Celebrar o Natal é celebrar o nascimento de Jesus. É Deus que se faz Homem e vem, assim, ao encontro dos homens para experimentar e viver as dores da humanidade, sofrer com os que sofrem, alegrar-se com os que se alegram, chorar com os que choram, e entregar-se na Cruz por cada um de nós, perdoando os nossos pecados.

É isto o Natal! Não podemos, por isso, falar de Natal sem falar de Jesus, de José e de Maria, a Sagrada Família, modelo de todas e para todas as famílias.  Não podemos, por isso, querer fazer do Natal uma festa como tantas outras, onde nos lembramos, uma vez no ano, dos que mais sofrem, dos pobres e desprotegidos, praticando gestos de solidariedade, porque não temos a coragem de lhe chamar caridade, pois isso é coisa religiosa e nós até somos um país laico.

Gostamos de celebrar o Natal “mas o Natal já não é uma festa cristã”, dizem alguns. Tornou-se um evento cultural, da sociedade de hoje, transformada, evoluída, onde todos gostam de olhar mais para si próprios do que para os outros. Para lembrar que é tempo de festa – até porque isso é conveniente comercialmente –, iluminam-se umas ruas com muitas luzes, muita exuberância, para ofuscar a Luz verdadeira que quer chegar a todos, mas que tantos não o permitem e rejeitam. Sim, porque entre tantas luzes não se percebe uma luz de Natal. No entanto, apesar de tudo isso, de todos os obstáculos que se constroem para que o Natal não seja o Natal que conhecemos e nós cristãos vivemos, o Natal acontece, não apenas uma vez no ano, mas todos os dias, através daqueles que dão a sua vida diariamente para serem a presença de Jesus juntos dos que mais precisam.

Quem são os que precisam? Basta olhar para o lado e ver: em casa, no prédio, na rua, no trabalho, na escola, em todo o lugar... Podemos pensar, porém, que fazemos Natal ajudando materialmente. Pode ser importante, mas é a nossa vida dada que pode ser e fazer Natal para a vida de muitos. Se o Natal não for isso, falar em Natal de outra forma é um abuso de nome!

A todos os nossos leitores, amigos, colaboradores e benfeitores, votos de um Santo e Feliz Natal e de um ano 2017 com a bênção de Deus.

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt