Na Tua Palavra |
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D. Nuno Brás
Onde está o futuro?
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Não raras vezes, a fé e o modo de viver a que ela dá origem são-nos apresentados como realidade do passado. Velharias fora de moda e para gente velha. Querem-nos convencer de que ser cristão não tem futuro – aliás, já desde o séc. XIX que muitos políticos ateus (muitas vezes pequenos ou grandes ditadores que não suportam não ser deus) se convenceram de que os cristãos tinham os dias contados… questão de meia dúzia de anos, diziam.
Hoje, muitos dos que assim pensam e dizem fazem-no por ignorância, distraídos que andam da realidade; muitos outros porque não querem ver o óbvio ou porque os encheram nas escolas com as ideias do séc. XIX (sim, é verdade, há por aí muita gente a pensar com os preconceitos de há 200 anos, julgando que são progressistas…).
Não me refiro apenas à realidade da presença de jovens nas nossas comunidades paroquiais, nos movimentos, no voluntariado e na ação evangelizadora – certamente, numas comunidades mais que noutras, até porque a própria população é mais idosa numas paróquias que noutras.
Essa é uma realidade que não podemos nunca esquecer. Mas a questão do futuro (a questão do “para onde caminhamos?”) não se coloca ou responde apenas com os jovens, a sua presença e entusiasmo. Ela é uma pergunta com a qual, de um modo ou de outro, mais tarde ou mais cedo, todos (jovens ou velhos) nos embatemos.
Onde é que nós, seres humanos, podemos encontrar o futuro? As nossas acções, os nossos planos, a nossa vontade, os nossos sonhos e até mesmo a nossa imaginação – tudo isso é, por muito que nos custe, limitado, finito. Podemos dizer que cada um de nós coloca as bases do futuro que há-de vir – uma sequência de limites, de fins. Mas já todos sabemos por experiência que o futuro é muito pouco daquilo que nós fabricamos. Onde existe apenas o ser humano, existirá – quando muito – o presente e o passado. O passado que nos escapa e que procuramos reconstruir para saber como foi, e o presente que constantemente nos foge das mãos.
Apenas onde está Deus está o futuro. Deus é o futuro. Deus não é apenas o passado e o presente; é a realidade no seu todo: a realidade toda de cada um de nós; a realidade de todos; a realidade de tudo o que existe. Com Deus – e apenas com Ele – o horizonte humano pode olhar a eternidade. Sem Ele, tudo não passa de um poço mais ou menos largo: podemos julgar que é o todo do mundo e viver felizes e contentes, mas é apenas um poço limitado por muros.
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