Jornal Voz da Verdade

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22.01.2017

Editorial |

P. Nuno Ros�rio Fernandes

Sil�ncio at� onde?

Confesso que me foi dif�cil escrever este editorial. Dif�cil, porque refere-se a um tema, tamb�m ele suscept�vel de dif�cil tratamento. Na passada quinta-feira estreou nas salas de cinema uma pel�cula que � mais do que isso, do realizador Martin Scorsese, intitulada ‘Sil�ncio’. Trata-se de um filme realizado a partir do romance de Shusako Endo, com o mesmo nome, que traz ao de cima diversas quest�es teol�gicas, no �mbito da viv�ncia e do testemunho da f�. Desde o tema da Igreja como comunidade celebrante, o sentido do Sacramento da Penit�ncia ou da Reconcilia��o, a f� popular ou mais esclarecida, o mart�rio crist�o, a apostasia ou seja, o renegar da f�, este filme, com uma dura��o de cerca de 159 minutos, faz-nos interpela��es sobre o nosso modo de viver como crist�os, tantas vezes com uma atitude “morna”, como nos aponta o Papa Francisco.

Fui sens�vel a este filme pela sua dureza, n�o apenas nas imagens mas, sobretudo, pelo que elas nos querem transmitir. Os planos cinematogr�ficos, pensados ao pormenor, esmagam-nos e trazem-nos sentimentos de participa��o no sofrimento de quem vive a dor e sofre o questionamento da f�.

O sil�ncio de Deus que neste filme nos pretende ser dado a perceber, � o mesmo sil�ncio que podemos questionar quando afrontamos a desola��o, ou quando vemos que h� tanto sofrimento no mundo e nos perguntamos: “Onde est� Ele?” Tantas vezes esperamos e confiamos segundo as nossas expectativas, mas afinal onde colocamos a esperan�a? J� esta semana, a Ep�stola aos Hebreus nos deixava esta interpela��o. S�o Paulo testemunhou-nos e apelou-nos � firmeza da f�. Tantos m�rtires da Igreja, ao longo dos s�culos e at� mesmo neste s�culo XXI, testemunham-nos a firmeza da f�. Mas quando est� em causa a vida dos outros, que significado pode ter uma express�o verbal ou um gesto f�sico, como m�scara do que se pode viver realmente no cora��o?

Perceber� o que quero dizer o leitor que tiver a possibilidade de ver o ‘Sil�ncio’.

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P. Nuno Ros�rio Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt