Missão |
Cátia Pinheiro
“Nunca será uma missão cumprida!”
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Cátia Pinheiro nasceu no dia 5 de março de 1994, na freguesia de S. Miguel, concelho de Lousada. Na família encontrou sempre apoio para todos os passos, e, com este pilar fundamental, foi também caminhando na fé, no percurso normal da catequese e mais tarde como catequista.


Em 2008, recebeu o convite para pertencer ao grupo de jovens da Juventude Mariana Vicentina, do concelho de S. Miguel, um grupo que já conhecia desde a infância e que a foi cativando pelas obras realizadas ao longo do tempo.

 

“Jovens em saída”

O ano de 2010 foi um marco importante pois foi o ano do primeiro campo de missão, na casa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em Braga: “Foi uma experiência que me marcou e foi o ponto de partida para descobrir o espírito missionário. Este espírito foi crescendo noutros pequenos campos de missão, ações de voluntariado, formações e encontros com o meu próximo.” Estas experiências muito concretas de missão foram também ocasião para Cátia perceber que a fé nos capacita para aceitarmos desafios cada vez maiores. Por isso, em 2011 participou no Encontro Internacional da Família Vicentina e na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madrid, em 2013 na JMJ no Rio de Janeiro e em 2016 na JMJ na Polónia: “nestes encontros foi possível vivenciar a força juvenil, dos jovens ‘em saída’ que aceitam o convite do Papa Francisco de ‘sair do sofá’.”

A par deste percurso de fé, Cátia também encontrou realização pessoal e académica na licenciatura em Enfermagem que terminou em 2016. Para esta nossa convidada, a enfermagem é mais do que uma profissão, é verdadeiramente uma “arte do cuidar”.

 

“Renascer para a Esperança”

Ao longo do tempo foi crescendo em Cátia o sonho de partir em missão. Em 2016 surgiu essa oportunidade com a aposta renovada da Juventude Mariana Vicentina no projeto “Renascer para a Esperança” em Moçambique. “Deus quis que fossemos ao encontro do seu povo. Um povo que vive na simplicidade das suas origens, que se alegra com os dons que recebe no dia-a-dia e que nos contagia a viver o verdadeiro carisma missionário.” O sonho de partir concretizou-se numa missão de seis meses: “foi absolutamente surpreendente constatar a realidade das histórias que desde sempre ouvi com muita curiosidade e entusiasmo, e ter mergulhado nos tantos sonhos que fui construindo. Ao pisar aquela terra vermelha logo me apercebi dos aspetos culturais que se encontram bastante enraizados. Desde as crianças que brincam descalças na rua, às mamãs que carregam os bebés às costas enquanto trabalham nos campos. Percebi que são muito felizes assim e que nem se imaginavam a fazê-lo de outra forma, pois é a sua cultura.” A diferença cultural, as espectativas criadas e a verdade e simplicidade da realidade, levaram Cátia rapidamente a concluir: “as primeiras lições surgem aí mesmo, quando nos apercebemos que a felicidade não está no ter mas sim no ser, sermos nós próprios com os dons que recebemos a cada dia. Este é o povo que tem tanto com tão pouco.”

Mas nem tudo é fácil durante o tempo de missão. “Constatamos uma outra realidade, a realidade que nos faz, (a nós missionários) estar no terreno. Esta realidade é dura: a criminalidade existe! A pobreza existe! O abandono de crianças e idosos existe! O analfabetismo existe! A fome existe e a carne e o peixe tornam-se luxos que só dão para alguns e em dias de festa. E é ao lidarmos com esta realidade diariamente, que as nossas emoções se emaranham num turbilhão que não nos paralisa, mas nos move a darmo-nos e a pormos as mãos-à-obra.”

O dia-a-dia em missão é feito de pequenas alegrias, pequenos gestos e palavras simples que mudam por completo a nossa forma de pensar e de nos relacionarmos com a realidade: “era tão reconfortante sentir que podia tornar o dia daquelas crianças mais completo, que podia levar alguma alegria aquelas vovós e que podia fazer ou ensinar a fazer o pouco que para aqueles papás e mamãs era tudo. Era exatamente aí, a cada sorriso, a cada brincadeira, a cada música cantada e dançada cheia de alegria ao som do batuque, a cada ‘Mana Cátia’, a cada rosto cansado que se alegra com a nossa simples presença, que surgiam a força e determinação para continuar a dar vida à nossa missão.”

Hoje, à distância de muitos quilómetros que separam Portugal de Moçambique, Cátia partilha que “esta nunca será uma missão cumprida”. Tudo aquilo que se vive em missão transforma a pessoa. Em síntese, Cátia fala-nos destes seis meses como um tempo de “vida cheia de sentido em que por vontade de Deus, o sonho se fez obra.”

texto por Emanuel Oliveira Soeiro, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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