento e ides à Santa Sé, que vos dá a dispensa, e assim podeis casar e formar uma família. Quanto a nós, que recebemos um sacramento indissolúvel e para a vida inteira, o mistério de Cristo e da Igreja, e dura toda a vida, vós preparais-nos com apenas três ou quatro conferências?».

É verdade: a preparação para o matrimónio. É melhor não casar, não receber o sacramento, se tu não estiveres certo de que ele contém um mistério sacramental, o abraço do próprio Cristo com a Igreja, se não estiveres bem preparado.

Depois, há as dimensões cultural e social. É verdade, casar é uma questão social, sempre foi uma questão social, porque é bonito casar, em todas as culturas: há tantos ritos bonitos, lindos, nas culturas... quando o jovem vai ao encontro da jovem, quando a acompanha… muitos aspetos bonitos, que indicam a beleza do casamento. Mas este aspeto social, na cultura do consumismo, da mundanidade, às vezes favorece a provisoriedade e não nos ajuda a levar a sério [o matrimónio].

Recentemente recordei que telefonei a um jovem que eu conhecia; telefonei-lhe, porque a sua mãe me tinha dito que ele iria casar; eu conheci-o quando celebrava a Missa aqui em Ciampino. Eu disse-lhe:

– «Soube que te casas…»

– «Sim, sim!»

– «Fá-lo-ás naquela igreja?»

– «Mas, na realidade não sabemos, porque depende do vestido da minha noiva, que harmonize com a igreja, para a beleza...».

– «Ah, que bonito, que lindo… E quando?»

– «Daqui a poucas semanas»

– «Ah, muito bem. Estais a preparar-vos bem?»

– «Sim, agora vamos, estamos à procura de um restaurante que não seja demasiado caro, e também as lembranças de casamento, isto, isso e aquilo...».

Que sentido tem este casamento? É puramente uma questão social, uma questão social. E pergunto-me: estes noivos — bons — estão livres desta cultura mundana consumista, hedonista, ou a questão social leva-os a cair nesta falta de liberdade? Porque o sacramento do matrimónio só se pode receber com liberdade. Se tu não estiveres livre, não o recebas!

E depois, há algo de que devemos cuidar. Gosto de me encontrar, tanto nas Missas em Santa Marta como nas audiências gerais, com os casais que celebram 50 e 60 anos de casamento, porque sempre falo com eles e eles dizem-me coisas... sentem-se felizes! Certa vez, um destes casais disse-me aquilo que todos gostariam de dizer, mas eles conseguiram dizê-lo. [Perguntei-lhes:] «Sessenta anos. Quem teve mais paciência?» — «Ambos!» — dizem sempre a mesma coisa — E depois: «Houve desavenças?» — «Quase todos os dias. Mas tudo bem» — «Sois felizes?», então comovi-me, porque se fitaram nos olhos: «Padre, estamos apaixonados». Isto é grandioso! Depois de 60 anos, isto é grandioso! E este é um dos frutos do sacramento do matrimónio: é a graça que o faz. Se todos pudessem entender isto!

E há uma última observação que gostaria de fazer. Que no matrimónio há desacordos, todos nós sabemos; às vezes voam pratos; são coisas que acontecem todos os dias. Mas o conselho que eu sempre dou é este: nunca termineis o dia sem fazer as pazes, porque eu tenho medo da «guerra fria», do dia seguinte. Sim, é extremamente perigosa! Quando te zangas e acabas o dia com raiva e não fazes as pazes naquele mesmo dia, a situação piora cada vez mais. «Mas como faço as pazes, Padre? Devo pronunciar um discurso?» — «Não, faz assim [faz o gesto de uma carícia] e é suficiente». Trata-se de um gesto, da linguagem dos gestos. E entre os gestos — por favor — não vos esqueçais da carícia: o carinho é uma das linguagens mais sagradas no matrimónio. A carícia: amo-te muito... O carinho... Casais que são capazes de se acariciar, de se amar, também com o corpo, com tudo, sempre... As carícias... Acho que assim será possível preservar a força do sacramento, porque até o Senhor acaricia com profunda ternura a sua Esposa, a Igreja. Vamos em frente assim!

 

Papa Francisco na visita ao colégio universitário “Villa Nazareth”, 18 de Junho de 2016

 

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Retiro para Famílias

 

Nesta edição partilhamos testemunhos de quem participou no retiro para famílias, que decorreu nos dias 18 e 19 de Junho, na Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã), com o tema ‘A alegria de ser família’. Neste encontro procurámos proporcionar às famílias um tempo de estar e saborear a alegria de ser e estar em família.

 

Testemunho 1

O que podemos contar-vos do retiro organizado pela Pastoral da Família com o tema ‘A Alegria ser Família’, em Ribamar? Porque tudo nos marcou e temos dificuldade em descrever!

A apresentação dos temas, reflexões, terço meditado e partilhado; a caminhada com pistas, reflexões e diálogo em família; a consagração a Nossa Senhora e compromisso na praia de Porto Novo, onde Padre Rui Pedro, em seu nome e nosso, foi depositar a seus pés os nossos compromissos e orações; o lanche na praia de Santa Rita, o jantar com grelhados e arraial popular.

A celebração no Domingo na Igreja de Ribamar, presidida pelo Sr. Padre Batalha, e a homilia pelo Padre Rui, onde nos disse: “Deus precisa de Ti para salvar os esposos, os filhos, os amigos, as famílias”.

Na hora da partilha as crianças também se manifestaram com uma mensagem para os pais.

Mas quando a Margarida Carvalho nos vem dar, também a nós, uma mensagem, sentimos que todos somos uma família, assim como ela nos quis dizer: “Espero que sejam felizes com a família que têm, porque Eu gosto muito da minha família”!

Com Alegria e satisfação sentimos que é bom partilharmos a Alegria de ser Família!

Família Ferreira (Guida e Domingos)

 

Testemunho 2

Olá! Somos a família Fernandes Almeida, composta pelo pai Daniel, pela mãe Leila, pelo filho mais velho Francisco de 8 anos e pelo filho mais novo Tomás de 4 anos.

Inscrevemo-nos no retiro sem pensar muito, mas foi sobretudo movidos por uma necessidade que todas as famílias têm: necessidade de Deus! Necessidade da Sua ajuda, da Sua bênção, da Sua misericórdia...

E quantas graças damos a Deus por termos tido este ímpeto!

As palavras serão sempre poucas para descrever verdadeiramente o entusiasmo com que vivemos o retiro. Foram dois dias em que conseguimos parar, refletir e nos escutar em Família, não só em casal mas também com os nossos filhos.

O momento que talvez nos tenha marcado mais foi o peddy paper que realizámos em equipa, ou melhor, em família. Pois, rapidamente uma pequena brincadeira que decorreu com uma paisagem fantástica se transformou num momento de reflexão, em que cada membro da nossa família conseguiu refletir e partilhar o seu ponto de vista sobre o que é ser família, o que corre bem e o que pode ser melhorado, através de algumas pistas que íamos seguindo. E foi impressionante ver o nosso Francisco a dar-nos o seu testemunho, e mesmo o nosso Tomás, à sua maneira, claro, lá ia dizendo também o que pensava. Porque para rezar em família requer-se simplicidade...

Houve também um momento de reflexão em casal, ao mesmo tempo que os nossos filhos trabalhavam na elaboração do seu desenho do que é ser família, que nos deu uma grande alegria.

Em conclusão, foi um fim-de-semana em cheio. Cheio de emoções, cheio de reflexões, cheio de perguntas, respostas e compromissos que levámos para casa. E sempre assente na oração - e quão bom é rezar em família! Porque como diz o Papa Francisco “quando a família reza unida, o vínculo torna-se mais forte”.

Um bem-haja à organização deste retiro que conseguiu superar as nossas expectativas que por si só já eram elevadas! Para o próximo estaremos lá outra vez, se Deus quiser.

Família Fernandes Almeida (Leila, Daniel, Francisco e Tomás)


Testemunho 3

A alegria sentida ao longo deste de Retiro de Família foi de tal forma contagiante que não só a nossa união familiar saiu reforçada, mas também a nossa fé. Na verdade, ficámos com vontade de pertencer a uma Equipa de Casais de Nossa Senhora, nós que, outrora, já fomos membros mais ativos.
Quanto às nossas filhas, todos os dias, elas entoam alguns dos cânticos, repetindo a mímica a eles associada. Foi também muito bom o convívio entre famílias.
Em suma, foi pois uma experiência inédita, fantástica que gostaríamos de repetir  e que aconselhamos a  todos os casais.

Família Ribeiro Carvalho (Clara, Nuno, Madalena e Margarida)

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