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Roma
Tirar trabalho às pessoas é “pecado gravíssimo”
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O Papa Francisco condenou as manobras económicas. Na semana em que realizou nova visita pastoral a uma paróquia de Roma, o Papa lamentou a violência sobre menores e o Vaticano anunciou que o Papa vai visitar a Colômbia. Francisco deu ainda uma entrevista a um semanário alemão.

 

1. O Papa Francisco classificou como “um pecado gravíssimo” tirar emprego às pessoas. “Quem, por manobras económicas, para fazer negócios que não são totalmente claros, fecha fábricas, empreendimentos laborais e tira trabalho aos homens, esta pessoa comete um pecado gravíssimo”, manifestou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 15 de março, no Vaticano. “O trabalho dá-nos dignidade e os responsáveis dos povos, os dirigentes, têm a obrigação de fazer todos os possíveis para que cada homem e cada mulher possam trabalhar e assim andar de cabeça erguida, olhar os outros nos olhos, com dignidade”, acrescentou. Esta declaração improvisada aconteceu quando o Papa deixava algumas palavras de solidariedade aos trabalhadores da Sky Itália, alvo de um processo de despedimento.

Antes, durante a habitual catequese, o Papa desafiou a mostrar amor pelo próximo. “Somos chamados a amar a Deus com todas as nossas forças e amar o próximo como a nós mesmos. Esta é a nossa vocação mais sublime, a nossa vocação por excelência; da sua justa vivência depende também a alegria da esperança cristã. Na verdade, é possível amar por interesse, para sermos louvados pelos outros, como se o amor fosse uma nossa criação. Ora nós, simplesmente com as nossas forças, não somos capazes de amar verdadeiramente; precisamos que o nosso coração seja curado e renovado por Cristo ressuscitado. É Ele que, não obstante toda a nossa limitação e pobreza, nos faz experimentar a compaixão do Pai: o próprio Deus vem habitar no nosso coração, ajudando-nos a ver e apreciar as coisas simples e comuns do dia-a-dia e tornando-nos capazes de amar os outros como Ele os ama, isto é, procurando apenas o seu bem”, referiu.

 

2. A paróquia de Santa Madalena de Canossa, situada no bairro Ottavia e confiada, desde a sua criação, em 1988, à Congregação dos Filhos da Caridade (Canossianos), recebeu a visita pastoral do Papa, na tarde do passado Domingo, 12 de março. Naquela que foi a 14ª visita a uma paróquia da Diocese de Roma, Francisco foi acolhido por uma multidão de fiéis e encontrou-se com as crianças e adolescente da catequese e os escuteiros. “Os palavrões não são bonitos, mas as blasfémias são mais feias ainda, nunca uma blasfémia”, recomendou o Papa. “Quando vocês virem, às vezes, os pais a discutirem, e isso é normal, vocês sabem o que devem fazer depois? Fazer as pazes e dizerem aos pais: se vocês discutirem, façam as pazes antes que termine o dia”.

Uma menina, Sara, perguntou ao Papa do que ele tem medo. “Assusta-me quando uma pessoa é má. A maldade das pessoas dá-me medo. Quando uma pessoa escolhe ser má, pode fazer muito mal. E assusta-me quando, na paróquia ou no Vaticano, há a fofoca. Vocês ouviram na televisão o que os terroristas fazem? Jogam uma bomba e fogem. A fofoca é assim. Jogar uma bomba e fugir”, alertou, prosseguindo: “Destrói tudo. E, especialmente, o seu coração. Se é capaz de lançar a bomba, o seu coração torna-se corrupto: nunca às fofocas. Morder a língua antes de dizê-las. Vai doer, mas não vai fazer mal aos outros”, alertou Francisco.

 

3. O Papa classificou a violência sobre menores como uma chaga e um grito escondido. “Rezo, e peço-vos que rezem comigo, por todos as raparigas e rapazes vítimas de violência, maus-tratos, exploração e guerras. Isto é uma chaga, um grito escondido que deve ser ouvido por todos nós e que não podemos continuar a fazer de conta que não vemos nem ouvimos”, afirmou, no passado Domingo de manhã, 12 de março, depois da oração do Angelus. Perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco decidiu deixar também um aviso: “A cruz cristã não é uma peça decorativa da casa, nem um ornamento que se usa, mas uma chamada de atenção para o amor com que Jesus se sacrificou para salvar a humanidade do mal e do pecado. Neste tempo da Quaresma, contemplemos com devoção a imagem de Jesus morto e ressuscitado por nós”.

 

4. O Vaticano anunciou, no dia 10 de março, que o Papa Francisco vai visitar a Colômbia, de 6 a 11 de setembro. A visita, realizada a convite da Conferência Episcopal e do chefe de Estado colombiano, inclui a capital Bogotá, mas também Villavicencio, Medellín e Cartagena. No comunicado oficial a Sala de Imprensa da Santa Sé é referido que o programa completo será publicado em breve. Recorde-se que a Colômbia vive um período de paz sem precedentes nas últimas décadas de história do país, após a conclusão de um acordo de paz entre o Governo e os rebeldes das FARC. A mediação do acordo contou com a participação do Vaticano e o Papa Francisco demonstrou sempre o seu apoio e interesse pelos desenvolvimentos.

Também neste dia, a Santa Sé anunciou que o Papa Francisco vai enviar um donativo de 100 mil euros para aliviar o sofrimento dos mais pobres em Alepo, na Síria. O donativo, fruto de ofertas pessoais de membros da Cúria Romana, foi enviado através do departamento do Vaticano que trata destes assuntos, em colaboração com a Custódia da Terra Santa, gerida pela Ordem Franciscana.

 

5. Numa entrevista ao semanário alemão ‘Die Zeit’, o Papa afirmou que o celibato “opcional” para os padres católicos “não é uma solução” para a crise de vocações, mas admitiu valorizar o papel dos homens casados, neste campo. Francisco referia-se em particular à proposta de ordenar os chamados ‘viri probati’ (‘homens testados’ – expressão que designa homens de confiança casados, de comprovada fé e virtude). “Teríamos de considerar que tarefas poderiam desempenhar, por exemplo nas comunidades isoladas”, referiu, na entrevista divulgada dia 9 de março.

O Papa admitiu que a quebra do número de candidatos ao sacerdócio é um “enorme problema” para a Igreja Católica e defende que é necessário “trabalhar com os jovens que procuram orientação”, tema que vai estar no centro do próximo Sínodo dos Bispos, em 2018. “Muitas paróquias estão nas mãos de mulheres dedicadas que, nos Domingos, conduzem as orações. É um problema a falta de vocações. É um problema que a Igreja deve resolver”, assinalou, sublinhando que onde não há sacerdotes falta a Eucaristia e “uma Igreja sem Eucaristia não tem força”.

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