
Joana Sanches nasceu a 20 de dezembro de 1988, em Lisboa. Tem mestrado em Engenharia Geológica e de Minas pelo Instituto Superior Técnico. Desde setembro de 2014 que trabalha na GALP. É membro dos Escuteiros da Portela e esteve em missão de curta duração em Cabo Verde.
Uma vida familiar a participar na comunidade
Na sua família, sempre se foi participando da comunidade e considera que isso mudou aquilo que são. Quer ela, quer os seus dois irmãos são escuteiros e a sua mãe é Chefe do Agrupamento de Escuteiros da Portela. “Foi através do escutismo que percebi que por mais pequeno que seja o meu dom, ele deve ser posto ao serviço”, diz-nos. Os seus pais são Ministros Extraordinários da Comunhão e animadores de Cursos de Preparação do Matrimónio. “Toda esta vivência muda a família e faz com que, por vezes, negligenciemos alguns momentos em família. No entanto também abre o nosso íntimo, abre o nosso lar aos que nos rodeiam o que torna a nossa família maior e mais forte. Na dinâmica familiar foi muito importante a decisão dos meus pais, em 2005, de acolher semanalmente uma criança da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com idade próxima do meu irmão. Esse momento mudou a dinâmica familiar, pelo processo de abrir a nossa casa de forma mais permanente. Abrir e dar um pouco dos nossos pais (que são só nossos) a outra pessoa que passa a ser como irmão. Isto originou os conflitos normais entre irmãos que ocorriam com o mais novo (pela partilha de espaços, brincadeiras e atenção) e as crises que revelaram o sentido de justiça da minha irmã, pela atenção e disponibilidade dos pais. Tudo isto ao mesmo tempo que eu passava por momentos importantes do crescimento, nomeadamente o início do percurso universitário. Penso que estas dificuldades me fizeram perceber mais sobre mim, as minhas responsabilidades na família, e a necessidade de autonomia”, partilha. Em 2008 participou com o grupo Diálogos numa semana de voluntariado no Prior Velho – Terraços da Ponte. “Este momento marcou-me pela simplicidade das pessoas, pelo carinho mas sobretudo pelo impacto que se pode ter com tão pouco. E que mesmo sendo tão limitada podia ser capaz de dar e de fazer a diferença. Nesta medida pude maturar e entender melhor que é nas várias dimensões na nossa vida quotidiana que somos missão e sinal de Deus neste mundo”, partilha.
A vocação do Matrimónio
Joana fez parte da Tuna Feminina do IST e diz que a “mudou e fez conhecer pessoas muito diferentes, com valores diferentes dos meus”. “Vivi momentos difíceis e de muita alegria com aquelas pessoas, que me obrigaram não apenas a valorizar cada um, os seus valores e ideias. Também me permitiu perceber que a missão se faz no dia-a-dia, nas atitudes, na forma como vivemos cada momento em conjunto, como gerimos os conflitos e como temos em consideração o outro. O afirmar que acredito, que apesar de sair à noite também vou à missa e que isso é importante para mim, foi um passo importante no crescimento do sentido de missão.” Foi também através da Tuna que conheceu aquele que é hoje o seu marido, o Tiago, que fazia parte da Tuna Masculina. Em maio de 2009 começaram a namorar, sabendo que em setembro a Joana iria de Erasmus, o que marcou a forma como viveram o namoro, assumindo que não era um dado adquirido e que deviam construir as coisas “passo a passo”. Participaram nas Terças.com , o que os “ajudou a olhar para o tempo de namoro como construção e a perceber que sendo pessoas normais somos chamados a viver mais e viver melhor este desafio e que há muitos outros casais com quem podemos caminhar e crescer.” Casaram em outubro de 2015 e iniciaram uma Equipa de Casais de Nossa Senhora.
A Missão Cabo Verde
A Missão Cabo Verde surgiu de um desafio do Pe. Evanildo Reis, quando fez estágio pastoral (2013-2015) como seminarista na Paróquia da Portela e que durante esse período acompanhou o grupo de caminheiros e partilhou a sua experiência nas comunidades Cabo Verdianas. “Dessas partilhas surgiu a ideia de um projeto de cooperação em que o nosso grupo pudesse ir a Cabo Verde. Durante dois anos o grupo trabalhou na angariação de fundos e na definição de um projeto que fosse de encontro às necessidades locais identificadas. Para mim, fazer missão fora de Portugal foi sempre algo que me pareceu aliciante, mas onde punha algumas “condições”. Pensava que só faria sentido se efetivamente pudesse ter um propósito claro, de continuidade verdadeiramente integrado na comunidade local. Para além disto pensava que a minha missão se centrava no dia-a-dia e nas necessidades dos que me rodeiam. Por isto o desafio de ir a Cabo Verde fazer missão surgiu inicialmente como uma tarefa que como dirigente tinha que levar a bom porto e ajudar a que fosse algo vivido com verdade. Neste sentido considero que o trabalho feito foi muito um trabalho de cooperação. O agrupamento de S. Vicente está numa fase inicial e por isso a preparação de atividades em conjunto, assim como a formação pedagógica e técnica foi importante para dar ferramentas aos dirigentes. Estas ações de formação foram momentos de desafio em que a missão foi transmitir o ser escuteiro católico, sabendo das enormes diferenças que separaram o modo de viver numa ilha como S. Vicente. Também a divulgação porta a porta do escutismo católico foi um desafio e aprendizagem, por pôr à prova aquilo que nos faz ser escuteiro e ser cristão. Explicar e trazer “o outro para o nosso lado” obriga a que estejamos seguros das razões que nos levam a viver assim. A simplicidade da vida daquelas pessoas é algo que põe em perspetiva a nossa forma de estar e de dar. Senti que estava a receber muito mais do que estava a dar. Senti que estava a aprender mais do que estava a ensinar. Na disponibilidade daqueles dirigentes e daqueles jovens consegui pôr em perspetiva aquela que é a missão do escutismo na educação dos jovens. No abrir de tantas portas e no aceitar de cada alimento que distribuímos senti a verdadeira abertura da família cristã e a verdadeira humildade e simplicidade de quem dá tudo! Considero que, tendo sido uma missão de curta duração, foi um marco muito forte na minha vida, pois como pessoa ajudou-me a aprofundar a minha missão quotidiana e a fortalecer os alicerces da fé. Como grupo, sabemos que foi apenas o início de um projeto de cooperação com o agrupamento de escuteiros. Sabemos que não poderemos estar sempre lá, mas sabemos hoje que é possível sermos irmãos e ajudar-nos mutuamente. Manter o contacto e partilhar a experiencia tem sido essencial para contagiar os outros. Contagiar mudou-me, na valorização daquilo que tenho e daquilo que vivo e hoje sinto que fazer missão (nas suas diversas formas) é um caminho para Deus, é o que nos fazer viver a fé nas suas dúvidas e nas suas certezas”, partilha na primeira pessoa.
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