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Egipto: comunidade cristã abalada por novo ataque
Sangue de mártires
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O massacre ocorrido na semana passada, na província de Minya, é apenas o mais recente ataque contra a comunidade cristã no Egipto. Desta vez foram 29 mortos. Em Abril, outras 45 famílias ficaram enlutadas em dois atentados em igrejas no Domingo de Ramos. O horror parece não ter limites. Há um mês, o Papa Francisco esteve no Cairo e pediu a Deus que “converta o coração dos terroristas”…


Sexta-feira, dia 26 de Maio. Algumas dezenas de cristãos, entre os quais muitas mulheres e crianças, viajam em três pequenos autocarros na província de Minya, no sul do Egipto. Dirigem-se para o mosteiro de São Samuel, que fica situado a cerca de 135 km a sul da capital, Cairo. É uma peregrinação. Muito provavelmente, alguns estarão a rezar no momento em que algo de estranho acontece. De súbito, surgem alguns veículos, tipo ‘pick-up’, que transportam cerca de uma dezena de homens fardados. Aparentemente parecem ser soldados do exército. Aparentemente. Com uma manobra, bloqueiam os pequenos autocarros, impedindo-os de prosseguirem viagem. Num instante, saem dos carros e começam aos tiros. É o caos absoluto. Há relatos de que alguns dos passageiros, cristãos, foram forçados a abandonar os autocarros. Obrigando-os a ficar de joelhos, no chão, pediram-lhes que renegassem a sua fé. Ninguém o fez. Foram executados ali mesmo. Os autocarros foram ainda varridos com rajadas de metralhadoras. Sexta-feira, dia 26 de Maio. Pelo menos 29 pessoas morrem neste ataque infame. Homens, mulheres e crianças. É mais um ataque terrorista contra a comunidade cristã no Egipto. Muitos outros ficam feridos. Mais de duas dezenas. As imagens dos autocarros crivados de balas e com manchas de sangue e vidros partidos correm mundo nos noticiários dessa noite. Outras imagens, de ambulâncias que levam feridos para os hospitais, permitem perceber que, de facto, algumas das vítimas são crianças. Entre os que morreram, há um bebé com apenas dois anos.

 

Acto feroz de violência

Tem sido terrível a vida dos Cristãos no Egipto. Durante o fim-de-semana passado, o Papa Francisco evocou este atentado por diversas vezes. Falou num “acto feroz de violência”, lembrou que “as vítimas, entre as quais crianças”, eram fiéis “que se dirigiam a um santuário para rezar, e foram mortos depois de se terem recusado a renegar a sua fé cristã”, e pediu a Deus que “converta o coração dos terroristas”. De facto, tem sido tremenda e terrível a vida dos Cristãos neste país. Recuemos um pouco no tempo. Fevereiro de 2015. O mundo assistiu então, horrorizado, às imagens de um grupo de homens a serem degolados numa praia da Líbia. Estavam todos ajoelhados junto à água. Estavam todos vestidos de cor de laranja, com as mãos amarradas atrás das costas. Antes de serem degolados, alguns destes homens – eram todos cristãos egípcios e a maior parte oriundos da pequena e pobre aldeia de El-Aour – estavam a rezar. Um deles, no instante em que a faca começa a penetrar na pele do pescoço, deixando uma linha vermelha de sangue, estava a dizer “Jesus”, na derradeira oração antes de entregar toda a sua vida a Deus. 

 

Puro terror

Este vídeo, que correu mundo – e que foi editado pelos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico como uma peça de propaganda – é apenas um exemplo da trágica experiência da perseguição aos Cristãos no Egipto nos tempos recentes. Nos últimos meses, perderam a vida quase sete dezenas de cristãos só em atentados em igrejas. Os casos mais recentes ocorreram em Abril, no Domingo de Ramos, em dois atentados em igrejas, quase em simultâneo, que mataram 45 cristãos. O anterior ataque foi em Dezembro, quando uma explosão perto da catedral de São Marcos, provocou pelo menos 25 mortos e 35 feridos. Além desses actos de puro terror, tem-se registado também uma vaga de ataques e de assassinatos na região do Sinai, que têm provocado um êxodo assinalável da comunidade cristã local.

 

O extremismo da caridade

Há cerca de um mês, o Papa Francisco fez uma visita de dois dias ao Cairo, a capital do Egipto. Uma visita durante a qual deixou mensagens de repúdio a toda esta violência, ao terrorismo e ao ódio fundamentalista que colocou os Cristãos na mira das armas. Numa das memoráveis frases proferidas durante esta viagem – que muitos consideravam de alto risco –, Francisco disse que “o único extremismo permitido é o da caridade”. Talvez mesmo só a caridade e a misericórdia possam de facto sossegar a sociedade egípcia. O ataque da passada sexta-feira, dia 26 de Maio, veio enlutar ainda mais a comunidade cristã. Os Coptas, como são conhecidos os Cristãos do Egipto, representam apenas cerca de 10% da população do país. Eles são atacados nas igrejas, nas suas casas, nos autocarros. Estão indefesos. Estão à mercê dos terroristas, dos extremistas islâmicos. Perante tanta violência, que mais podem os Cristãos fazer do que rezar?

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