Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
A crise da Igreja

Hoje tornou-se um lugar comum falar da crise da Igreja. Uns gostariam que fosse mais progressista. Outros que fosse mais conservadora. Uns que lhes resolvesse o problema concreto da sua vida. Outros que se pronunciasse de um modo mais geral, tão geral que todos se pudessem rever nas suas afirmações. Uns que seguisse à letra os evangelhos e colocasse uma mó no pescoço dos pecadores. Outros que mudasse a letra dos evangelhos e Jesus fosse mais moderno e agradável ao mundo contemporâneo (ocidental, entenda-se). Como quer que seja, está declarado, por uns e por outros e, sobretudo, pela comunicação social (essa realidade só comparável aos “mercados”, de quem todos falam e ninguém sabe quem é): a Igreja está em crise.

E, no entanto, basta ler um breve manual de história da Igreja (há muitos, mesmo em português) para perceber uma coisa: nos seus 2000 anos de história, a Igreja esteve sempre em crise. Já nos Actos dos Apóstolos e no Novo Testamento isso aparece (basta recordar as mentiras que envenenaram a vida das primeiras comunidades ou, depois, a crise com as divergências acerca da circuncisão, e a crise motivada pela expulsão dos cristãos das sinagogas, e a crise por causa da heresia gnóstica — só para falar naquelas maiores, com as quais tropeçamos quase a cada momento no próprio Novo Testamento, o mesmo é dizer no espaço de 30 anos…).

Não existe nenhum século, nenhum ano, nenhum período da história em que a Igreja não se tenha encontrado em dificuldades e não se tenha encontrado a viver uma crise, qualquer que ela tenha sido. É que, de uma forma ou de outra, o Evangelho coloca em crise (ilumina e mostra a todos, julga) como o mundo se opõe a Deus — e como esse mundo está tão dentro da Igreja (quero dizer: de todos e cada um de nós)!

A Igreja esteve sempre em crise. Mas foi esta Igreja em crise, com pecadores no seu seio, sempre a necessitarem de conversão, que levou o Evangelho pelo mundo inteiro. Foi esta Igreja sempre em crise que deu forma a civilizações. Foi esta Igreja em crise que aproximou tantos de Deus — aqueles pecadores, precisamente, de quem eu gostaria de estar bem mais próximo, porque se deixaram vencer (transformar) pelo Amor, pela graça de Deus: os Santos.

Se algum dia a Igreja estivesse à espera de que todos os seus membros fossem puros e sem mancha para começar a falar de Jesus Cristo, teria ficado calada por todos estes séculos.

Os problemas que vivemos como crentes neste nosso tempo poderão parecer maiores porque são os nossos. Mas se nos deixarmos paralisar porque a Igreja está em crise, nunca chegaremos a perceber que o segredo da Igreja, aquilo que ela tem para dar, não é a pureza dos seus membros mas a santidade de Jesus Cristo.

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